QUESTÃO Z: O Festival da Canção ainda é um marco no mundo do espetáculo?

Na semana passada, realizou-se a 60ª edição do Festival da Eurovisão. 60 anos de histórias e canções que já não encantam Portugal como outrora. O Festival da Canção ainda é um marco no mundo do espetáculo?

Oito é o número de comentadores que temos esta semana. Rui de Sá, comentador residente que participa nesta quinta edição, tem a “companhia” de: Miguel Dias e Noémia Costa, atores da série ‘Bem-vindos a Beirais’, Tiago Góes Ferreira, repórter da RTP1, Victor Espadinha, ator, Isabel Angelino, apresentadora da RTP Memória e Denis Filipe, músico. Bruno Gabriel é o membro convidado desta semana pelo nosso site.

Esta semana, o SIM venceu com maioria com 56%.

Fique agora com as opiniões desta semana:

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Rui de Sá, ator:

“Não sei se o Festival da canção será ainda um marco no mundo do espetáculo. Sei isso sim que já é Património Nacional e como tal, na minha opinião deve ser cuidado, melhorado, modernizado, acarinhado e valorizado. Acho e penso que não estou errado ao dizer que não se deve participar no Festival da Canção tendo por objectivo principal uma vitória no Eurofestival. Deve-se participar sim, mas tendo em vista uma qualidade, devendo o festival ser visto como uma oportunidade de lançar novos intérpretes, autores e compositores. A Grande Senhora Dona Simone de Oliveira, a Grande “animal de palco” Adelaide Ferreira, merecem de mim e de todos os portugueses todo o carinho, reconhecimento e consideração mas acho uma grande “maldade” o que lhes foi feito este ano. Que pensa a RTP fazer no próximo festival? Colocar a concorrer António Calvário, Artur Garcia, Vitorino ou Paulo de Carvalho? Quando nos vários concursos de canções, de caça talentos exigem aos concorrentes que falem bem inglês, temas de autores e compositores estrangeiros, não terá neste Festival da Canção, a RTP que tanto se apregoa ser de Serviço Público,a obrigação de defender, divulgar e promover novos ou jovens cantores,compositores e autores? Neste momento, o Festival da Canção já perdeu o fulgor de outros tempos, mas, tal como uma terra seca e gasta depois de bem estrumada volta a dar boas sementeiras, a RTP que passe a levar muito a sério o Festival da Canção, aposte a sério em gente nova ou jovem em todas as vertentes musicais e acreditem que mais tarde ou mais cedo o Festival da Canção voltará a ser um marco no mundo do espetáculo. Mão de obra de qualidade não falta… assim saiba e perceba o que anda a fazer, quem por mérito ou cunha, se encontra ao leme da RTP para este tipo de Evento. Quer dizer… isto digo eu… não sei, sei lá…”

 

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Miguel Dias, ator de ‘Bem-vindos a Beirais’:

“Ao longo dos anos, o Festival da Canção perdeu o seu fulgor. Perdemos o glamour da Simone, a maravilha do Paulo de Carvalho, a suavidade do Carlos do Carmo. Os tempos são outros. Agora temos um festival das vaidades, em mega pavilhões, com muito efeito, muito show off, muito bailarino e as canções que são o mais importante, passaram para segundo plano. A Europa das canções agora parece uma pequena troika, onde os países fazem um favorzinho aos vizinhos. Já para não falar do grande negócio que se tornou com o imprescindível 760 telefónico. Apesar de respeitar quem hoje concorre ao nosso festival, tenho saudades do festival à antiga portuguesa.”

 

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Noémia Costa, atriz de ‘Bem-vindos a Beirais’:

“Faz todo o sentido o Festival da Canção. A música é uma linguagem Universal, um festival de canções é uma forma de homenagear a música. Desejo mais uma vez, que Portugal faça o seu melhor!”

 

Tiago-Goés-Ferreira-Questão-ZTiago Góes Ferreira, repórter da RTP1:

“Acompanho o festival desde 1993. Ainda hoje canto no duche, ruinosamente, A CIDADE (até ser dia). Peço desculpa Anabela! E faço parte de uma geração que ansiava pelas noites do Festival, em família… eram belos serões. Contudo, reconheço que o Festival passou por um pequeno deserto, o que motivou o divórcio do público português. Mas nos últimos anos, recuperou o seu fulgor, algum do seu glamour e em 2015 provou que está vivo, rejuvenescido e com uma finalista capaz de ir bem longe na Eurovisão!”

 

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Victor Espadinha, ator:

“Não. O Festival da Canção, na minha opinião, morreu! Para voltar a “respirar” teria que ser feito nos moldes antigos (na minha opinião, claro): Um concurso aberto a todos, com um júri fiável a escolher umas duas dúzias de maquetes e, selecionadas as melhores dessas duas dúzias. CD’s em envelope fechado com interprete e autores com pseudónimos.”

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Isabel Angelino, apresentadora da RTP Memória:

“O festival Eurovisão da canção continua a ser um marco do mundo do espectáculo. São milhões de pessoas que assistem às suas emissões no mundo e no local são milhares que freneticamente apoiam as suas canções preferidas vindos de todos os cantos do mundo. Para além das músicas cada vez mais se aposta no visual, na cenografia e performance que acompanha as exibições de cada participante. Tornando-o num espectáculo completo e não se limitando às músicas. Ainda não perdi a esperança de um dia conseguirmos vencer uma edição e realizar este grande espectáculo em Portugal.”

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Denis Filipe, músico:

“Bem, separando o Festival da canção da Eurovisão (Eurovision Song Contest), certamente a Eurovisão é um mega espectáculo de som e luz, é puro entretenimento mas acho que já pouco tem a ver com música. O foco vai para a roupa, para a caracterização deixando a música para “terceiro” plano, acho que o ano anterior até ganhou uma mulher com barba, é quase como usar dopping se fores um atleta. Ainda há países da Europa e agora até fora dela que dão alguma importância à sua participação na Eurovisão, tanto quem participa como quem assiste. Em Portugal isso não se reflecte, talvez porque na última década o Festival da canção passou a ser visto como uma palhaçada e um jogo de interesses. Desconfio que os portugueses não ficam eufóricos por mais uma edição do Festival da canção e que nem a trocam pela sua novela. Admito que se alguma vez fosse convidado para representar alguém no Festival da canção, que a pergunta chave seria “- Quanto ganho com isso?”, o tal jogo de interesses. O festival já nada tem a ver com a pátria, a tradição já não é o que era.”

 

Bruno Gabriel, Zapping TV:

“No meu ponto de vista, o Festival da Canção não é marco a nível nacional, porque se faz questão de o menosprezar, não só o público como a própria estação que detém os direitos. A RTP parece que faz isto a muito custo já. Já são longos anos e para ficar bem na figura, apesar de realmente não ficar, faz todos uns anos uma repescagem de cantores e procura um ou outro novo, selecionando-se uma música qualquer para representar Portugal. Noto isso. Todavia, este ano a nossa música tinha potencial, mas o historial (Homens da Luta e Susy…) e o facto de se preservar a tradição de cantá-la numa língua pouco universal, ao olhar do mundo, não perdoou, factos que se juntam ao também facto dos países do leste votarem em massa, entre si e não olharem, sequer para os outros adversários. Ou seja, uma multiplicidade de factores ajuda a que o Festival não seja um marco no âmbito português. Mas, a nível internacional o plano muda. É um festival que bastante se preza e cada país elege bons representantes, excetuando uns quarto ou cinco. É preciso reter, porém, que se elegem os vencedores, muitas vezes, não pela qualidade mas pelas posições comerciais entre os países. Mas vai na mente de cada país como pontua cada música…É marco no panorama do espetáculo para o Mundo, é um evento aguardado, com bons representantes, boas músicas e uma boa produção. Peca pela imparcialidade dos votantes. Só isso.”

 

Por esta semana, o Questão Z despede-se mas com a premissa de uma edição especial já na próxima semana com a pergunta: Acha a segunda linha de ficção da SIC uma boa aposta?