[Raio Z] Christina Batista: «A comunidade portuguesa na Austrália deu-me muito apoio» [versão inglesa]

O Raio Z viajou até ao país dos cangurus e encontrou uma australiana com raízes portuguesas: Christina Batista era uma dona de casa inspirada nos anos 50 e foi uma das concorrentes da 5.ª temporada do Masterchef Australia. Hoje a sua vida está bem diferente. Numa entrevista entre a sua vida profissional e pessoal, Christina saboreia-nos com a sua maior paixão e conta-nos como foi a sua experiência no Masterchef. Christina explica, também, a sua convivência com as comunidades de emigrantes portugueses e a sua luta em favor dos direitos dos homossexuais. (Para ler a versão inglesa, clique no botão amarelo.)

Zapping: Ficou conhecida, no Masterchef Australia, como a dona de casa dos anos 50. Mas quem é, afinal, a Christina Batista?
Christina Batista: Quem é a Christina Batista? Em primeiro lugar sou uma mãe de dois filhos lindos. Sou apaixonada por todas as coisas relacionadas com comida e moda. No geral sou uma pessoa muito fácil de lidar, mas consigo ser difícil quando é preciso sê-lo.

Z: Como começou esta paixão pela culinária?
CB: Eu cresci numa família portuguesa, como é que eu não poderia ser apaixonada por comida! Acho que, como pessoas, gostamos de comida de boa qualidade, mas acima de tudo gostamos de partilhar a comida com os nossos familiares e amigos! Eu acho que está no meu sangue.

Z: Explique-nos a importância que o Masterchef teve na sua vida.
CB: O Masterchef teve uma enorme influência sobre a minha vida e até onde esta me levou. Antes eu era mãe e dona de casa a tempo inteiro, agora sou crítica gastronómica, faço catering e sou chef embaixadora. Também comecei a fazer demonstrações de cozinha e a criar receitas para algumas marcas. Além disso, eu agora sou reconhecida na rua por desconhecidos, o que é estranho e emocionante ao mesmo tempo!

Z: Da sua participação no programa, quais os melhores e os piores momentos?
CB: Houve tantos momentos ótimos no programa, mas o que se destacou, para mim, foi quando a minha família nos surpreendeu! Ser capaz de partilhar a experiência no Masterchef com a minha companheira e a minha mãe, depois ter o meu filho a abrir as portas e ter a minha filha a correr para os meus braços… não teve preço!

Z: Terminou a sua participação no TOP 5. Qual é a sensação de ficar tão perto da vitória?
CB: Foi difícil sair tão perto da final, mas acho que sair a qualquer momento teria sido difícil. Eu estava muito feliz por ter chegado onde cheguei!

Z: Gary Mehigan, George Calombaris e Matt Preston são os jurados do programa. Qual o seu preferido? E qual deles mais temeu?
CB: O George foi o meu favorito, ele tinha sempre tempo para mim! E vamos ser sinceros, se ele não tivesse falado comigo durante o desafio do cachorro quente, eu não sei se não tinha deixado o desafio a meio! Quanto a quem eu mais temia, era provavelmente o Gary. Mas só porque ele perguntava sempre o que estávamos a fazer, o que acabava por nos deixar em dúvida, tal como aconteceu quando eu fiz a “salada César”. Mas no final de contas, eles são grandes pessoas que estão sempre a apoiar todos nós.

Z: O Masterchef Australia já foi transmitido em mais de 35 países e é das versões mais elogiadas em todo o mundo, inclusive em Portugal. Na sua opinião, o que diferencia o Masterchef Australia dos outros?
CB: Eu só vi as versões do Reino Unido e dos Estados Unidos, e eu acho que a versão australiana é a mistura perfeita dos outros dois. Tem drama suficiente, tal como nos Estados Unidos, e tem a quantidade certa de culinária, tal como no Reino Unido. E eu também acho que os australianos são muito divertidos e que isso é notável no programa.

Z: A sexta temporada de MasterChef Australia já estreou, com a participação regular de Kylie Kwong. O que pensa sobre esta temporada e quais são as suas expetativas?
CB: Estou a adorar esta temporada do MasterChef com a Kylie, ela que é um ótimo complemento ao programa! E a qualidade culinária, até agora, é de outro mundo! Tem sido ótimo ver e tenho grandes expetativas para o que os concorrentes poderão conseguir fazer!

Z: A Christina e o Andrew Prior formavam a equipa arco-íris. Que tipo de relação construiu com o Andrew? Foi importante para sensibilizar as pessoas?
CB: O Andrew e eu ainda somos grandes amigos, e embora ele viva em Melbourne, estamos em constante contacto um com o outro. Foi muito importante para mim ser aberta e honesta sobre quem eu sou. Eu não esconderia que estou num relacionamento com um homem, então porque é que esconderia que estou num com uma mulher?

Z: Nenhum estado da Austrália permite o casamento homossexual. Inclusive o Território da Capital da Austrália já legalizou o casamento homossexual, mas proibio-o menos de uma semana depois. De que forma luta pelos seus direitos?
CB: A minha família (a minha companheira, filhos, mãe e irmãs) vamos regularmente a comícios. Também falei para alguma comunicação social e tenho feito várias entrevistas sobre a igualdade do casamento. Também participei numa campanha recente da Australian Marriage Equality para a igualdade do casamento na Austrália.

Z: A adopção e co-adopção homossexual é legal em alguns estados australianos. Faz parte dos seus planos usufruir deste direito?
CB: Os meus dois filhos (Damian de 10 anos e Anabelle de 7 anos) mantêm-me, de momento, muito ocupada. No entanto não descarto a hipótese de ter mais filhos no futuro, quando os que eu tenho crescerem.

Z: Conte-nos como nasceu a sua ligação com a comunidade portuguesa.
CB: Os meus pais são da Madeira e por isso eu cresci na comunidade portuguesa daqui da Austrália. A minha família em Portugal e na Madeira têm estado muito orgulhosos de tudo o que eu consegui no programa até agora.

Z: Como é a sua convivência com a comunidade portuguesa na Austrália?
CB: A comunidade portuguesa na Austrália deu-me muito apoio enquanto eu estive nesta jornada. Este ano fui convidada para colaborar no Festival Português da Gastronomia e do Vinho em Petersham.

Z: A cultura portuguesa influencia-a na cozinha?
CB: Tanto a cultura como a gastronomia portuguesas influenciam a minha comida. Sentar à mesa e comer com os meus familiares é algo que eu incluo diariamente na minha vida. Os sabores de colorau, alho e salsa, juntamente com carne de porco, marisco, polenta e o fantástico azeite, são sabores que uso regularmente.

Z: Conte-nos os seus planos para o futuro.
CB: De momento, eu estou a escrever para o meu site www.christinabatista.com.au e para mais alguns outros sites. Também ando a fazer muitas demonstrações de culinária, juntamente com aulas, onde eu ensino pratos tradicionais portugueses, e sou também embaixadora de várias marcas e instituições de caridade. Quanto ao futuro, estou em negociações para ter o meu próprio programa e livro de culinária, e espero também ter, em breve, o meu próprio carro para transportar comida que me levará, em seguida, a construir o meu próprio café. Mas, o mais importante, estou a planear o meu regresso a Portugal com uma visita em 2015!

Z: Os portugueses são fãs do Masterchef Australia. O que tem a dizer aos seus fãs e aos seguidores do programa?
CB: Eu gostava de agradecer a todos pelo vosso amor e carinho! Vocês têm sido muito amáveis comigo e eu adoro ler os vossos e-mails de apoio! Espero estar a deixar-vos orgulhosos, e, mais uma vez, obrigado!

Z: Respostas rápidas:
Vício… Comida!
Livro favorito… Eu adoro ler livros sobre culinária, que são os que leio mais, mas também adoro um bom mistério com assassinatos.
Filme favorito… Eu vi, recentemente, o filme Chef e apaixonei-me por ele.
Música favorita… Na verdade eu gosto de ouvir música pop, qualquer coisa que me ponha a dançar!
Séries favoritas… Não é segredo que eu adoro Mad Men e Boardwalk Empire. A série Friends tem um lugar especial no meu coração, até porque é a série que eu e a minha filha gostamos de ver juntas.
Prato favorito… Isso tem de ser “Carne de porch a alentejana” (Carne de Porco à Alentejana).
Na cozinha eu não uso… Vegemite! Eu detesto aquilo, BLHEC!
A pessoa que mais admiro… É uma batalha entre a minha mãe e a minha irmã mais velha Susana. A minha mãe é uma pessoa muito forte e uma grande mãe! Quanto à minha irmã, ela é simplesmente incrível!
Não vivo sem… Cozinhar!
Não saio de casa sem… O meu batom vermelho e o meu telefone (ah e a minha carteira! Preciso sempre de dinheiro).
Um dia corre bem quando… Chego a casa, abraço os meus filhos, vejo um filme e partilho uma grande refeição com eles.

Z: Pergunta Final: A sua vida poderia dar um prato? E porquê?
CB: Eu acho que a minha resposta seria a de que não há um, a minha vida está a evoluir e a mudar constantemente. Eu uso muitos ‘chapéus’ na vida, fazendo, constantemente, malabarismos entre a minha vida pessoal e profissional.

Entrevista de: Emanuel Caires
Revisão de: Margarida Costa

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