Comédia “Vade Retro” estreia na Globo Portugal

Vade Retro
“Vade Retro” estreia na Globo Portugal

A vida de Celeste (Monica Iozzi), uma doce e ingénua advogada, andava pacata e tranquila até Abel Zebu (Tony Ramos), um empresário milionário, misterioso e sem escrúpulos, cruzar o seu caminho.

Cheio de segundas – e terceiras – intenções, aquele que aparenta ser a própria encarnação do mal vai fazer de tudo para corromper Celeste, mesmo com as tentativas da advogada de resistir aos seus encantos. Este é o argumento da comédia “Vade Retro”, série que pode ser vista pelos espectadores da Globo a partir do dia 22 de outubro, às 20h40.

Com um namoro morno com Davi (Juliano Cazarré), uma carreira estagnada e uma vida sem grandes emoções, Celeste torna-se o alvo ideal para Abel Zebu, um homem que não tem freios na língua, nem nas suas atitudes, fazendo de tudo para conseguir o que quer.

Sem saber ao certo onde está a meter-se, a advogada tenta resistir aos encantos e ao poder deste homem, ao mesmo tempo que  sente-se atraída por tudo o que ele tem para oferecer.

Enquanto tenta impressionar o único cliente do escritório, amigos e familiares de Celeste fazem-na passar por apuros hilariantes. É o caso, por exemplo, da sua mãe Leda (Cecília Homem de Mello) que, com toda a sua devoção religiosa tem conhecimentos para afastar qualquer coisa má do caminho, mas ainda não consegue usar um microondas, além de ter habilidade zero para manter segredos. E embora irritado com a presença da sogra na casa da namorada, Davi encontra nela uma aliada para provar que Abel é muito mais do que um sujeito sem ética que está a tentar esconder outra personalidade. 

Para Monica Iozzi, entre as principais características da Celeste está a forma como as pessoas poderão facilmente identificar-se com ela. «Isso é que o Celeste tem de mais bonito. Afinal, quem nunca se sentiu tentada, seduzida por algo? A Celeste não desconfia das pessoas e eu também tenho um pouco disso», revela a atriz.

Já Tony Ramos, responsável por dar vida ao homem de tantos mistérios, artimanhas e caráter para lá de duvidoso, comenta: «Sou um homem muito religioso, nunca me atemorizou falar do diabo. Temos que falar sobre tolerância, liberdade de expressão e géneros».

Assinada por Alexandre Machado e Fernanda Young, “Vade Retro” surge como uma comédia entre o bem e o mal, que levanta questões éticas inerentes a todo ser humano.

Pontuada por um tom sarcástico, ácido e bem-humorado, a série, que resulta de uma coprodução da Globo com a O2 Filmes, é contemporânea e tem inspirações cinematográficas.

«Usámos muito da técnica do Stanley Kubrick de one point perspective view, em que centralizamos os personagens para dar a impressão de que existe uma atmosfera de suspense em volta. Esta é uma comédia mesmo, os personagens vão morrer de medo em cena, mas, no fim das contas, é patético e engraçado», diz Mauro Mendonça Filho, diretor artístico de “Vade Retro”.

Cenografia

Para dar início aos trabalhos de construção de “Vade Retro”, os processos de pesquisa foram intensos.

A história acontece numa cidade que tem características muito semelhantes a São Paulo, mas que não é exatamente a capital paulista.

Da banda desenhada e da sétima arte, o diretor artístico encontrou em Gotham City, onde vive o super-herói Batman, uma referência para a construção de uma cidade que não existe.

«Vamos ver São Paulo assim como acontece com Gotham City: é um lugar que gente acha que é Nova York, mas não é e vamos embarcar nessa fantasia. Brincamos um pouco com o que vem do Stanley Kubrick, e com referências de São Paulo, como o Conjunto Nacional, o Jockey Club e o auditório Parlatino (Memorial da América Latina)», comenta Mauro. 

Destaque ainda para o trabalho de computação gráfica que foi feito para criar uma atmosfera sombria e fantástica na série.

O prédio onde Abel trabalha, por exemplo, tem uma cúpula mais alta, para conferir imponência ao local, assim como a sua mansão e a sua casa de campo. A expressão «o tempo fechou» é levada à letra quando o céu da cidade de ‘Vade Retro’ transforma-se de uma hora para a outra. 

Caracterização e figurino

As equipas de caracterização e figurino também realizaram uma intensa pesquisa para compor a aparência de cada personagem.

Anna Van Steen, caracterizadora de “Vade Retro”, procurou levantar os traços de personalidade de cada um para definir como seria a sua maquilhagem.

«No Abel (Tony Ramos), ressaltamos a agressividade, a autoestima elevada e o charme. Por isso ele tem o cabelo sempre alinhado, a barba arrumada e as sobrancelhas arqueadas», conta, acrescentando que utilizou tinta para escurecer a barba e o cabelo do ator, além de alguns apliques na sobrancelha.

«Com a Celeste, reforçamos o seu lado mais infantil e cómico, para lembrar que ela não é uma pessoa perfeita. Por meio das imperfeições, exaltamos a comédia: o cabelo está sempre desalinhado, a franja mal acabada, as unhas nem sempre arrumadas», completa Anna.

A atriz Maria Luisa Mendonça, que interpreta Lucy, mulher de Abel, tem traços exagerados, uma maquilhagem carregada, nada naturalista, aproximando-se muito do universo fantástico de Tim Burton.

Já Carrie (Nathália Falcão) e Damien (Enrico Baruzzi), os filhos do casal, são característicos de séries de terror: «Ambos têm pele muito branca, com olheiras; eles são lunares, góticos».

O figurino também teve como base a realidade contemporânea, mas com toques de fantasia. Por isso, a equipa de Verônica Julian inspirou-se em diversos momentos do cinema para dar o tom das personagens e criou as composições em cima de cada tipo de cinema.

«Abel representa o cinema italiano, aquele bon vivant, lembrando o Marcello Mastroianni, que é um ícone de estilo e elegância. Já a Celeste traz uma atmosfera mais francesa, lembrando traços delicados de Anna Karina, a musa de Jean-Luc Godard, e nouvelle vague», explica a figurinista.

Outras personagens também trazem referências do cinema, como é o caso de Kika (Luciana Paes), que «tem traços de Almodóvar, é um mulherão, é sensual, usa roupas que evidenciam o corpo». Para compor toda a dimensão do que será visto na série, Verônica criou cerca de 70 desenhos com as referências do que tinha a intenção de fazer.

Composta por 12 episódios, “Vade Retro” é uma das megaséries que a Globo irá exibir aos domingos, já a partir de dia 22. “A Fórmula”, “Sob Pressão” e “Carcereiros” completam o leque.