QUESTÃO Z: “As mudanças na direção da RTP vão trazer mais serviço público?”

A RTP está a mudar. Daniel Deusdado assume a direção de programas, Paulo Dentinho assegura a informação, Virgílio Castelo será o responsável pela ficção, enquanto Júlio Isidro e Fernando Alvim vão estar à frente da RTP Memória. Mas a dúvida que se impõe é: Será que teremos mais serviço público?

Esta semana alargamos o nosso leque de comentadores para cinco e contamos com a opinião de Rui de Sá, comentador residente da rubrica, Marta Fernandes, atriz de ‘Chiquititas’ e ‘Os Nosssos Dias’, José Neto, ator e encenador, Alexandre Hachmeister, realizador e produtor da SP Televisão, e José Raposo, membro do nosso fórum e conhecido como climatico.

votações

 

Fique agora com as opiniões desta semana.

 

Rui de Sá_2

 

Rui de Sá, ator:

“Gostaria de começar por referir que a riqueza de um Estado não se encontra no seu PIB, mas sim no grau cultural do seu Povo. Tem a RTP, nesta situação uma enorme responsabilidade e obrigação, pois essa mesma Cultura que poderá enriquecer todo um Povo e toda uma Nação, pode e deve através da mesma ser difundida e divulgada. Por muitas que sejam as Administrações e Direções que passem pela RTP, um verdadeiro Serviço Público só poderá ocorrer na estação se existir da parte do Estado, através dos Governantes, uma verdadeira vontade política para que tal suceda. Num País onde sempre, agora mais que nunca, a Cultura é menosprezada, para não dizer espezinhada, será que haverá interesse num verdadeiro Serviço Público? Será que a TVI e SIC, sendo Privadas, não estarão já a prestar um melhor Serviço Publico que a própria RTP? Bem… Isto de privado ou não privado também se vai tornando relativo, visto que os programas da manhã e da tarde da RTP já estarem entregues a Produtoras Privadas. Onde eu acho que na RTP se continua a fazer um excelente Serviço Público é nas Dobragens de séries infanto/juvenis, claro que eu sendo director de Dobragens na RTP e para a RTP tinha de puxar “a brasa à minha sardinha”. Bom e agora, no final é que respondo diretamente à questão desta semana: Não, não acredito que alguma coisa vá mudar em relação ao que já está com uma nova Direção… Mas… No entanto, mudarei de opinião se pelo menos, durante a vigência desta Direção a RTP voltar a emitir, pelo menos uma vez por semana uma Peça Teatral com Atores Portugueses. Viva o Serviço Público… Peço desculpa… Mas ele existe?”

 

Marta Fernandes

 

Marta Fernandes, atriz:

“É muito difícil fazer previsões mas, eu espero que faça parte da estratégia da nova direção oferecer uma programação o mais diversificada possível, de forma a cativar todas as parcelas da população. A antiga direção tinha um projeto muito interessante ao nível da ficção nacional. Contrariamente ao que acontecia nos últimos anos, a RTP tinha conseguido, com produtos como “Bem-Vindos a Beirais”, e a novela da hora do almoço, conquistar um lugar nas rotinas diárias dos portugueses. Recuperou dois horários, há muito monopolizados pelas estações privadas. Para mim, enquanto atriz, são boas notícias, uma vez que estamos a falar de mais produção, logo mais trabalho. Espero ansiosamente por saber o que irá acontecer com a ficção e o entretenimento na estação pública.”

 

José Neto

 

José Neto, ator e encenador:

Em primeiro lugar, conviria definir de uma vez por todas em que consiste serviço público. Em segundo lugar, por mais que se diga que não, a direcção da RTP tem estado desde o primeiro mandato de Cavaco Silva ao serviço do governo que estiver. Portanto, seja quem for o diretor, irá alinhar com os desígnios do governo que estiver.”

 

Alexandre Hachmeister

 

Alexandre Hachmeister, realizador e produtor:

“Sempre me questionei sobre o verdadeiro sentido de serviço público. Acredito que uma programação diversificada permite um maior poder de escolha para quem segue a televisão. Quando existem alterações nas direções das estações, é como se existisse uma obrigação natural em mexer na programação. Mas tornasse muito difícil, pela complexidade orçamental das estações, desequilibrar o contexto publicitário nas grelhas e programação. A meu ver a antiga direção desempenhou um trabalho muito difícil em tentar captar audiência, e tentar criar um equilíbrio entre as contas da estação, e diversidade nos conteúdos. Mas acredito que a nova direção, tem um grande desafio pela frente. Tentar enquadrar dentro desta programação, determinados conteúdos, de ficção, informação e entretenimento , em harmonia com a programação mais comercial que se encontra neste momento, sem ferir com as audiências, muitas vezes uma palavra tabu, mas que mostra o interesse do público pelos projetos que são produzidos. É para o público português que os formatos terão que ser pensados e executados, de forma a chegar ao maior número de telespectadores. Acredito que se consegue produzir uma programação de qualidade, com projetos inovadores.”

 

José Raposo

 

José Raposo, Zapping TV:

“Em primeiro lugar é necessário saber o que é serviço público. Há uma página na RTP, dedicada as obrigações que a mesma tem que cumprir para servir o público. São alguns pontos onde se assegura, onde se apoia, onde se participa, entre outros verbos! Mas isto não responde a questão colocada. Daniel Deusdado é um bom profissional, que já conheci pessoalmente e de quem sei que vai fazer o melhor pela RTP e para a manter no bom caminho. Mas surge outra questão: O que será o serviço público para Daniel Deusdado? A isto, só ele pode responder, mas de qualquer das formas eu acho que a nova direção vai fazer um bom trabalho, assim como a direção de Hugo Andrade vinha a fazer. O que eu penso é que o caminho a seguir, destas duas direções vai ser diferente.”

Fechada a segunda edição, partimos agora para uma semana menos polémica. A Questão Z da próxima semana será: Faria sentido voltarmos a ter a categoria de Televisão nos Globos de Ouro? As votações já estão abertas no nosso fórum, no link: http://forum.zapping-tv.com/t2239-questao-z-edicao-3#317450.