LEONOR (MARIA D’AIRES) | DONA E GESTORA DA AGÊNCIA MATRIMONIAL | 60 anos
Depois da morte do meu marido Fernando, nunca mais confiei o meu futuro ou o dos meus filhos a homem nenhum. Agarrei no pouco que me restava e abri uma agência de matrimónios.
O maior desgosto da minha vida é que os meus filhos não se deem. O Benny foi pai cedo. Responsável, decidiu assumir as responsabilidades e casar com a rapariga quando ela ficou grávida.
O pior é que, anos depois, ela se apaixonou pelo meu outro filho, Pedro, e os dois decidiram ficar juntos. O Benny ia morrendo de desgosto. Deixou-os ir, mas impediu que levassem o Tito, tinha o menino dez anos.
Desde aí, nunca mais deixou que ela visse a criança. Não concordo com isso, mas o que posso fazer? O meu coração também me dói por estar separada do meu Pedro.
Sei que o Benny teve razão em zangar-se com ele, eu também me zanguei, mas, com o tempo, comecei a sentir-lhe a falta. A verdade é que já há algum tempo que os visito às escondidas.
A Salomé é uma grande amiga e confidente, e é com ela que falo sobre as minhas preocupações, os meus filhos, principalmente em relação ao meu negócio.
A minha agência tem cada vez menos clientes e eu vou ver-me prestes a ter de fechar as portas.
Mas com a ajuda do meu neto as coisas vão mudar. Ele percebe de tudo da internet e vai criar uma plataforma digital que vai relançar a minha agência no século XXI.
Nunca gostei muito da internet. Foi aquela geringonça moderna que afundou o meu negócio com os tinders, os second loves e ordinarices do género, mas eu não quero nada disso.
Já deixei claro ao Tito que ele até pode criar uma APP para a minha agência, mas é para ser coisa séria, com objetivo de CASAR, não para dar umas voltinhas.
E eu vou ter o dedo final a juntar casais. Esta é a minha especialidade e não vou abdicar dela.
SIMÃO ALVES (RICARDO OLIVEIRA) |MODELO / TRAFICANTE DE ANABOLIZANTES | 30 anos
A beleza move o mundo. O cliché original diz que é o amor, mas a vida mostrou-me outro caminho. Eu sou muito bonito. Não acreditam?
Lembram-se daquele anúncio, para aquele refrigerante, onde eu estou numas obras, tiro a camisa e… já sabem? Já estão a babar? Eu entendo. Logo em miúdo percebi que a beleza ia levar-me longe e cedo comecei a servir-me dela.
Para o público em geral eu sou o atraente e espirituoso Simão Alves, o modelo que ganhou notoriedade com o tal anúncio memorável e, desde então, tem protagonizado campanhas, catálogos e alguns desfiles.
Mas, hoje em dia, a moda não é a minha principal fonte de rendimento. Há cinco anos fui contactado pela Aurora, que conhecia de vários eventos da MUVV, e recebi um convite irrecusável de trabalho. A fazer o quê? A vender anabolizantes. Não é um trabalho de sonho, mas ganho bem.
Resumindo, eu sou um grande partido. Mas, como é óbvio, casar, ser fiel, amar e respeitar a mesma pessoa até ao fim dos meus dias não faz parte dos meus planos…
Por poder e dinheiro eu vou ser capaz de tudo. Até de matar.
DÉBORA (RAQUEL SAMPAIO) | CHEF DE PASTELARIA | 22 anos
Sou discreta, pouco física e despreocupada com o visual, apesar dos rapazes dizerem que sou gira. Sou determinada, alegre, gosto de cantar quando cozinho e também sou um bocadinho mandona.
Vim para Sintra com dezoito anos para ajudar o meu avô a lidar com a morte da minha avó. Também foi uma maneira de fugir à pressão dos meus pais que queriam que eu fosse para a faculdade, quando eu só queria cozinhar.
A pastelaria Trovão sempre foi a minha segunda casa. Adoro doçaria, tenho imensas ideias originais para criar doces e o meu avô é o meu ídolo.
Estou em pulgas para receber a receita da Ribombinha, o bolo de maior sucesso da família Trovão. Quando o meu avô se esquecer da receita, vai estar nas minhas mãos inventar um novo bolo que faça tanto ou mais sucesso do que a original.
Também sou uma comunicadora nata. Adoro as redes sociais e vou ter um vlogue de culinária. A minha quota de visualizações cresce de dia para dia, por isso sei que estou a ter sucesso.
Eu e o Tito namoramos desde que eu vim para Sintra e costumo dizer que temos a relação perfeita porque antes de sermos namorados, somos melhores amigos.
Num futuro próximo serei uma instagramer famosa, com patrocínio de marcas e ofertas de trabalho. A pergunta que terei de fazer a mim própria é se saberei conciliar isso com a pastelaria Trovão.
O sucesso do meu vlogue começa a ocupar-me demasiado tempo, com entrevistas a dar, pedidos para escrever livros de receitas, participações em programas de televisão, falar, escrever, falar, escrever. E quando é que faço aquilo que realmente gosto que é cozinhar?
Quando é que posso ajudar o meu avô, que se sente cada vez mais sozinho à frente do negócio porque eu não tenho para nada?