[Raio Z] Entrevista a João Maneira: “‘Os Nossos Dias’ foi um dos projetos que mais gozo me deu interpretar!”

Ele é um dos jovens talentos da televisão em Portugal. João Maneira estreou-se na novela ‘Fala-me de Amor’, em 2006, e desde então não tem parado.
Com dois desafios em cima da mesa, João vai aparecer em breve na novela ‘Os Nossos Dias’ e na nova novela da SIC.
Fique a conhecer este pequeno grande talento em mais um Raio Z!

Zapping: Vai começar em breve a aparecer nos ecrãs da RTP, na novela ‘Os Nossos Dias’. O que pode dizer sobre a sua personagem?
João Maneira: Posso avançar que é uma personagem de um núcleo bastante unido (pai- José Carlos Garcia, Mãe- Maria João Abreu e Irmão- Sisley Dias). Eu sou o mais novo e, muito resumidamente, posso dizer que sou muito fechado, pouco falador, muito ligado às novas modas da Internet e jogos de computador. Para além disso, sou um jovem que adora ouvir heavy metal e veste-se como tal. Muitas voltas vão acontecer em torno desta personagem e da família Cardoso.

Z: Deu-lhe gozo integrar neste projeto?
JM: Este foi um dos projetos que mais gozo me deu interpretar, pois, para além de excelentes atores a contracenarem comigo, tive uma grande equipa, que me deu todos os apoios necessários para a realização deste maravilhoso projeto. Os atores da família Cardoso, para alám de serem muito, mas mesmo muito bons atores, eram grandes amigos e grandes companheiros de trabalho. Com o meu pai (José Carlos Garcia), que já conhecia de outro projeto também da RTP1, tive momentos que nunca mais vou esquecer, cenas em que me ajudou muito, cenas essas que vou estar sentado no sofá à espera para ver. Com a mãe (Maria João Abreu), além de cenas muito boas, em que sentia mesmo que a Maria olhava para mim como um filho, a Maria ensinou-me algo mais, algo não de trabalho, mas de personalidade, coisas que ninguém pode ensinar não sendo mãe (obrigado Maria <3). O irmão (Sisley Dias) foi com quem eu mais contracenei. Nunca tinha contracenado com o Sisley, mas foi muito fácil dar-me bem com ele, pois ele é uma pessoa muito humilde e sempre pronta a ajudar e a trabalhar. Tivemos cenas em que nos rimos bastante, sempre com grande cumplicidade, o que facilitou bastante o trabalho, e não deixo de frisar que, para um trabalho ser bem feito, é preciso termos boas pessoas a fazê-lo e esta família era isso mesmo. Grandes atores.

Z: Tem trabalhado com a SP Televisão regularmente. Sente que é já um ator da produtora?
JM: Isso não posso responder, porque ainda me falta muito para ser um ator de uma só produtora. Neste último tempo, tenho trabalhado bastante para a SP Televisão, tanto para a RTP1 como para a SIC. Foram projetos muito bem elaborados, sempre com muito cuidado na preparação das cenas. Não posso deixar de me referir à Plural, pois foi a Plural, na altura NBP, que me lançou neste mundo da Televisão. Eu sinto que não sou ainda um ator, porque para mim um ator/atriz são pessoas com experiência e formação como Nicolau Breyner, João Perry, Ruy de Carvalho e muitos outros. Eu sou um amador ainda e necessito de estudar para vir a ser um ator de um só canal/produtora. Enquanto não o sou, estou de braços abertos a todos os projetos que me são divulgados, pois é com eles que vou crescer, sejam eles de que canais forem. Mas também posso dizer que não deixo de sentir um carinho especial pela SP Televisão, pois eles são uma equipa magnífica, amorosa, que me ajudou em tudo, independentemente de ter grandes e bons amigos na atual Plural.

Z: Integrou o elenco de ‘Laços de Sangue’, onde deu vida a Marco. Como foi interpretar um adolescente pela primeira vez?
JM: Foi o primeiro desafio como adolescente e, para tal, foi necessário uma maior dedicação à construção da personagem. Esta personagem era parecida comigo em algumas coisas, coisas essas, que não foram muito difíceis de interpretar. Por outro lado, esta personagem tinha uma personalidade arrogante, rebelde, naquela fase em que os miúdos não ouvem os pais, mas sim os amigos. Não posso deixar de referir que a minha família (António Cordeiro e Sílvia Filipe) foram os pilares deste enredo. Eram gigantes na forma como me ajudavam, e me ensinavam as coisas. Simplesmente adorei trabalhar com eles. De volta à personagem, tive cenas desafiadoras na altura, cenas como andar de moto 4 (adorei apesar de conduzir desde pequeno), cenas em que estávamos bêbados, cenas de namoradas…no fundo, isso tudo foi uma novidade para mim, que estava habituado a fazer papéis mais infantis. Daí este papel ser o salto do infantil para o adolescente.

Z: Sente que estava catalogado como uma ator infantil?
JM: Sim, sentia que era catalogado com um “ator infantil”, porque como comecei muito cedo a representar (9 anos), as personagens que desempenhei acompanharam sempre o meu crescimento, e dai, estar catalogado como tal. A personagem Marco coincidiu com minha transição de criança para adolescente, tanto na ficção como na realidade.

Z: ‘Laços de Sangue’ foi o produto que relançou a ficção da SIC. Sente que a Globo foi o apoio que faltava?
JM: A SIC não necessitava nem de qualidade, nem de pessoal, nem de atores. A parceria da SIC com a Globo, a meu ver, nasceu na altura exata para se relançar na televisão Portuguesa. A Globo enviou pessoal formado para as produtoras da SIC e de ‘Laços de Sangue’, para dar uma ajuda na preparação das personagens e até mesmo nas próprias cenas. Eu, pessoalmente, estive bastante acompanhado por três grandes senhoras que me ajudaram imenso com a personagem: Carla Chambel, Inês Rosado e, vinda diretamente do Brasil, Laís Corrêa. Foram todas importantes, mas como a pergunta se dirige mais à Globo, falo mais na Lais. A Laís esteve na SP 3 meses e nesses 3 meses, provavelmente, aprendi mais do que iria aprender sozinho em 3 anos. A Laís era uma pessoa muito fácil de gostar e uma excelente profissional. Adorei trabalhar com ela e espero muito brevemente voltar a encontrar-me com ela, em estúdio ou até quem sabe num café!

Z: Em termos de construção das personagens, em que mudou o facto de esta ser uma co-produção com a Globo?
JM: Parte desta resposta já dei na resposta anterior. A Globo (Lais Corrêa), para além de me ajudar com a construção da personagem, veio trazer novos métodos, novas maneiras de interpretar um texto, novas técnicas, que para um miúdo como eu (na altura 15 anos) não sabia. A Globo também ajudou noutra matérias, matérias essas que se destinavam à produção, textos, realização, etc.

Z: Gostava um dia de trabalhar no Brasil?
JM: Quem não gostava?. Acho que qualquer ator português, e não só, gostava um dia de ter a oportunidade de trabalhar no Brasil, tanto em novela como em cinema. Não é o simples facto de ir trabalhar para o Brasil, o que implica receber mais, mas sim a aprendizagem. Acho que, qualquer um que vá representar para o Brasil sai de lá com um grande “know-how” e traz para Portugal novas ideias. Eu, pessoalmente, adorava um dia ter essa oportunidade, para enriquecer o meu “ator”. Além disso, tive muito boas experiências com o pessoal da Globo na novela ‘Laços de Sangue’, o que me entusiasmou mais nesta possível aventura à descoberta do Brasil.

Z: Estreou-se na TVI muito novo. Enquanto ator sente que houve um crescimento?
JM: Claro que sinto que ouve um crescimento, apesar de saber que ainda tenho muito para “crescer”. Ao ver-me na televisão, notei e noto sempre uma evolução de trabalho para trabalho e espero que continue assim durante muito tempo, o que quer dizer que vou estar sempre a evoluir e a ter trabalho. Esta minha crescente evolução devo à TVI (Plural) que me lançou, e que me permitiu ser o que sou hoje, e à SIC e RTP1 (ambas SP) pela sua continuidade.

Z: O seu nome é avançado para a próxima novela da SIC. Já pode dizer algo sobre a sua nova personagem?
JM: Eu próprio não sei muito sobre a personagem, está tudo em pré-produção. A única coisa que consigo dizer é que vejo este projeto com muito bons olhos, novamente uma aposta da SIC (com a parceria da Globo). Estou muito contente com este meu novo projeto, não só pelo desafio que me foi proposto, mas também pelo reencontro de “velhos amigos” e pessoal da produção que eu estimo muito. Assim como vocês sabem, este projeto vai englobar grandes atores e a parceria com a Globo vai trazer novamente a minha grande amiga Lais Corrêa, espero eu, para os estúdios portugueses.

Z: Perguntas rápidas:
Maior Vício… Sporting;
Livro/Filme/Música/Série Favoritos… “O Perfume”/ “Os Prisioneiros de Shawshank”/ Imagine Dragons/ “Prison Break”;
Na TV não dispenso… Um bom filme;
A pessoa que mais admiro é… Não admiro só uma pessoa, mas sim duas, que são os meus Pais;
Não vivo sem… Amigos;
Não saio de casa sem… Telemóvel (senão a minha mãe bate-me ehehe);
Um dia corre bem quando… O Sporting ganha.

Z: Pergunta final
A sua vida dava uma novela? Porquê?
JM: Podia dar. Porque sou um miúdo muito feliz, que apesar de ter apenas 18 anos, já passei por muitas e boas experiências. Sempre fui um rapaz muito atarefado, com muitas coisas para fazer: natação, futebol, trabalho, escola e amigos. Dava uma novela porque dou-me bem com toda a gente, conheço bastantes pessoas e seria certamente uma história muito feliz, mas com um entrave, iria ser uma novela com um máximo de 20, 30 episódios! 🙂 ehehe
PS: Para ter 300 episódios como as novelas normais, vou ter que trabalhar tanto como os grandes atores portugueses.

Entrevista de Ricardo Neto
Revisão de Inês Santos