[Raio Z] Entrevista a Noémia Costa: “Se fosse noutro país esta série [Bem-vindos a Beirais] duraria anos.”

Atriz e fadista portuguesa, Noémia Costa nasceu a 7 de maio de 1964.
Atualmente na pele de Alzira na série “Bem-Vindos a Beirais”, Noémia revela-se ao Raio Z, falando do desemprego, dos projetos que faltam em televisão e do futuro.

Uma mulher com “garra” para conhecer hoje, em Raio Z!

Zapping: ‘Bem-Vindos a Beirais’ marca o seu regresso ao ecrã. Como viveu estes últimos anos em que esteve longe da “caixinha mágica”?
Noémia Costa: Eu fui para os EUA, fiz televisão lá. Quando regressei a Portugal não tinha trabalho na minha área e fui trabalhar noutra. Não tenho tempo para ser “coitadinha”.

Z: As gravações de ‘Bem-Vindos a Beirais’ já duram há mais de um ano. Que balanço faz deste projeto e da sua personagem?
NC: Beirais foi desenhado no céu, para mim e para todos os colegas que fazem parte deste maravilhoso projeto. A Alzira é um personagem riquíssimo, é uma matriarca, é amiga do seu amigo, adora ajudar toda a gente, adora ser casamenteira, é ciumenta com o seu Manel, adora os filhos. A Alzira tem um bocadinho de mim.

Z: Sente que ‘Beirais’ ainda poderá durar anos?
NC: Se fosse noutro país esta série duraria anos. Penso que a RTP não tem nenhuma vontade de acabar com um grande êxito. Beirais é um Dallas à portuguesa.

Z: A Alzira é dona de um minimercado, casada com um homem algo machista e mãe de um rapaz que sonha ser estilista. Sente que a Alzira é o estereótipo da típica mulher portuguesa?
NC: A mulher portuguesa é uma mulher que já foi muito conservadora, fomos educadas a submeter-nos à vontade do marido. Hoje em dia já não é “tanto” assim. A Alzira faz o que ela quer, com a maneira dela de dar a volta às coisas, consegue ainda ser mimada pelos filhos e marido. A típica mulher com sabedoria consegue tudo, até que os homens pensem que mandam e não mandam nada.

Z: Estamos habituados a ver a Noémia no registo cómico. Para um ator que tem este registo, interpretar uma personagem dramática é um desafio?
NC: Já interpretei algumas personagens dramáticas no teatro e na TV, não sou cómica, sou atriz. Faço comédia, drama, farsa, musical. Como costumo dizer: dêem-me que eu faço.

Z: Já fez um pouco de tudo, desde novelas a séries, passando por teatro e rábulas em alguns programas. Qual foi até hoje o projeto que mais gozo lhe deu?
NC: Deram-me gozo e dão todos os projetos. Dou o máximo de mim, não tenho nenhum de eleição especial, são todos inesquecíveis para mim.

Z: Falando nas rábulas que fez para o “Portugal no Coração”. Como é dar vida a personagens tão distintas e com uma curta preparação e mesmo assim não perder a graça?
NC: Eu escrevia as rábulas, alterava as letras em conjunto com ‘o viola’ que me acompanhava, Nel Garcia trabalhava muito. Eu visto os personagens durante o tempo que estou em cena, tento ser o mais verossímil possível.

Z: Sente que falta à TV mais programas de comédia?
NC: Sim, mas comédia não pode ser feita por toda a gente, nem escrita por toda a gente, graça com graça dá desgraça…

Z: Muitos colegas seus encontram-se no desemprego, contudo há atores que saltam de projeto para projeto. A culpa disto está nos diretores de produção ou na falta de projetos?
NC: Quando estive desempregada, questionava o mesmo…o problema é que os atores verdadeiros estão no desemprego e isso não tem explicação possível.

Z: Além de ‘Bem-Vindos a Beirais’, em que outros projetos a poderemos acompanhar?
NC: Aprendi a não fazer muitos projetos. Beirais agora, amanhã Deus está lá.

Z: Perguntas Rápidas:
Maior Vício… fumar.
Livro/Filme/Música/Série Favoritos… Livro- ‘Crónica da mais Velha profissão do Mundo’. Filme- ‘Voando Sobre um Ninho de Cucos’, Música- ‘Just the Way You Are’, Série- ‘Bem-Vindos a Beirais’ .
Na TV não dispenso… filmes
A pessoa que mais admiro é… são os meus pais.
Não vivo sem… a minha filha.
Não saio de casa sem… telemóvel
Um dia corre bem quando… saio de casa cedo e trabalho 12 a 14 horas.

Z: Pergunta Final:
A sua vida dava uma novela? Porquê?
NC: Sim. Tem amor, família, desamor, traição, comédia, luta, tristeza, alegria e sobretudo ternura. Não tenho ódios.

Entrevista de Ricardo Neto
Revisão de Inês Silva