O presidente do Benfica e candidato à reeleição vai estar esta noite para uma entrevista no “Jornal da Noite”.
A dois dias das eleições no clube da Luz e com o surgimento de um candidato (Rui Rangel), esta é a última entrevista do ainda presidente dos encarnados a uma estação generalista.
Clara de Sousa é a jornalista destacada para a entrevista a Luís Filipe Vieira. Esta noite, às 20H, dentro do “Jornal da Noite”.
PERFIL:
Luís Filipe Vieira, de 63 anos, entrou no clube encarnado como dirigente em 2001, mas foi apenas em 2003 que chegou à presidência, na qual permanece há nove anos, o que faz dele, a par de Bento Mântua (1917/1926), o presidente em funções durante mais tempo.
Em nove anos de Benfica, Vieira está ligado a alguns sucessos, mas sobretudo à ideia de ter reanimado o clube, devolvendo-lhe credibilidade, após um período muito negro, não só no plano desportivo, mas também financeiro.
Em três mandatos, com eleições em 2003, 2006 e 2009, conseguiu devolver capacidade ao futebol, pese embora os argumentos de ser o dirigente que mais investiu no futebol, com a conquista de duas Ligas, uma Taça, uma Supertaça e quatro Taças da Liga.
Com o mesmo tempo global dos seus três antecessores, Manuel Damásio, Vale e Azevedo e Manuel Vilarinho, Vieira teve o mérito de recuperar um certo hábito de ganhar, o que foi praticamente uma miragem (um título e uma taça) no período homólogo.
Para alguns isso foi pouco: Vieira continua longe das promessas de um Benfica dominador no futebol português, em que a liderança continua a pertencer ao FC Porto, com sete títulos nestes nove anos.
Também a marca do Benfica na Europa, onde o clube da Luz já foi um dos maiores, readquiriu algum prestígio, sobretudo após o afundanço em meados da década de 90, que lhe proporcionou o pior resultado europeu da sua história (0-7 em Vigo).
Nas últimas três épocas, com Jorge Jesus como treinador, o Benfica esteve sempre na Liga dos Campeões, e na última foi eliminado nos quartos-de-final pelo campeão europeu Chelsea, repetindo a campanha de 2005/06, então derrotado pelo FC Barcelona.
Este crescimento – com o expoente máximo no título de 2009/2010 – traduziu-se também na visibilidade de alguns ativos do clube, com a valorização e venda de futebolistas.
Di Maria (transferido por 35 milhões de euros) e Fábio Coentrão (30 ME), para o Real Madrid, Ramires (22 ME) e David Luiz (25 ME), para o Chelsea, Javi Garcia (20 ME), para o Manchester City, e Axel Witsel (40 ME), para o Zenit, foram alguns dos encaixes milionários da “era Vieira”.
Nas modalidades houve igualmente um renascer do clube em várias frentes, mantendo o ecletismo inerente à sua história e o facto de ser o único dos três grandes a competir no primeiro escalão das cinco principais modalidades de pavilhão (andebol, hóquei em patins, basquetebol, voleibol e futsal).
Os encarnados voltaram a ser campeões no voleibol (2004/05), no andebol (2007/08), no basquetebol (2008/09, 2009/10, 2011/12) e no hóquei em patins (2011/12), mas também no atletismo (2011 e 2012), em que não conseguiam ser campeões de masculinos desde 1996.
Na era de Vieira foi também promovida a ligação de alguma elite desportiva ao clube, em especial através do projeto olímpico e que trouxe para o clube nomes como Nélson Évora, Telma Monteiro ou Vanessa Fernandes, entre outros.
O atual presidente do Benfica tem ainda no seu percurso a responsabilidade pela campanha de novos sócios (kit sócio), que fez crescer o número de filiados e passar a ter o recorde de clube com mais adeptos pagantes no Mundo, a expansão das casas de clube, a introdução do voto eletrónico e a construção do Centro de estágios do Seixal.
Vieira não deixa, no entanto, de ser alvo de muitas críticas, sobretudo no que às finanças diz respeito, com o seu adversário nas próximas eleições a apontar para um passivo na ordem dos 426,1 milhões de euros.
Praticamente sem oposição, Vieira parte para um quarto mandato com mudanças na estrutura diretiva, nomeadamente a entrada dos “vices” José Eduardo Moniz e João Varandas Fernandes, que em anteriores atos eleitorais foram seus críticos.
Sem concorrência forte, nas suas três idas às urnas, conseguiu ultrapassar sempre os 90 por cento dos votos. Nas primeiras, com a oposição do economista Jaime Antunes e de Guerra Madaleno e, na derradeira, do empresário Bruno Carvalho.
Após as últimas eleições, o clube procedeu à alteração de estatutos, permitindo, conforme o artigo 61., que apenas possam concorrer à presidência sócios com “pelo menos 25 anos ininterruptos como sócio efetivo”, uma alteração que também lhe valeu críticas.
Na passagem pelo Benfica, Luís Filipe Vieira foi ainda uma voz quase isolada nas críticas à justiça no processo Apito Dourado, de corrupção no futebol português, mas os seus opositores optam por lhe apontar o dedo na gestão do clube.
Rui Rangel não só lhe aponta os pecados financeiros, mas considera que o Benfica entrou numa via “não democrática”, em que o atual presidente opta por uma «lei do silêncio» e evita o debate de ideias, numa filosofia contrária ao passado do clube.
Nos próximos tempos, uma das medidas mais importantes a gerir pela nova Direção será a negociação do contrato de direitos de transmissão televisiva dos jogos do Benfica, cujo contrato com a Olivedesportos expira em 2013.
Zapping, com Lusa