Diretor da CMTV analisa a concorrência… e arrasa TVI24

Octávio Ribeiro
Octávio Ribeiro, diretor da CMTV

Prestes a completar 4 anos de emissões, a CMTV é um dos canais mais vistos da televisão por cabo em Portugal.

Octávio Ribeiro, diretor da estação da Cofina faz um balanço positivo destes anos de existência e analisa a concorrência mais direta.

A CMTV assume-se como uma generalista de informação e vê na SIC Notícias, TVI24 e RTP1 as suas grandes rivais em termos de disputa de público.

Para o responsável, o canal é um canal de informação com entretenimento. «Quando a informação não se impõe ao entretenimento. E a TVI 24 é o quê? É a Sport TVI? É porque a TVI 24 só se aproxima de nós em audiências quando dá um jogo de hóquei em patins, seguido de um jogo de futsal, seguido de um jogo de futebol feminino. E isso é o quê? É informação? Deixo esta pergunta, com todo o respeito. Acho que há uma certa esquizofrenia, principalmente do lado da TVI 24. A SIC Notícias tem mantido mais a coerência, mas também tem momentos de enlatados, que são vagamente informativos. Portanto, cada um tem a sua proposta. A nossa foi absolutamente original e gerou reações na concorrência, algumas de grande qualidade», analisa o diretor na TV7 Dias.

O gestor da CMTV comentou o facto de José Gomes Ferreira, da SIC, ter dito que a CMTV os obrigou a  a estar mais atentos: «O José Gomes Ferreira é um extraordinário jornalista que eu gostava que estivesse no nosso projeto. A reação que gerámos na SIC Notícias foi muito saudável, mas a reação que gerámos na TVI 24 foi preocupante, por ser acéfala. Uma incapacidade de criar alguma coisa de novo. O que a TVI24 fez foi: aqui imito, aqui meto dinheiro sobre o problema».

Na análise à concorrência, a opinião acerta da TVI24 é a mais dura: «A TVI24 está à deriva. Tão depressa está a dar o futsal no Fundão como um debate de políticos sobre a colonização de Marte. Há uma grande ignorância na liderança da informação da TVI».

Quanto à RTP3 e na opinião de Octávio Ribeiro, a situação é diferente: «A informação da RTP está a passar por uma fase muito saudável, de independência, e que obviamente tem a ver com a personalidade do líder da direção, o Paulo Dentinho, e certamente dos outros líderes da direção. Portanto, a RTP 3 manteve um rumo que me parece que é o rumo certo para um canal que tem de servir o público no sentido de serviço público». E continua: «O serviço público, para ser bem desempenhado, bastava-lhe um canal em Portugal, um para África, com desígnios claramente na área da diplomacia, e um canal para a diáspora. Chegava e sobrava Agora, face a esta chuva de canais, que foi sendo criada pela incompetência de vários governos e administrações, o que se está a passar na informação da RTP é muito meritório e tem muita qualidade. Se a RTP não for um farol de resistência a determinadas tendências populistas a que as privadas não podem resistir, se a RTP não for esse travão, então existe para quê?»

As críticas à TVI não vêm de agora. O jornalista esteve vários anos em Queluz de Baixo e conhece bem os cantos à casa. Há um ano, numa outra entrevista, também foi muito crítico em relação à TVI. «Essa entrevista [há um ano] surgiu num contexto de resposta a algumas afirmações quase insultuosas, que vieram do lado de um responsável da TVI. Acho que o clima não está tão crispado, mas não vejo razão nenhuma para tirar uma vírgula ao que disse há um ano», terminou à TV7 Dias.