«A TVI está em negação», Pedro Norton arrasa a posição da estação de Queluz

O CEO da SIC comentou a saída da TVI da CAEM

Pedro Norton, CEO do grupo Impresa, dona do universo SIC de televisão, explicou, numa entrevista ao jornal Público a atual guerra de audiências que opõe a RTP e TVI à GfK e contou ainda como começou todo o processo.

As estações abandonaram a CAEM há semanas e Pedro Norton aproveitou a entrevista para abordar o sucedido. «Temos estado muito calados sobre este tema, por duas razões: por postura, apostamos na autoregulação, que é onde se devem diminuir as querelas, que são naturais e temo-nos esforçado por fazê-lo no seio da CAEM; depois, por um exercício de rotação, exercemos a presidência [da CAEM] nos últimos dois anos e achámos que devíamos manter algum recato», explicou.

O responsável regressou ainda ao passado e lembrou como tudo começou: «Está na altura de se contar a história deste processo, que está a ficar esquecida. A contestação ao sistema de audimetria [medição de audiências televisivas] começou em 2009, quando a TVI estava na direção da CAEM – como esteve em oito dos últimos 10 anos. Em agosto de 2010, a TVI entrou em rutura com a audimetria da Marktest, acusou o sistema de ter entrado em total descrédito e pediu uma auditoria».

Na mesma resposta, o gestor adiantou ainda que «essa posição dura e violenta da TVI acabou por levar à abertura de um novo concurso para a prestação de um novo serviço de audimetria. A SIC alertou para os perigos de se abrir o concurso com a mudança de fornecedor que poderia causar disrupções no mercado. Mas não foi opinião maioritária. Nós respeitamos, abriu-se o concurso e a GfK foi escolhida depois de um processo de grande escrutínio».

O responsável que sucedeu a Francisco Balsemão na condução do grupo Impresa acha que tudo correu bem no processo de passagem entre Marktest e GfK: «Foi talvez o processo mais escrutinado dos últimos anos. Não me recordo de alguma vez tanta gente ter trabalhado na questão das audiências. No início de 2012 a GfK começou a partilhar com o mercado os resultados de um período de testes de três meses. Pouco depois de os dados serem conhecidos, a TVI volta a tomar posição pública. E, para grande espanto, afinal era a GfK que estava em total descrédito e a Marktest é que estava certa. Um do equívocos que se têm tentado construir é que é uma guerra da SIC com a TVI. Não: isto é uma guerra da TVI com o mercado».

Pedro Norton lembra ainda que «a única estação que mudou de opinião neste processo, ao sabor das conveniências foi a TVI. Isto é factual. Há uma relativa unanimidade em relação a este sistema. O que é que pensa a Zon? E a PT? E todas as agências de meios do mercado? E todas as agências de publicidade? O mesmo que a SIC. Ou a SIC é muito boa a fazer conspirações ou então alguém está a fazer filmes. Acho que a TVI está em negação».

A saída dos dois canais da CAEM é vista de maneira diferente pelo responsável máximo da Impresa. A RTP, para Norton, não devia ter alinhado nesta tomada de posição: «A um operador público devia exigir-se que tivesse uma ponderação especial e tenho pena que esteja a embarcar nesta radicalização de posições. Acho completamente incompreensível», disparou.

Quando questionado acerca da validade dos resultados, que a GfK está a produzir o CEO não tem dúvidas: «Disso não tenho dúvidas nenhumas [da validade dos dados], mas isso não é na minha opinião. É a opinião da esmagadora maioria do mercado», termina.