[Raio Z] Entrevista a Mário Cunha, autor de ‘Os Nossos Dias’

Autor de projetos como ‘Nome de Código: Sintra’ ou ‘Doce Fugitiva’, Mário Cunha é um dos argumentistas da SP Televisão. O responsável pela novela ‘Os Nossos Dias’ fala hoje, ao Zapping, da trama de hora de almoço da RTP1, da SP Televisão e de outros projetos nos quais esteve envolvido.

Uma conversa com um autor viciado em internet e que não dispensa a informação em mais um: Raio Z!

Zapping: Como autor da novela ‘Os Nossos Dias’, sente que a novela reflete exatamente o estado de espirito dos portugueses nos dias de hoje?
Mário Cunha:
 Ficção e realidade nunca são exactamente a mesma coisa, como é natural. No entanto, a novela “Os Nossos Dias” tem intencionalmente um registo muito realista, pelo que procurámos ilustrar o mais possível o espírito do tempo actual em Portugal.

Z: Quando a novela estreou já tinha uma frente de episódios gravados bastante grande. Enquanto autor ouvir a opinião do público é importante para a formulação do guião?
MC:
 É importante perceber o que, mais ou menos, atrai o público em cada projecto, visto que é para o público que trabalhamos. Quando, por razões de produção ou programação, temos de escrever sem dispor desses dados, vale-nos a nossa intuição e experiência acumulada.

Z: Muitos autores dizem que quando escrevem uma novela têm quase de se enclausurar durante o tempo de escrita. O Mário é um destes casos?
MC:
 Quase… O volume de trabalho é tão grande que é difícil ter tempo livre enquanto se escreve uma novela.

Z: Hoje em dia é frequente as estações pedirem mais episódios para as tramas. Tem sempre um plano de back-up nesses casos?
MC:
 Tendo em conta a tendência actual para a grande extensão das novelas, já estamos à partida preparados para isso.

Z: Fala-se que ‘Os Nossos Dias’ poderá vir a ter uma segunda temporada. Acredita nisto?
MC:
 Acredito que tem potencial para isso, mas compete à RTP tomar essa decisão.

Z: Trabalhar na SP Televisão é diferente de trabalhar para outras produtoras?
MC:
 Cada produtora tem a sua dinâmica própria, mas julgo que em todas se trabalha com grande profissionalismo. Na SP Televisão tenho encontrado equipas muito empenhadas em dar o seu melhor, em todos os sectores: desde a escrita à pós-produção.

Z: Recentemente a RTP2 re-emitiu a série ‘Nome de Código: Sintra’. Como foi adaptar esta obra de Eça de Queirós para TV?
MC:
 “Nome de Código:Sintra” não é uma adaptação, mas sim uma série inspirada na obra “O Mistério da Estrada de Sintra”, de Eça de Queirós. Foi um desafio estimulante criar uma trama original, passada no tempo actual, que tivesse por fundo a narrativa queirosiana do século XIX e que usasse material do filme “O Mistério da Estrada de Sintra”, do realizador Jorge Paixão da Costa.

Z: Adaptar um argumento que já existe facilita a tarefa?
MC:
 Não necessariamente. Pode até ser bem mais trabalhoso quando é preciso adaptar histórias que foram escritas para outro tempo e/ou outro país.

Z: ‘Doce Fugitiva’ foi outra das tramas na qual o Mário colaborou e está a ser agora, de novo, aposta na TVI. Na altura, contou-se que a TVI pediu um produto algo semelhante a ‘Floribella’. Foi isso que a equipa tentou criar?
MC:
 A minha colaboração nesse projecto surgiu apenas nos últimos 50 episódios, pelo que não acompanhei o seu desenvolvimento inicial. De qualquer maneira, o que sei é que a TVI pediu a adaptação dum determinado original argentino e foi isso que foi feito.

Z: Já sabe qual será o seu próximo projeto em TV?
MC:
 Neste momento estou de férias e só quando regressar ao activo é que poderá haver novidades.

Z: Perguntas Rápidas:

Maior Vício… a internet.
Livro/Filme/Música/Série Favoritos… as escolhas seriam necessariamente múltiplas, por isso escolho as que me ocorrem primeiro:
Memorial do Convento (José Saramago) / Magnólia (Paul Thomas Anderson) / Roads (Portishead) / Six Feet Under (Alan Ball)
Na TV não dispenso… informação.
A pessoa que mais admiro é… não consigo destacar só uma.
Não vivo sem… música.
Não saio de casa sem… roupa.
Um dia corre bem quando… não me enervo no trânsito.

Z: Pergunta Final:
A sua vida dava uma novela? Porquê?
MC:
 A minha vida não dava uma novela…

Entrevista de Ricardo Neto
Revisão de Margarida Costa