«É nosso objetivo substituir os seriados, que são novelas envergonhadas, por séries, na medida em que seja possível ao nível orçamental, já que é muito mais caro produzir séries.» Esta é uma das metas traçadas por Nuno Artur Silva, administrador da RTP com pelouro dos conteúdos, e que foi anunciada no Segundo Encontro de Produtores Independentes de Televisão, realizado ontem no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.
A novela, o único género que considera ter conseguido «criar uma indústria», «secou tudo à volta». «O domínio eucaliptal da novela, o predomínio da indústria do entretenimento ligeiro e o facto de não haver casamento entre o cinema e a televisão fazem que não haja uma indústria de produção independente audiovisual em Portugal», referiu. Outra das questões que criticou foi o facto de as novelas portuguesas «terem modelos semelhantes», seguindo o padrão «latino-americano sentimental».
Nesse aspeto, Nuno Artur Silva revelou que a RTP pretende apostar naquele que é «o género nobre do produto audiovisual»: a ficção. «Não confundir a ficção com novelas. O género nobre são as séries, os filmes e os documentários. E há ainda outro que são os grandes formatos de entretenimento», alertou.
O ex-diretor-geral das Produções Fictícias mostrou-se ciente de que esta mudança «vai ter um custo que não é financeiro, é de grelha e de antena». E prosseguiu: «Vamos ver se conseguimos fazer esta mudança com os custos que isto implica em termos de mudança de paradigma da RTP.»