Zapping Entrevista: Jahde

Zapping Entrevista: Jahde

Chama-se Sandra Pereira e tem 29 anos. Proveniente de Albergaria-a-Velha, a nossa entrevistada de hoje foi a vencedora da quarta edição do “Ídolos”, exibido na SIC. Apesar de o grande público a conhecer apenas desde 2010, a paixão de Sandra pela música remonta à sua adolescência, mais especificamente em Viseu, onde fez parte da Tuna Feminina da Academia de Viseu. Mais tarde integrou diversos grupos musicais, nomeadamente os Cordas ao Cubo e Miss Fabs. Sandra Pereira acaba de lançar o seu primeiro disco a solo, “Jahde”, que corresponde também ao seu nome artístico.

1. Antes de mais, quem é a Sandra Pereira?

Eu sou uma pessoa simples, distraída, bem-disposta, sonhadora e de olhos postos no que virá, uma aquariana nata. Sou uma mulher hoje, que continua como a miúda que sonhava, e ambicionava um lugar especial no mundo, com a diferença, que hoje tenho mais experiência para o fazer. A humildade e a liberdade, em toda a sua amplitude, são os modelos que tento seguir, contudo, também erro. Faço por tirar o melhor proveito da vida, tendo bem presente, que a melhor parte de cair, é a sensação que estamos mais atentos e resistentes, quando nos levantamos.

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2. Desde há alguns meses que se dá a conhecer ao público enquanto Jahde. Porquê este nome artístico?

A Jahde posso dizer que seja o meu pseudónimo. Sabem aquela personagem que inventamos diversas vezes? Aquela que parecia mais real na infância, mas que no entanto, continua presente hoje? Livre, brava, com poderes, admirada? Bem, eu tinha uma, uma guerreira. Naquela altura não tinha o nome de Jahde, talvez tivesse um diferente todos os dias. A Jahde é senão a minha recriação desse sonho. Tem nome de pedra preciosa, porque acredito que a música vai representando todas as minhas vitórias. Isto não é inovador, mas para mim sim. E confesso que gosto do facto de um artista assumir um nome mais “delicious”, porque em certos casos, o nome próprio não consegue fazer esse papel.

3. A Sandra tornou-se conhecida publicamente com a sua participação no “Ídolos”, caça-talentos da SIC. Regressando a 2010, como foi essa experiência e o que aprendeu com ela?

O “Ídolos” vai fazer sempre parte de mim. Da minha memória e do meu percurso enquanto cantora. Fui feliz, contando com toda a pressão, ansiedade, cansaço. Diverti-me muito, essencialmente. Há momentos que me estão gravados na memória e que me fizeram sorrir muito, fizeram-me feliz, bem comigo mesma. Confesso, foi ótimo para a minha autoestima. Hoje, sinto-me a fazer um novo caminho. A minha experiência vai alargando, e eu sinto-me cada vez mais atraída em evoluir, tanto na música tanto como pessoa.

4. Das quase quinze canções que interpretou ao longo das galas da quarta edição do “Ídolos”, qual a que mais a marcou? Porquê?

Foi, sem dúvida, o “Wicked Game”. Esta música como já o disse em 2010, é uma música que gosto bastante, e hoje em dia, gosto tanto como gostava nessa altura. É uma música que me vai acompanhar na vida, sempre provocando uma sensação boa dentro do meu peito. Tenho várias que me provocam isso.

5. Depois do talent show, rumou a Inglaterra para integrar a London Music School. Que memórias guarda do tempo que lá passou?

Londres é uma cidade fantástica, preparada para jovens com sonhos, e está marcada nos meus planos do futuro. Adorei os meus colegas de turma. a oportunidade de estar em contacto com pessoas de várias partes do mundo é fantástica. A partilha de experiências, de culturas e de língua foi muito interessante. Ainda hoje mantenho contacto com alguns. Gostei dos professores, e de alguns em especial. Na altura, talvez por despiste de toda agitação que tinha levado a minha vida, penso que não aproveitei a cidade ao máximo, tudo o que ela me poderia ter oferecido. Por isso, pretendo voltar, com objetivos e metas mais bem definidos.

6. A Jahde acaba de lançar o seu primeiro disco. Para quem ainda não ouviu o álbum, o que pode esperar dele?

Este meu primeiro disco tem uma linguagem simples e direta, abordando várias sonoridades que me influenciam. Falo do que vim a falar até aqui, liberdade, verdade, força, garra. Falo também dos meus amigos, que têm muita importância na minha vida, falo de amor, e da falta dele, da paixão e do desejo. Também escrevi sobre o mundo e as pessoas. No fundo, durante estes últimos 5, 6 anos vivi e senti muita coisa que gostaria de transmitir. Este disco é isso. É claro que os meus amigos mais diretos tiveram acesso ao desenvolvimento deste trabalho, mais de perto, e portanto, mais atentos às mudanças que o meu percurso tem levado. As pessoas que me conhecem do programa podem achar muito diferente do que lá fiz, no entanto, acho que vão gostar.

7. Como foram surgindo as canções que o compõem? Tem alguma favorita?

Não me vou repetir muito, mas na fase de criação, as músicas e as letras surgiram com a experiência que fui vivendo. Muitas letras foram rasuradas, mudadas, não porque tinha mudado de opinião subitamente, mas porque tinha encontrado uma forma diferente de as dizer. Tenho várias favoritas, mas a “Empty Souls”, “Holding the Distance” e a “Life is beautiful” são as minhas do topo da lista.

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8. Porque optou por escrever em inglês?

Simplesmente, porque quero entrar no mundo da música lá fora. E o inglês é a língua que mais facilita essa entrada. O estilo que quis introduzir faz mais sentido em inglês, e, também, claro, porque gosto de cantar em inglês.

9. O que espera do futuro, agora com o lançamento do seu trabalho?

Eu espero que o meu futuro possa corresponder ao que espero dele, mas sei, que é preciso muito trabalho, dedicação, responsabilidade e caminho para andar. Todavia, não o imagino aqui em Portugal. E sinto imenso, quando digo isto. Este país rejeita cada vez mais os seus jovens e as suas ideias. Não lhes dá prospeções de futuro, e em algumas coisas, abafa o grito dos seus sonhos. Falta reconhecimento do nosso valor, mais do que no futebol. No entanto, estou confiante e disposta a ficar na linha da frente desta batalha. Acho que vou conseguir dar um passo em frente, com ajuda dos meus ouvintes.

10. Já há datas de concertos em vista que queira revelar?

Por enquanto, não podemos revelar nada. Estamos em fase de promoção, e ainda há muita coisa a ser feita. Mas na página do Facebook, todas as novidades vão sendo dadas.

11. A SIC exibe atualmente a sexta edição do “Ídolos”. Que mensagem tem para os que tentam a sua sorte, tal como a Sandra fez em 2010?

Acho que a decisão de entrar num programa destes, deve ser pensada e refletida. Todos os concorrentes, têm que ter presente, que a mudança pode ser muito grande e imediata e com isso vem também o deslumbramento, que tem que ser controlado. Ter noção do chão debaixo dos nossos pés. Mas uma vez participando, dar tudo para ganhar. Desejo-lhes boa sorte e que se divirtam, principalmente isso.

12. Para terminar, o que tem a dizer do estado do ramo da música em Portugal? Ainda se consegue viver da música? A seu ver, há mais quantidade do que qualidade?

Voltando a este assunto, acho que Portugal, ou o seu ambiente cultural, está ficar muito para trás em relação ao resto do mundo. Volto a frisar que há imenso talento cá dentro, que podia ser dado a ver ao mundo pela nossa mão. Mas isso não acontece. O que acontece, mais recorrentemente, é ser dado o reconhecimento interno, após reconhecimento externo. É preciso saber, que bons e talentosos artistas em diversas áreas, vivem mal. Viver mal, não precisa de chegar ao extremo de passar fome, mas pode passar simplesmente por andar a contar trocos para pagar renda, contas, alimentação, transportes, despesas extra, normais a qualquer outro ser humano. Isto é tendencialmente esquecido. E claro está, que nesta montra ninguém quer pousar. E vão. Levam o que tinham para dar aqui para dar em outros sítios. Há muita quantidade e há qualidade. Não consigo relativizar isso, porque para mim, a qualidade que existe, supera a quantidade de mau produto. Acredito muito nesta geração que arrisca, são eles que vão “espantar” a névoa que vem a tapar-nos a visão.

 

13. Respostas curtas:

.Cantor(a) ou grupo preferido: Tenho vários na lista de favoritos: Janis Joplin, Erykah Badu, Jill Scott, Joss Stone, Alicia Keys, Amy Winehouse, D’angelo, Dave Mathews, Peter Gabriel, Nina Simone, Ella Flitzgerald, Melodie Gardot, Lianne La Havas, Jill Scott, John Legend, Sting, Jonny Lang, Pink Floyd, Led Zeppelin, Jeff Buckley, Queen, Red Hot Chilli Peppers, Jamirquai, Johnny Cash, Snarky Puppy, Artic Monkeys, The Mars Volta. Enfim… só alguns. Gosto tanto de cada um que não consigo especificar, um, que goste mais do que todos os outros.

.Disco favorito: Acho que os meus discos favoritos, são muitos dos artistas acima mencionados. No entanto, quando ouço um disco novo que gosto, ou até mesmo que não seja novo, numa daquelas pesquisas que nos apresentam coisas fantásticas que desconhecíamos, fico a ouvir durante algum tempo em modo “repeat”. Neste momento, é o novo disco de Bill Laurence.

.O que costuma ver na TV? A televisão serve para me entreter. Quando estou a cozinhar, a arrumar qualquer coisa. Vai revezando com a música alta lá em casa. Gosto de ver de tudo um pouco, se for interessante, informativo e/ou divertido.

.A pessoa que mais a marca na vida: A minha mãe sem dúvida.

.Se a sua vida fosse retratada num disco, que estilo de música seria? A minha vida é retratada neste meu primeiro disco e será assim em todos os meus próximos trabalhos e a sonoridade acompanhará tudo isso.