Goucha mostra-se orgulhoso com o “MasterChef Portugal”

Estreou esta noite o novo “MasterChef Portugal”, apresentado por Manuel Luís Goucha. Após o primeiro episódio, o apresentador revelou no seu blog, o quão orgulhoso está em participar neste projeto da TVI:

Uso dizer que entrei na televisão pela porta da cozinha. E assim foi com programas meus, como “Gostosuras e Travessuras” e “Sebastião come tudo”, onde as receitas eram pretexto para fazermos a festa com estórias e canções.

Depois andei por “Portugal de faca de garfo”, à procura do receituário tradicional que marca as diferenças entre regiões, por isso rico e variado. Fiz ainda crítica gastronómica no “O Jornal” de boa memória e editei vários livros de receitas.

Estava longe, porém, de imaginar que, muitos anos depois, seria convidado a integrar o júri do programa Masterchef, a maior competição televisiva onde a cozinha é o ingrediente principal. O palmarés do programa é qualquer de impressionante: foi produzido em 48 países e emitido em 126. Nesta edição portuguesa, são oitenta os elementos que integram a equipa de conteúdos, edição, produção e realização. Número a que não estaremos muito habituados, também por isso não será por falta de ovos (meios, engenho e dedicação) que não se fará esta omeleta.

Confesso o temor que senti perante o desafio, materializado em noites mal dormidas e crises de ansiedade. Teria de encontrar um registo diferente de apresentação, que nada tivesse a ver com o das estouvadas manhãs ou o da noite, em programas de talentos, mas que não atraiçoasse o meu jeito de ser. Ele surgiu, como que naturalmente (acho que é a Vida a cuidar de mim) naquele palco no Terreiro do Paço, no “mega casting” de quinhentos candidatos e ao lado dos meus colegas jurados: chefs Rui Paula e Miguel Rocha Vieira. E acabaria por se cimentar nos dias seguintes, nas provas de selecção. Frontal, cuidadoso, terno, irónico… Tudo qb (quantidade que baste) será a minha receita para os próximos sábados.

Ao todo, foram quatro dias intensos, em que escutámos estórias de vida e anseios e em que provámos primeiro cinquenta e uma receitas (muitos “risottos” e outros tantos “maigrets”, convenhamos que alguns intragáveis), tantos os seleccionados no Terreiro do Paço, e depois mais trinta já na terceira e última fase de selecção, no Lx Factory.

Da segunda fase de selecção, guardo na memória a humildade e sensibilidade do Victor, trabalhador da construção civil, qualidades que, contudo, não foram suficientes para lhe garantir passagem para a etapa seguinte. Já o Pedro vindo, propositadamente, de Londres para o efeito irritou-nos pela arrogância da sua falação (atirou-nos, atabalhoadamente, com “Escoffier”, “flambée”, entre outros francesismos), como que a legitimar a mixórdia que nos apresentou. E as lágrimas da Eva, repetidas em desespero na terceira fase de selecção, quando, cedendo à pressão da prova com tempo contado, não conseguiu elaborar uma receita onde o pão fosse estrela maior.

Esse era, aliás, o desafio que decorreu no Lx Factory. Uma homenagem ao pão, um alimento tão do quotidiano e porém tão versátil. Claro que já se esperavam açordas e migas, mais ou menos perfumadas. Mas houve quem não mostrasse discernimento algum perante o desafio e mais não tivesse feito que uma sanduíche ou um prego no pão. E se nós esperávamos muito mais deles!
Claro que, a “puxar a brasa à minha sardinha”, estranhei a falta de sugestões mostradas ao nível da doçaria. Ficaram-se três ou quatro pelas rabanadas, fatias douradas ou fatias de parida, que é tudo a mesma coisa, e ninguém se lembrou de alguns verdadeiros expoentes da nossa doçaria conventual, como encharcadas, sopas douradas, pudins de pão e até mesmo formigos. Veremos que lambarices serão preparadas nesta competição. Ainda a procissão não saiu do adro!

Ontem no restaurante DOC, do chef Rui Paula, em Armamar, com o Douro aos pés, reunimo-nos todos para ver o primeiro programa, este que haveis visto há minutos, enquanto saboreávamos uma ementa do chef, preparada para a ocasião.

Pela primeira vez, o orgulho que sinto em fazer parte de uma equipa e de um produto suplanta a vontade em querer liderar audiências. Que trabalho magnífico de conteúdos, produção, de realização e de edição. É esta ultima que, através de doze profissionais, condensa mais de quinze horas de gravação em noventa minutos de emissão, como quem tece uma trama. Parabéns a todos e à TVI por ter acreditado na excelência do projecto e de quantos nele se envolveram. Espero que você sinta idêntico empolgamento enquanto espectador, mas o meu já ninguém mo tira.

P’rá semana há mais, na TVI e aqui.