A RTP apresentou lucros… e agora não pode despedir, dizem os trabalhadores

Ao apresentar lucros referentes a 2012, num valor que andará entre os 40 e os 61 milhões de euros, a RTP não poderá fazer um despedimento coletivo, como o presidente já ameaçou fazer, considera a Comissão de Trabalhadores, explica o Jornal Público.

O operador público de rádio e televisão apresenta o relatório e contas de 2012 nesta quarta-feira à tarde, tendo conseguido, pelo terceiro ano consecutivo, ter lucros. «Um dos pressupostos do despedimento coletivo é a situação financeira. E esse cai agora por terra. Ninguém aceitará que se despeçam trabalhadores num cenário destes», defende Camilo Azevedo, da Comissão de Trabalhadores (CT) da RTP ao jornal da Sonae.

A RTP reportou em Abril à Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) que registara um resultado líquido de 60,9 milhões de euros no ano passado. Além disso, os resultados operacionais (que advêm unicamente da operação de televisão e rádio) cifraram-se em 42,4 milhões de euros, enquanto os resultados financeiros foram de 26,2 milhões de euros.

O relatório da DGTF fala também na existência de um «swap de financiamento no valor de 57,2 milhões de euros», que poderá ter sido liquidado no final do ano passado, explicando assim os resultados financeiros. Além disso, os resultados podem ser também explicados pelo aproveitamento de uma provisão que fora inscrita no final de 2011 para rescisões que afinal não foram feitas.

Apresentando lucros, «além de desaparecer o fantasma do despedimento coletivo, desaparece também a pressão sobre as rescisões, que, aliás, estão a correr muito mal», afirma Camilo Azevedo. Segundo informação reunida pela CT, o programa de rescisões voluntárias está «a ser um fracasso», contabilizando-se «apenas algumas dezenas de pessoas».

A CT, que diz não receber, apesar dos pedidos, informação da administração sobre a empresa, critica ainda o facto de Alberto da Ponte ter anunciado que irá contrair mais um empréstimo à banca quando, afinal, «já sabia que iria ter lucros desta dimensão». E também critica que, tendo estes lucros, a administração tenha «tirado financiamento à grelha da RTP2, obrigando-a a uma presença residual nas audiências».