Adelaide Festas (Filomena Gonçalves)
Mulher de quase 60 anos. Mãe de Jorge. Irmã de Fernando. Viúva.
Está à beira de um estado depressivo por ter perdido o emprego em tempos de pandemia e com crescentes sinais de pobreza extrema.
Tem uma má relação com a cunhada, São.
Jorge festas (Manuel Melo)
Trintão. Ainda vive com a sua mãe, Adelaide, e já não tem pai.
É o cantor principal do rancho, já que é acólito e canta no coro da igreja. É a melhor voz da aldeia, o veterano do clube de hóquei em patins da terra e um gabarola por isso mesmo, embora passe a vida no banco de suplentes.
Sente-se uma estrela e superior aos outros todos, embora a realidade lhe mostre que não. Nunca foi muito de trabalhar. Achava que o hóquei ia acabar por ser suficiente para lhe mudar a vida, mas tal nunca chegou a acontecer.
Mas, mesmo veterano, Jorge ainda mantém essa esperança. Na vida afetiva, Jorge gaba-se de ter várias namoradas fora da aldeia, mas nunca ninguém lhe conheceu nenhuma. É um rapaz que vive daquilo que diz, mais do que daquilo que faz.
Na verdade, Jorge esconde as condições em que vive, desde que a sua mãe, Adelaide, perdeu o emprego na fábrica, em tempos de pandemia.
Trata-se de um caso de pobreza escondida, chegando ao ponto de passar fome, mas que Jorge esforça-se por não transparecer.
Pelo contrário, começa a fazer biscates para ajudar, mas revela-se insuficiente.
Jorge é um rapaz de dupla personalidade: uma dentro de casa e outra porta fora.
Se na rua, é um pequeno “pavão”, em casa é um filho de uma meiguice extrema, preocupando-se profundamente com a saúde física e psicológica da sua mãe.
Verá na festa, com transmissão na TVI, o grande evento para mudar a sua vida de vez.
Manuela (Nelinha) Chagas (Inês Herédia)
Vinte e muito anos. É uma rapariga espertalhona, mas não muito inteligente. Vive com os pais, de modo remediado, portanto, sem grandes preocupações com o dinheiro.
Trabalha como rececionista do posto médico nos dias em que o sôtor lá dá consultas, e o dinheiro que ganha é para si.
É, juntamente com Elizabete, a rapariga que mais pode investir na sua imagem, dentro do grupo de jovens da aldeia. Sonha sair daquela aldeia e irá fazer tudo para o conseguir.
Manuela é, no fundo, uma deslumbrada que sonha vir a ser como as atrizes das novelas. Quer ser famosa e, se possível, camuflar as suas raízes.
Aliás, nas redes sociais não revela onde vive. Não é mentirosa, mas prefere omitir certas e determinadas coisas.
Tem um cuidado extremo com o seu corpo, mas isso custa-lhe a vida, pois gosta de comer e beber. Vive nessa dicotomia, portanto.
Vê na ida da TVI à aldeia a sua grande oportunidade para brilhar, como a grande impulsionadora/organizadora de um Festival de Verão, de nível nacional.
É a típica pessoa que tem sonhos maiores do que a capacidade que tem para os concretizar. Só que não percebe isso, pondo sempre as culpas das suas frustrações nos outros.
Vai fazer tudo para ser a melhor amiga de Ana Carolina, que inveja largamente. Afetivamente, quis sempre à força toda ser namorada de Jorge, mas este não lhe liga pevas.
Sôtor (José Carlos Pereira)
Médico trintão, trabalha fora, mas vai à aldeia duas vezes por semana. Para além de médico, também o convencem a ser veterinário. E parteiro. E enfermeiro. E fisioterapeuta. E tudo.
Por ser um homem mais moderno, todos os machos aldeões acham que ele é homossexual. Pelo contrário, as mulheres não.
O Sôtor é um homem envolto de mistério, desconhecendo-se, de todo, a vida dele fora do consultório.
É um homem culto, viajado e que, volta e meia, fica muito alheado, quer emocionalmente, quer presencialmente.
Sofre de fortes dores de cabeça e automedica-se em excesso, levando a população, a pouco e pouco, ficar preocupada, sem perceber a causa.