Valdemar Seixas (Luís Esparteiro)
Natural de Bragança, mudou-se sozinho para o Porto quando ainda era adolescente e cedo começou a trabalhar para ganhar o seu sustento e da sua família. Apesar de vir de um meio com poucos recursos, aquando da morte do seu pai, recebeu em herança umas parcelas de terreno numa zona pouco procurada do centro do Porto, mas que no futuro se viriam a revelar um excelente investimento. Infelizmente, numa arriscada aposta de poker, perdeu esses terrenos para o seu na altura melhor amigo, Augusto Rosa Neto. Ou assim afirma este e os factos ainda permanecem por provar. Mais do que isso, perdeu também a possibilidade de um futuro próspero para a sua família. Desde esse dia, e porque acredita ter sido enganado, Valdemar odeia Augusto de morte e não perde uma oportunidade para o confrontar. Viúvo muito cedo, acabou por criar os seus dois filhos, António e Humberto, da melhor forma que pôde, dando-lhes um teto e um ofício na oficina de mecânica e bate-chapas da qual é dono. A oficina da família situa-se no rés-do-chão do prédio onde vive toda a família em grande confusão e algazarra. É assim avô de Lara, Liliana e Rúben e adora os três netos, especialmente o rapaz, promissor jogador de futebol e onde deposita muitas esperanças de futuro. É sogro de Dalila e de Isaura, mas se com a primeira demonstra bastante afeto, com a última mantém uma relação tensa. Valdemar é um homem de fibra, de trabalho, duro quando tem de ser, mas generoso e amigo quando a ocasião o permite. Teimoso e rabugento, não aguenta ver gente parada sem fazer nada. Adepto ferrenho do FCP, não perde uma oportunidade para assistir a um jogo e pressiona o seu neto Rúben para que este seja a próxima estrela do clube. Com a morte trágica do seu filho mais velho, António, ainda por cima acusado de ser um ladrão de bancos, Valdemar tudo fará para provar a inocência do filho e colocar atrás das grades quem acha ser o verdadeiro culpado, Augusto Rosa Neto. Mas este não será o único desafio, uma vez que o seu arqui-inimigo tem uma surpresa guardada que poderá abalar de vez a vida de toda a família Seixas. Augusto consegue deitar mão ao prédio que Valdemar arrenda para a família e oficina e pretende despejá-los para construir um hotel. Valdemar encara isto como um ato de humilhação e vingança e está determinado a levar tudo à frente para defender os seus. Para o ajudar a superar todas estas situações, terá sempre do seu lado a neta Lara e um aliado vindo da barricada oposta, o filho de Augusto Rosa Neto, Simão. Esta é só uma das primeiras batalhas na guerra incessante entre Valdemar e Augusto. E Valdemar não gosta de perder nem a feijões.
Humberto Seixas (Pedro Teixeira)
Portuense de gema, filho mais novo de Valdemar e irmão de António. Humberto nunca foi dado a grandes estudos e, em vez de ir às aulas, preferia passar os dias a jogar à bola ou a mandar piropos a qualquer rabo de saia que passasse. Bonito, vaidoso e muito engatatão, teve muitas namoradas, mas foi o coração de Dalila que o conquistou. Casaram e tiveram dois filhos, Liliana e Rúben. Se Liliana é a menina dos seus olhos, Rúben é onde deposita todas as esperanças. Sonha que o filho possa ser uma grande estrela de futebol, a estrela que ele nunca foi. Apesar da sua paixão por Dalila, Humberto não perde uma oportunidade que seja para pôr em prática as suas técnicas apuradas (ou assim pensa ele) de flirt e isso traz-lhe alguns dissabores com a mulher. Mas nunca passa de uma intenção, já que não imagina a sua vida sem Dalila. Tal como o pai e o irmão, com quem sempre teve uma relação muito forte, Humberto é mecânico na oficina da família e tem especial jeito para arranjar carros e transformá-los à sua imagem, “rápidos e irresistíveis”. Humberto é generoso, não só nos piropos apaixonados com que galanteia as mulheres, mas em tudo. Liga pouco à política e a qualquer atividade intelectual que possa desviá-lo daquilo que valoriza, o físico e a relação com os outros. Atira-se de cabeça para qualquer situação se isso servir para ajudar alguém, sobretudo se for um membro do clã Seixas. Ingénuo e sem ponta de maldade, às vezes entrega-se tanto aos desafios que sofre alguns dissabores. Mas depressa se levanta com um sorriso e continua. É um positivo por natureza. O seu maior desafio até à data, foi equilibrar a atenção que dá às mulheres a quem lança o olho, com o desagrado que isso traz a Dalila. Mal ele sabe que a mulher esconde um segredo que vai testar ao limite o seu amor por ela. Caberá a Humberto perceber se o seu coração é grande que chegue para tamanha desilusão.
Cláudia Messias (Madalena Brandão)
Portuense, casada com Tiago e mãe de Maria. Cláudia completou o ensino secundário, e ficou por aí, porque escolheu ganhar a sua independência face aos pais. Saiu de casa cedo e cedo casou com Tiago. Cláudia é Chefe de Loja nos Armazéns Rosa Neto e sente-se satisfeita com o seu trabalho. Ao fim de catorze anos, ainda ama o marido. Mas essa união foi posta em causa, quando a filha ficou em coma. As estruturas familiares abanaram e a vida do casal nunca mais foi a mesma. Cláudia tem em Joana e Cecília, as suas confidentes. São as três muito diferentes, mas acabam por complementar-se. Cláudia era uma mulher de bem com a vida e com as escolhas que fez. Ponderada, tolerante, generosa, com princípios morais bem definidos. Tudo o que era tentou passar à filha. Com a tragédia que se abateu sobre a sua família, Cláudia passou a ser uma pessoa diferente. Não perdeu a ternura, mas tornou-se mais frágil e com as emoções à flor da pele. Mas Flor irá cruzar a vida de Cláudia e ela ganhará um novo alento. A ligação com a menina órfã e institucionalizada é imediata, e Cláudia nunca mais lhe perderá o rasto. Flor devolve a Cláudia a esperança da felicidade em família e esta ganha um novo objetivo de vida: adotar a miúda, num processo inconsciente de adoção para substituir a filha em coma. Mas o processo vai ter os seus obstáculos. Desde Tiago que parece não concordar, inicialmente, passando por Elvira, que tudo fará para impedir a adoção, e por último, mas não menos dramático, Maria, quando acordar do coma e perceber que tem alguém no seu lugar. Caberá a Cláudia fazer uma escolha entre a harmonia familiar e a felicidade que proporcionou a Flor com o novo lar. E aí testará os seus princípios. Será capaz de devolver uma criança?
Maria Messias (Matilde Serrão)
Filha de Cláudia e Tiago. Maria era uma menina feliz, com um ótimo ambiente familiar, e era uma aluna exemplar. Mais próxima da mãe, por se ter tornado a sua companheira nas noites em que o pai não está em casa. Com uma energia e uma determinação contagiantes, Maria torna-se rapidamente no centro das atenções por onde quer que passe. Seja entre adultos, seja entre o grupo de amigos. Resiliente, Maria dificilmente desiste de algo a que se propõe. Empenhada, esforçada e responsável, consegue conciliar, com sucesso, a escola e a sua grande paixão: a dança contemporânea. Maria tem tudo para singrar na vida, não fosse o acidente que a atirou para a cama de um hospital, há dois anos. Maria foi vítima de atropelamento e fuga. Até ao momento, o suposto condutor foi apanhado e condenado. Mas poderá estar a encobrir o verdadeiro autor do crime. Esta é uma enorme pedra no sapato para Tiago, que como inspector-chefe da PJ, não conseguiu descobrir a verdadeira identidade do criminoso que pôs a sua filha em coma. Quando Maria acordar do coma, vai deparar-se com uma intrusa no seu lugar, Flor, uma menina órfã, que está a passar um período experimental lá em casa. O ciúme virá ao de cima quando Maria se sente posta em segundo plano. Aí, lutará para conseguir recuperar o seu lugar na família e expulsar Flor, reclamando o que é seu por direito.