Zapping Entrevista: os Aurora

Zapping Entrevista: os Aurora

Eduardo Monteiro e João Carrasqueira concorreram ao Factor X como a dupla Sidewalk; David Silva concorreu com o irmão e um amigo como o grupo D-Project; e Tiago Araújo concorreu a solo. No entanto, na 2.ª fase do bootcamp passaram a ser o quarteto “Bring us Tomorrow”, posteriormente designado “Aurora” na fase das galas ao vivo. Apesar da formação já numa fase avançada do programa, foram um dos “acts” mais populares e marcantes do Factor X e o grupo mais bem sucedido dentro e fora do programa.

Após o Top 5 do Factor X, seguiu-se uma tournée nacional que levou os Aurora a um pouco por todo o país. Festas das Cruzes em Barcelos, Ovibeja ou Festas de Amares foram alguns dos palcos por onde passaram.

No verão de 2014, lançaram o primeiro videoclip, uma versão de “Deves Estar a Chegar” da banda Oioai, que já conta com quase 60.000 visualizações no Youtube.

Regressaram ao Factor X na gala final da 2.ª temporada, para apresentar o single “Moda da Morena”, que chegou aos tops nacionais do iTunes.

Depois de uma temporada em estúdio, estão de volta com dois EPs de versões, acabados de lançar, e ainda a promessa do primeiro álbum de originais em 2016.

David, Eduardo, João e Tiago, antes de mais muito obrigado por terem aceite o convite para esta entrevista.

Zapping: O percurso dos Aurora no Factor X caracterizou-se pela reinvenção de temas da música nacional. No entanto, quer no Factor X quer na maioria dos talent shows em Portugal, canta-se quase exclusivamente em Inglês. A que acham que isso se deve?

Aurora: Se formos a ouvir as rádios nacionais do país, reparamos que apenas 30% da música passada é portuguesa. Já foi pior, mas ainda estamos a largos passos de chegar a um equilíbirio correcto. Depois, cantar em inglês é mais fácil. A variedade de interpretações que se encontram das canções internacionais facilita a participação dos concorrentes nestes programas. Um dos maiores desafios no nosso percurso no Factor X foi reinterpretar temas portugueses, alterando-os sempre à nossa imagem. Num tema inglês é mais fácil encontrar outras versões pelo YouTube fora.

Qual foi o melhor momento no programa? E o mais difícil? Para o grupo e para cada um em particular?

O melhor momento foi sem dúvida a primeira aparição enquanto grupo. Tínhamos acabado de nos agregar e apresentar para todos a nossa primeira versão – feita em menos de 24 horas – foi um momento mágico e emocionante. Não tivemos um momento “mais difícil”, mas alguns temas escolhidos pelos mentores colocavam-nos grandes desafios que, felizmente, conseguimos ultrapassar!

A categoria grupos é considerada a mais complicada do Factor X. Algo que aliás não é exclusivamente português. Por exemplo, em 12 temporadas no Reino Unido, apenas a 7.ª foi ganha por um grupo e na primeira temporada do X-Factor nos Estados Unidos nenhum grupo passou do Top 9. Porque acham que existe essa maior “resistência” do grande público aos grupos?

Acaba por ser uma categoria diferente do restante. Temos certas vantagens porque conseguimos motivar-nos mutuamente, conseguimos dar um pouco de cada um na música, o que acaba por ser muito interessante tendo cada um de nós estilos e visões diferentes. Em Portugal, acreditamos que isso se deveu ao facto de ser algo novo. E outro factor importante, é que os grupos não têm histórias de vida daquelas que deixam as pessoas emocionalmente agarradas a ti em detrimento da música que fazes. 

O Factor X começou por ser um fenómeno de audiências, na ordem de 1,7 milhões de espectadores semanais, tendo perdido algum fulgor na fase das galas, ainda assim com audiências superiores a 1,2 milhões todas as semanas. No entanto, na 2.ª série, as audiências caíram para quase metade. O que acham que faltou para o programa conseguir manter o sucesso de forma continuada?

Não somos as melhores pessoas para responder a isso, mas acreditamos que a época em que começou a ser emitida contribuiu para a queda de audiências. O fato de haver programas idênticos noutros canais televisivos distribui mais os espectadores.

Um fenómeno recente é a repetição de concorrentes entre talent shows, com candidatos, finalistas ou mesmo vencedores de talent shows passados a voltarem a tentar a sua sorte nestes formatos. Como veem esta situação? Da parte dos Aurora, já algum de vocês tinha participado noutros programas antes do Factor X?

As pessoas que lutam pelos seus sonhos, continuar a tentar, mostrando que não desistem.

O João e o Tiago participaram no “Ídolos” de 2012, tendo o João ficado no 1º casting e o Tiago na Fase do Teatro.

O percurso musical de cada um de vocês foi sempre marcado pela integração em bandas ou grupos. Consideram que isso foi uma vantagem para o vosso rápido entrosamento enquanto Aurora?

Claramente que sim. O contacto que se tem com outros músicos em banda faz-nos evoluir muito mais do que apenas se ficarmos em casa a cantar, sozinhos. A união faz a força e gostamos de pensar dessa forma.

Após o Factor X, o vosso mentor no programa Paulo Ventura passou a ser vosso manager e responsável pela edição dos vossos trabalhos, com a editora Metropolitana. Como tem sido esta colaboração?

Tem sido boa, mal saímos do programa começámos logo a trabalhar com o Paulo. Conseguimos fazer espetáculos no verão por todo o país, lançar vídeos e singles, ir à televisão, ter oportunidades que seriam muito difíceis sem a sua colaboração.

Os Aurora já atuaram um pouco por todo o país. Quais os concertos mais marcantes até à data?

Todos os concertos são especiais em aspetos diferentes de cidade para cidade, mas temos de destacar os concertos em Amares e Espinho. O público foi incrível!

Quando estão na estrada, quais são as três coisas que não podem faltar?

Não pode faltar o companheirismo, a diversão e colocar muito amor naquilo que fazemos.

E quanto à vossa base de fãs? Quais as diferenças que notam entre os vossos apoiantes no Factor X e agora na vossa atual carreira?

Temos muito a agradecer às pessoas que nos seguem, tem sido fantástico perceber o quanto a nossa música faz sentido para tanta gente. Com o passar do tempo vamos começando a reconhecer as caras destas pessoas, são sempre bastante simpáticas e seguem-nos para todo o lado. É bom sentirmo-nos necessários.

Em 2014, apadrinharam a iniciativa “Música nos Hospitais”, actualmente são embaixadores do projecto “Vive Mais Portugal”. Querem falar-nos um pouco sobre estes projectos?

Foi com enorme alegria que recebemos estes convites, tendo acedido positivamente a cada um deles. No projecto “Música nos Hospitais”, achámos que iríamos beneficiar muito com esta experiência enquanto pessoas e saber que estaríamos a fazer mais felizes aquelas crianças, que passavam por momentos terríveis, foi muito reconfortante. É fantástico partilhar e dar um pouco de nós aos outros através daquilo que mais gostamos de fazer.

Com estes projectos e também com as vossas aparições televisivas, os Aurora têm continuado de certo modo ligados à SIC. Ainda não surgiu a hipótese de ter um tema ou versão na banda sonora de um dos projectos de ficção do canal?

Gostávamos imenso de o fazer, por isso temos sempre essa esperança que um dia venha a ser possível. Quando o disco de estreia for lançado, em 2016, pode ser que algo do género aconteça. Vamos esperar para ver.

Quais consideram ser as principais dificuldades do meio musical em Portugal?

Estamos recheados de excelentes artistas mas é muito complicado singrar. É preciso ter sorte e trabalhar muito. E nunca nos podemos deixar desmotivar, isso é o mais importante!

Uma das dificuldades muitas vezes referidas é a pequena dimensão do mercado nacional. Mas o mercado da lusofonia é na verdade imenso. No entanto, quer em relação ao Brasil quer mais recentemente relativamente aos PALOP, o sentido do intercâmbio tem sido mais de importação do que exportação. A que acham que isso se deve e o que pensam que pode ser feito para inverter a situação

Nunca pensámos numa internacionalização, mas tendo em conta o número de falantes de língua portuguesa, o mercado é realmente vasto. Mas ainda são poucos os artistas portugueses que conseguem ter alguma visibilidade lá fora. O António Zambujo conseguiu-o no Brasil. É algo que vamos certamente tentar fazer quando tivermos o nosso disco em mãos. Era muito interessante a organização de festivais em espírito de inter-câmbio entre os vários países. O Rock in Rio já consegue esse feito com as colaborações de vários artistas portugueses e brasileiros, mas ainda não é suficiente.

Apesar dos obstáculos, muitos consideram que se vive atualmente um “momento de ouro” da música portuguesa, com vários artistas nacionais a liderar os Tops de vendas. O que pensam que ainda faz falta, nomeadamente a nível televisivo?

Nestes últimos anos tem-se provado que os portugueses dão valor à nossa música. Se os artistas nacionais estão nos Tops de vendas é porque as pessoas gostam daquilo que fazem e começam a dar valor à música portuguesa. Temos muitos artistas no Top porque o lugar deles é lá, porque têm talento. No campo da televisão faz falta que as regras de alguns concursos, por exemplo, obrigarem mais os concorrentes a interpretarem canções portuguesas, divulgando dessa forma a música portuguesa e valorizando os artistas nacionais.

Cerca de um ano após o fim do Factor X, os Aurora lançaram o primeiro single, “Moda da Morena”. No final de 2015 são lançados dois EPs, cada um com 4 versões. O primeiro álbum de originais está previsto para 2016. Como tem sido todo este percurso discográfico ao longo destes quase 2 anos pós-Factor X?

Tem sido uma aventura! Temos tido alguns imprevistos, como é o caso do disco de estreia, que já podia ter saído, mas decidimos adiar e fazer algo com pés e cabeça. Se temos a hipótese de lançar um álbum, queremos que este seja o mais fiel possível ao nosso ideário enquanto banda.

Ainda antes da saída do primeiro EP, no passado dia 25 de setembro Tiago Araújo, através do seu projecto a solo Telephony, lançou o álbum de música instrumental “Mayday”, produzido com o colega dos Aurora, Eduardo Monteiro. Como é que surgiu este projecto, tão diferente? E como tem sido a receção?

[Mais sobre Telephony e Mayday em: Facebook   Bandcamp   iTunes]

O Tiago tinha uma banda de pós-rock, que teve de deixar com a sua participação no Factor X. Mas foi juntando várias ideias neste campo musical e então decidiu gravar um pequeno disco com estas ideias num espírito DIY e de modo que estas ideias não ficassem na gaveta. O feedback tem sido positivo, tendo em conta que é um género para um certo nicho, tem conseguido levar a música dele até a alguns países pelo mundo fora, como Singapura, Inglaterra, Alemanha, etc.

O lançamento dos dois primeiros EPs dos Aurora foi acompanhado da iniciativa “Sextas-Feiras Loucas”: um videoclip para cada tema/single, publicado a cada sexta-feira.

EPs e sextas-feiras loucas

Mesmo a nível internacional, é pouco frequente a realização de videoclips para cada tema. Esta é uma estratégia para continuar?

Esta ideia surgiu quando decidimos que o nosso disco de estreia iria ser inteiramente composto por originais. Tinhamos gravado estas versões em estúdio e não queriamos que fossem parar à gaveta. Então decidimos lançá-las até ao final do ano, com um vídeo, compondo assim dois EPs, que significam também um fechar de ciclo no que diz respeito às reinterpretações de temas não originais.

A realização dos vídeos foi algo que decidimos fazer para ser diferente, para marcar um pouco mais. Provavelmente para o álbum será feito de maneira diferente, mas nunca se sabe.

Interpretaram 14 temas no Factor X. No entanto, à exceção de “Sete Mares”, os EPs dos Aurora são compostos por novas versões. Sentiram a necessidade de mostrar algo diferente?

Todas as outras músicas são canções que viemos a tocar na estrada, já fora do programa, por serem canções de artistas que para nós são uma referência. Estivemos a tocar as nossas canções nacionais favoritas! 

Os EPs dos Aurora contêm desde versões de grandes êxitos da música portuguesa, como “Seja Agora” (Deolinda), “Maridos das Outras” (Miguel Araújo) ou “Primavera” (The Gift), a temas menos conhecidos do grande público, como “Distância” (Cindy Kat), “Forasteiro” (Samuel Úria) ou “O Desamor” (B Fachada). Como chegaram a esta seleção de temas?

Nós não escolhemos as músicas pelo seu êxito. Escolhemos estas músicas porque são das que mais gostamos e ficaram marcadas como referências na nossa carreira. 

Os EPs #primeiro e #segundo acabam de ser lançados. Como tem sido a receção?

Tem sido fantástica. E com estes EPs conseguimos marcar uma tour de três datas em salas de espectáculos pelo país. Se as pessoas têm gostado de ouvir estas versões até agora, estamos ansiossíssimos para ver a reação ao vivo!

E em relação ao primeiro álbum de originais. O que podemos esperar?

Será uma surpresa (risos). Mas podemos esperar algumas canções num espírito motivacional, fruto das vivências da nossa idade e enquanto banda.

Já existe data de saída prevista?

Ainda não temos uma data de lançamento escolhida, mas será no primeiro semestre de 2016.

Além das vozes e da composição, os Aurora estiveram também envolvidos na escrita das letras dos temas originais?

As canções do disco de estreia serão todas compostas e escritas por nós à excepção de dois temas que já temos vindo a tocar desde o início do nosso percurso de estrada e que foram escritas pelo Pedro Pode. Como também são músicas que marcaram a fase embrionária da nossa carreira, não as vamos querer deixar de fora!

Para terminar, e focando no tema central do Zapping, existe algum tipo de projeto televisivo que os Aurora gostassem de integrar?

Nunca foi nada que tivessemos pensado ou desejado, mas era muito engraçado se  nos convidassem para fazer uma participação relâmpago numa telenovela ou num programa de talentos enquanto júri (risos).

Descobre por onde os Aurora vão passar na apresentação dos EPs #primeiro e #segundo:

Tournée de apresentação #primeiro e #segundo

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Uma entrevista de Joel Santos

Com Aurora (David Silva, Eduardo Monteiro, João Carrasqueira e Tiago Araújo)