Quem é quem? Algumas personagens de “Na Corda Bamba”, a novela da TVI

Olívia (Maria João Bastos)

Quando eu vim pra Portugal o objetivo era ter uma vida tranquila. Troquei o Rio de Janeiro por Lisboa porque nunca fui fã de praia e daquela vidinha carioca de samba, suor e cerveja. A cidade maravilhosa é um grande balneário decadente. Cansei! O Leo, meu filho, apesar de pequeno, disse que não vinha. Até parece… Desde quando é que a cria manda na sua progenitora? Aqui em Portugal eu sou uma interior designer de renome. Bom gosto custa caro. Quem tem carteira pra me pagar sabe que vai ter uma casa invejada pelos amigos. Mas se você está pensando que a minha vida é desafogada, está enganado. Minhas bolsas Louis Vuitton, uma diária no Plaza Athénée e uma passagem de primeira classe até a Polinésia Francesa custam muito, mas muito mais do que eu ganho. Como qualquer mulher inteligente, consciente das suas armas, eu faço as escolhas corretas pra ser feliz. Um dia você vai saber quais foram. As coisas acontecem por uma razão. Quem sou eu pra questionar as conspirações do universo? Se bem que algumas vezes as coisas não batem certo. O cosmos não devia estar muito bem da cabeça quando enviou a minha sobrinha, a Carolina, pra Portugal. Essa Christiane F. só trouxe problemas na bagagem. A minha irmã, Marília, e o meu cunhado, Gilberto, são as últimas pessoas no mundo que eu quero aborrecer. A vida dá muitas voltas, e se os meus cálculos estiverem correctos, a fortuna deles ainda vai ser gerida pelo Leo. Sim, porque do jeito que aquela filha deles se droga, ou ela vai parar na cadeia, ou no cemitério, não estou vendo uma terceira opção. Claro que eles não sabem de nada e eu também não vou abrir a minha boca, deixa a vida seguir o seu curso. Por causa da Carolina, o meu caminho vai se cruzar com o da Lúcia e do Pipo. A idiota vai acabar grávida. Preciso continuar ou você já viu o final desse filme? Sim, é claro que esse bebê vai acabar nas mãos da Lúcia. A partir daí, a nossa vida nunca mais será a mesma.

Leonardo Galvão (Frederico Barata)

Como é que eu hei-de explicar o que é ser filho da dona Olívia… A decoração lá em casa até pode ser top, mas eu sinto-me num quartel. É insuportável ter uma mãe general. Por exemplo, eu sou Gestor de Redes Sociais. Crio sites, administro contas de empresas no Instagram, Facebook… Mas para a minha mãe, isso não é uma profissão, é um passatempo. Eu devia era ser astronauta, levava-a para a Lua e deixava-a lá esquecida. Não me interprete mal, eu gosto muito dela e respeito-a, mas é difícil contrariar uma pessoa que tem a sua própria verdade universal. Nós praticamente só nos temos um ao outro, por isso eu tento evitar conflitos. Mas ser uma marioneta no “Dona Olívia Reality Show” não é para qualquer um. Como sabe, a minha prima, a Carolina, tem um problema com drogas. Eu faço tudo para a ajudar, tal como a minha mãe faz tudo para nos afastar. Quando a Carolina morrer, os meus tios vão voltar a Portugal. E quando souberem que têm uma neta perdida algures no planeta, tudo vai mudar na nossa família. A minha mãe vai fazer de tudo para essa criança não ser encontrada, mas eu… vou ajudá-los.

Carolina (Cristina Lago) 

Facto: se eu tivesse forças, já tinha largado as metanfetaminas. Já tentei, mas elas vencem sempre. Quando você cresce numa casa onde não falta dinheiro mas falta sanidade, ‘tá tudo explicado. A minha mãe, Marília, e o meu pai, Gilberto, têm uma relação muito peculiar. Eu prefiro nem comentar como era tóxico o ambiente lá em casa. A relação doentia deles resulta apenas para os dois, eles que expliquem a logística desse casamento. Atenção, eles não brigavam o tempo todo, as ofensas eram lançadas em mísseis munidos de sarcasmo e ironias. O resultado desse terrorismo psicológico sou eu. Quando o vício se tornou mais intenso, eu decidi vir para Portugal. E porquê? Pra não dar bandeira. Se meus pais descobrissem que destino eu estava dando ao dinheiro deles, a torneira ia fechar. Como minha tia Olívia e meu primo já estavam vivendo aqui, arranjei a desculpa que queria fazer um curso de fotografia em Lisboa. Se dependesse da minha tia, eu não existiria, muito menos a minha filha. Eu até tinha me prometido que, depois que ela nascesse, eu ia sair desta vida, ia ser uma boa mãe… Mas por uma dessas infelizes coincidências, quando a minha água rebentou, eu estava onde não devia. E quem é que me aparece? A Lúcia. No meio daquele desespero, sem eu me dar conta, ela sumiu com a minha filha. Mas esse drama não vai ficar por aqui. Quando eu estiver no hospital, entre a vida e a morte, vou contar tudo aos meus pais. O inevitável acontece e eu acabo por morrer. A partir desse momento, eles não vão sossegar enquanto não encontrarem a neta. É tudo o que lhes resta. A Lúcia que se prepare.

Marília Montenegro (Lucélia Santos)

Eu sou da geração em que uma mulher, de boas famílias como a minha, acreditava que só seria feliz casando com um bom partido, tendo filhos, constituindo família… Eu consegui isso tudo e, no entanto, sou profundamente infeliz. O homem que me prometeu amar para o resto da vida só ama a si próprio. A minha filha, que era o meu maior bem, está morta. Foi preciso enterrá-la para saber quem ela realmente era. A minha neta, que eu nem sabia que tinha, talvez eu nunca conheça. Financeiramente, eu não posso me queixar. Sou muito rica, sim, o que eu quero comprar, eu compro. Mas o que eu preciso não está à venda: amor! Se você está pensando que eu fico chorando pelos cantos com ar de Maria das Dores, que todas as mazelas do mundo desabam sobre mim, engana-se. Sou uma mulher forte. Confesso que estou cansada, mas nesse momento da minha vida eu não posso permitir que o desânimo acabe comigo. Eu tenho certeza que ainda vou ser feliz com a minha neta. A vida está me dando essa oportunidade e eu não vou desperdiçar. Não sei se o Gilberto vai fazer parte deste novo capítulo… Eu que já não suportava nem a sombra dele, de repente me permito voltar a ter ilusões. E como na minha vida nunca ninguém foi transparente comigo, o nosso motorista não vai ser exceção. Sabe quem ele é? O Pipo. Não é que a Lúcia deu um jeito de nós o contratarmos? Ele vigiará todos os nossos passos. E vai fazer de tudo para que nós nunca encontremos a sua filha Ritinha… Quer dizer, a minha neta! O mal não pode vencer o bem. Assim espero.

Gilberto (Edwin Luisi) 

A Marília, minha mulher, sempre teve ciúmes da minha relação com a Carol. Dizia que eu mimava demais a nossa filha, fazia todas as vontades dela… Até pode ser verdade. Eu não vou negar que fui um pai demasiado permissivo, mas os negócios e as mulheres sempre ocuparam muito o meu tempo. Não tenho orgulho em dizer, mas amor também se compra. Eu queria que a minha filha gostasse de mim. Que pai não quer isso? Já a minha mulher, eu posso enterrá-la em diamantes que ela vai continuar me odiando. Explico: o meu fraco sempre foi o sexo oposto. Quando conheci a Marília e nos casámos, até pensei que o Casanova dentro de mim morresse. Mas não, ele só estava em coma e acordou pouco tempo depois. A monogamia é um tédio. Você se imagina comendo só arroz com feijão pro resto da vida? Vai negar uma lagosta suada, uma picanhazinha mal passada? Mas sabe como é: nós, homens, somos péssimos para esconder romances proibidos. Quando a Marília descobriu a minha primeira traição, eu lhe jurei que não ia voltar a acontecer. Depois da décima, já não dava para jurar nada. De certa forma, para uma mulher que já não sentia nada por mim, era um favor que eu lhe fazia não a procurar mais. Porém, a nossa relação vai mudar completamente depois da nossa filha morrer. É triste que seja preciso um acontecimento tão trágico para percebermos que afinal ainda sentimos algo um pelo outro. A morte da Carol vai me transformar num homem intolerante. Enquanto eu não encontrar minha neta, não vou sossegar, e não há mulher nenhuma que me desvie desse foco.

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