[Raio Z] Entrevista a Cristina Homem de Mello, da novela «Mulheres»

Nascida a 25 de setembro de 1965, Cristina Homem de Mello já fez parte do elenco de vários sucessos da TVI, SIC e RTP. Um dos nomes mais sonantes e habituais da televisão portuguesa, Cristina deu vida a Teresa na novela da SIC ‘Dancin’Days’.

Divertida mas sem perder o profissionalismo, Cristina Homem de Mello submete-se ao nosso Raio Z!

Zapping: Integrou o elenco de ‘Dancin’Days’. Como foi fazer parte desta novela?
Cristina Homem de Mello:
 Estimulante fazer parte de uma equipa coesa e motivada, com o objetivo comum de dar o melhor e, sobretudo, de nos divertirmos como tantas vezes nos foi pedido pelo coordenador de projeto Manuel Amaro da Costa e da sua equipa.

Z: Acompanhou a trama original?
CHM:
 Assisti à versão original da Rede Globo quando passou em Portugal nos anos 80. Talvez por ser adolescente nessa altura e de não termos a dependência televisiva que os jovens hoje têm, tenho só algumas lembranças mas marcantes. O universo dessa novela era como a música “Somos as frenéticas” de salto alto e “leggings” dourados!!! E curiosamente lembro-me da atriz Beatriz Segall, que deu origem à Teresa Sousa Prado por ser tão irritante !!!

Z: A sua personagem, a Teresa, foi crescendo ao longo da trama. Como encarou esta situação? Dá-lhe maior gozo fazer vilãs?
CHM:
 Soube desde o início que a Teresa iria morrer, mas isso não me impediu de a desempenhar com enorme prazer. O facto de ela ser tão desagradável obrigou-me a explorar facetas desconhecidas em mim! Daí os vilões serem tão atrativos, permite que possamos exercer um lado mais obscuro da nossa personalidade sem consequências na vida real!
O facto de não a matarem foi, para mim, uma enorme surpresa. Do meu ponto de vista, demonstrou coragem e liberdade artística e, por tal, estarei sempre grata.

Z: Foi bastante elogiada pela sua participação, chegou mesmo a escrever-se que este tinha sido o seu melhor papel até agora. Sentiu este carinho por parte do público?
CHM:
 Como Teresa, o maior desafio foi o de defender a sua humanidade, mesmo que em contradição com as barbaridades que dizia e fazia! Nunca deixei de a defender e julgo que essa contradição chegou mesmo a ser cómica.
Prova disso, foi realmente o carinho do público. Apesar de a Teresa ser escandalosamente irritante, nos assuntos que a tocavam profundamente, como a família e o casamento, o que a movia eram princípios defensáveis. Chegaram a agradecer-me por mostrar que é legítimo defender o casamento apesar das infidelidades. Na brincadeira, um homem (!) avisou-me que o meu marido me enganava! Senti realmente que o público estava comigo.
Foi sem dúvida o papel com mais sucesso. Se foi o melhor, não sei. Desempenho todos com a mesma dedicação. Mas que há papéis e …papéis, há!

Z: Antes de integrar o elenco de ‘Dancin’Days’ fez parte da novela da TVI, ‘Anjo Meu’. Como é para si fazer projetos de época? É mais estimulante?
CHM:
 Chocante pensar que os anos 80 já são considerados época. Foi ontem!!
Na novela ‘Anjo Meu’ pude, pela primeira vez, sair do estereótipo de “boazinha“.
Foi um grande desafio provar que posso “baixar” na escala social e interpretar uma mulher do campo alentejana e de moralidade duvidosa. Eu diria que a Felicidade Sardinha foi o papel determinante na minha carreira. Para além de que foi uma “felicidade” e divertimento trabalhar com a Márcia Breia.

Z: O seu nome foi avançado para a série ‘À Procura de Elisa’. Acredita que esta produção ainda vai “sair da gaveta”?
CHM:
 Não sei. Mas “ficar na gaveta” é que não! Quantos mais projetos de ficção melhor. Sobretudo por ser uma série, género televisivo com o qual mais me identifico e que gostaria de ver desenvolvido em Portugal.

Z: Pode contar algo sobre quem seria o seu personagem neste trama?
CHM:
 Nunca soube muito sobre o projeto. Mas chegou a ser falado que faria par com o Fernando Luís de quem gosto e admiro muito.

Z: Esta série iria marcar o seu regresso à TVI depois de um personagem tão marcante na SIC. É importante mudar de estação de vez em quando?
CHM:
 É importante nunca fechar portas. O sucesso de uma produção, entre outras coisas, depende da escolha do elenco. Do ator certo para o papel. Apraz-me poder trabalhar com quem valoriza o meu trabalho e a minha forma de trabalhar.

Z: Qual foi até agora a personagem que mais gozo lhe deu a fazer?
CHM:
 Com a experiência, cresce a confiança e o à vontade em viver outras peles, o gozo de mergulhar em novos universos. A vertigem de “habitar” um novo “eu” proporciona uma aventura inesquecível. Quando nos deixam voar atinge-se uma qualidade de “estar vivo” muito estimulante. Felizmente foi o que senti nos meus dois últimos trabalhos em ‘Anjo Meu’ e ‘Dancin´Days’.

Z: Já sabe qual será o seu próximo projeto em televisão?
CHM:
 Faço parte do projeto ‘Último Casamento Feliz’ da TVI / Plural com muito agrado.
Interpreto Ester Pimenta, advogada em Direito da família, feminista e com três casamentos falhados: PROMETE !!!

Z: Perguntas Rápidas:
Maior Vício…café, chocolate e livros.
Livro/Filme/Música/Série Favoritos… ‘A Espuma dos Dias’ de Boris Vian, ‘As Pontes de Madison County’ de  Clint Eastwood, ‘O Piano’ de Jane Campion; Banda Sonora de ‘O Piano’, Michael Nyman, ‘Happy’ de Pharrell Williams, ‘Hero’ de Davis Bowie.
Na TV não dispenso… ‘Nurse Jackie’, ‘Downton Abbey’, ‘Lie to Me’
A pessoa que mais admiro é…sou eu.
Não vivo sem…o meu filho.
Não saio de casa sem…telemóvel.
Um dia corre bem quando…tenho tempo para tudo.

Z: Pergunta Final:
A sua vida dava uma novela? Porquê?

CHM: Porque dá muitas voltas!!

Entrevista de Ricardo Neto
Revisão de Inês Silva