[Raio Z] Entrevista a Álvaro Faria: “É sempre muito agradável participar num trabalho interessante…”

Autor e ator, Álvaro Faria já conta com inúmeras participações em séries, novelas e peças de teatro.
‘Detetive Maravilhas’, ‘Mar de Paixão’, ‘Rosa Fogo’, ‘Sinais de Vida’ e ‘Belmonte’ são alguns dos trabalhos do autor, que já trabalhou para RTP, SIC e TVI.
Numa entrevista em que fala do seu papel em ‘Sinais de Vida’, na série ‘Bairro’, entre outros projetos, fique a conhecer Álvaro Faria em Raio Z.

Zapping: Deu vida a um médico na série da RTP1 ‘Sinais de Vida’. Como se preparou para este papel?
Álvaro Faria: A produção proporcionou o apoio de profissionais de saúde a todos os atores que interpretaram médicos e enfermeiros, tanto no período de ensaios, como durante as gravações. Por exemplo, nas cenas de cirurgia, efectuadas no Hospital da Ordem Terceira, contámos sempre com a presença de, pelo menos, uma enfermeira de bloco operatório, para nos dizer onde nos colocarmos, como pegar nos instrumentos, etc. Fui também ao Hospital de Santa Maria, fazer perguntas relacionadas com aspetos mais específicos da minha personagem. E, naturalmente, pesquisei algumas coisas através da Internet.

Z: Um dos seus filhos, na série, sofria de Síndrome de Down. Como foi a experiência de gravar com o ator Tomás Almeida?
AF: Foi excelente, pois ele é uma simpatia e tem imenso jeito para representar. Ainda recentemente estive a falar sobre o Tomás com o meu colega Filipe Duarte, que também gostou muito de trabalhar com ele, no filme ‘A Outra Margem’.

Z: Sente que a televisão reprime a deficiência?
AF: Não. Mas talvez pudesse desempenhar um papel mais ativo a mostrar que devemos aceitar os outros, mesmo quando eles são diferentes de nós. E não me refiro apenas aos que têm deficiências.

Z: A série está agora, novamente, em exibição, na RTP2. As repetições causam um desgaste de imagem dos atores?
AF: Desde que sejam com conta, peso e medida, não.

Z: O elenco contou com Dalila Carmo, São José Correia, Joaquim Horta, Rosa do Canto, Rui Neto, entre outros. Um bom elenco é a chave para o sucesso?
AF: É apenas uma das chaves. Os atores são quem “dão a cara”, mas por de trás deles está uma grande equipa, igualmente importante para o êxito de um trabalho: argumentistas, realizadores, técnicos, produtores, etc.

Z: Participou no filme ‘O Bairro’, na TVI. O que achou dessa participação?
AF: Foi pequena, pelo que não há muito a dizer. A referir apenas, como curiosidade, que foi a primeira vez em que conduzi um automóvel com mudanças automáticas. E logo uma “bomba”!

Z: A televisão está cada vez mais a apostar em séries em vez de novelas. Como avalia esta aposta?
AF: Tanto quanto me é dado a perceber, muitas das séries atuais (e não só em Portugal) são um produto híbrido, algures entre as séries de estrutura “clássica” e as novelas. É um caminho como outro qualquer. Pessoalmente, prefiro a construção tradicional, com pelo menos uma história completa em cada episódio, como era o caso dos ‘Jornalistas’, para dar como exemplo uma em que participei e que me deixou saudades.

Z: Deu vida ao advogado Amândio na novela ‘Rosa Fogo’, que foi nomeada para um Emmy Internacional. Como encarou esta nomeação?
AF: Vem na sequência de outras, acontecidas em anos anteriores. É uma prova de que a ficção televisiva portuguesa se bate já de igual para igual com o que de melhor se faz no resto do mundo.

Z: Como foi fazer parte do elenco de ‘Rosa Fogo’?
AF: É sempre muito agradável participar num trabalho interessante e contracenar com colegas que aprecio, como foi o caso.

Z: Perguntas Rápidas:
Maior Vício: Fumar
Livro/Filme/Música/Série Favoritos: ‘Memórias de Adriano’ (Marguerite Yourcenar) e ‘Ficções’ (Jorge Luis Borges), ‘Apocalypse Now’ (Francis Ford Coppola). Como género: o jazz; uma obra: a quinta sinfonia de Beethoven. Nenhuma série em particular.
Na TV não dispenso: Alguns jogos de futebol.
A pessoa que mais admiro é: Várias. Posso mencionar uma recentemente falecida: Nelson Mandela, um dos homens mais admiráveis do século XX.
Não vivo sem: Ir correr duas vezes por semana.
Não saio de casa sem: Um livro para ler nos transportes públicos.
Um dia corre bem quando: Nem tive tempo para me lembrar dos políticos que andam a desgovernar o país.

Z: Pergunta Final:
A sua vida dava uma novela? Porquê?
AF: Não dava, porque fujo sempre das intrigas, que são um dos pratos fortes das novelas.

Entrevista de Ricardo Neto
Revisão de Inês Silva