MARIANA DIAS (CAROLINA CARVALHO) | EMPREGADA DOMÉSTICA | 30 anos
Há quem herde terras, casas, ou dinheiro dos pais e dos avós. Eu e a Soraia herdámos o karma: somos as duas mulheres-a-dias. Eu tenho uma teoria. Se o nosso apelido não fosse “Dias” tudo teria sido melhor. Mas não vale a pena chover no molhado. Eu prefiro andar em frente e olhar para o alto.
A minha aptidão para o desenrasque tornou-me uma empregada de sonho. Eu sou aquela empregada que não deixa cotão a voar, que aspira atrás dos móveis, e que faz bolos para os patrões.
O meu grande sonho é ser atriz e vou fazer de tudo para o tornar realidade. O papel de mulher-a-dias exemplar é um ótimo laboratório, mas não é o meu único meio para atingir este fim.
Depois de vários castings falhados, vou perceber que investir em formação também é um caminho e vou ter aulas. Nesse momento, vou ficar mais motivada, mais confiante no meu potencial… e chegar mesmo a fazer uma websérie até acabar por me auto boicotar. Tudo por causa da minha perdição: os homens.
Eu adoro homens, sobretudo mais velhos. Gosto deles loiros, morenos, altos… até podem ser mais baixos que eu, desde que tenham experiência, maturidade. A verdade é que os homens vão ser o maior obstáculo no meu caminho até ao estrelato.
Eu tenho a certeza de uma coisa: aquela menina que papava as novelas todas enquanto a mãe engomava e, ainda hoje, sabe de cor as frases das suas personagens favoritas… essa menina vai ser uma grande atriz.
Portanto comecem já a decorar o meu nome: Mariana Nobre. Sim, leram bem. “Dias” é nome de empregada!
SORAIA DIAS (VERA MOURA) | EMPREGADA DOMÉSTICA/ESTUDANTE | 28 anos
O meu dia começa com um despertador aos gritos, um desejo que o mundo acabe, um salto da cama para o duche e uma correria até ao autocarro que me leva para o trabalho. Tal como a minha irmã, eu também sou mulher-a-dias.
Mas ao contrário da Mariana, eu sou o pesadelo de qualquer patrão. Em todas as casas que trabalho não há uma em que não tenha cometido um erro. Ou esqueço-me de limpar uma divisão, ou não levo o lixo para a rua, ou chego tarde e saio cedo, ou prendo o gato no armário sem dar conta… Estes são só alguns exemplos de desleixos com a minha assinatura.
Sou assim porque estou a dar o litro para acabar com distinção o meu curso de sonho: Contabilidade. O curso tem-se revelado muito exigente, o que me obriga a trabalhar sempre de auricular para conseguir fazer trabalhos de grupo com os colegas, ou ouvir algumas aulas a que não posso ir.
No meio de uma agenda atafulhada de trabalho ainda vou arranjar tempo para o amor. Namoro com o Joel e acho que somos almas gémeas.
Eu admito, sou uma romântica incurável e já pensei em tudo, onde vamos casar e em que escola podemos inscrever os nossos filhos. Com o tempo vou perceber que não há nada de mal em ser romântica… Quero ser contabilista, casar, ter filhos e uma família linda.
ANDREI MAXINESE (TOMÁS) | ESTUDANTE / DESPORTISTA | 17 anos
Durante uma prova de atletismo eu vou tropeçar, cair e fazer uma lesão no joelho. Mas o que poderia ser um problema simples de curar, vai tornar-se um trauma difícil de superar. Tudo porque um idiota qualquer vai filmar a queda, publicá-la na internet e eu vou tornar-me o palhaço da minha escola.
O trauma psicológico causado por esta lesão vai tornar-se maior que o físico. Aliás, quando os médicos disserem que a minha incapacidade física está curada e que eu posso voltar a correr… eu não vou conseguir. Vou continuar a sentir dores no joelho.
Para me ajudar, os meus pais vão convencer-me a ter consultas com uma psicóloga, a Mónica. A princípio eu vou estar muito reticente, mas a Mónica vai quebrar as minhas barreiras e curar-me. Ela vai transformar o impossível em vontade de correr e ganhar medalhas.
Quando eu descobrir a academia da Maria em Lisboa vou arranjar a desculpa perfeita para também me mudar para a capital. Para os meus pais, eu vou mudar-me para treinar com uma ex-maratonista de topo.
JOANA (INÊS MONTEIRO) | ARQUEÓLOGA/ESTAGIÁRIA DA CÂMARA MUNICIPAL – PELOURO DA CULTURA | 22 anos
Adoro a minha terra, a sua história, a sua cultura, por isso nada mais natural para mim do que escolher a Arqueologia como a minha área profissional.
Sou uma espécie de detetive do tempo e isso é genial. Quem não achou piada à minha opção foi a dona Anabela, a minha mãe.
Sempre fui uma espécie de prodígio na escola e ela tinha para mim aspirações profissionais economicamente mais rentáveis, como Direito ou Gestão.
Em vez disso, segui a minha paixão e ela agora desespera pelo meu futuro. Somos uma família muito unida e prova disso é o apoio que temos dado ao meu irmão, que sofreu uma lesão e agora não consegue fazer o que mais gosta: desporto. S
ou uma pessoa dinâmica e ativa e além de andar por aí a escavar, também trabalho em todo o tipo de atividades culturais ao serviço da Câmara. O meu ponto fraco?
Sou uma romântica incorrigível e acredito que estou destinada a viver um grande amor. Mas também sou filha do meu tempo e não vou ficar à espera do cavaleiro andante.
Por isso uso as novas tecnologias, há que dar uma ajudinha ao destino e havendo tanta gente no mundo, com as aplicações de encontros com certeza que encontro o “tal”.