[Dez +] Programas Históricos

Nasce hoje a primeira rubrica de 2015 do Zapping. O “Dez +” vai acompanhar todos os leitores do site e mostrar um top dez em várias categorias no que respeita a televisão. Hoje começamos com um top saudoso: Programas históricos da TV Portuguesa, que tenham tido o seu início até ao ano de 2000.

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Ao longo de seis anos de emissões (1995-2001), o “Big Show SIC” teve como anfitrião, o frenético,  João Baião. Com o passar dos anos, também Jorge Gabriel passou pelo formato que sempre manteve a presença de um piramidal e multinacional corpo de baile, formado por bailarinas envergando trajes bem diminutos. Quem não se lembra do João Baião, antes de cada intervalo: “Dona Rosa, vá fazer um xixi, que a gente já volta!”.
O programa começou a ser transmitido nas tardes de domingo mas acabou por ser transferido para os sábados à noite, fazendo concorrência ao programa da “RTP” “Parabéns” de Herman José. Depois de o ter conseguido ultrapassar, o programa manteve-se nesse horário até 1999, onde passou para  os sábados à tarde, em directo.

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“Riscos” foi produzida e exibida na RTP entre 1997 e 1998, e contou com mais de cinquenta episódios,  ao sábado e ao domingo ao fim da tarde. O slogan promocional era “A série que fala a tua língua”.
A série passava-se num colégio e seguia as aventuras e desventuras de seis jovens protagonistas, todos eles interpretados por estreantes nestas andanças. Mariana (Ana Rocha), a marrona da turma que se esforça para manter as aparências e por isso faz vista grossa às infidelidades mal disfarçadas do namorado; Diogo (Fernando Martins) é o rapaz mais cobiçado da escola, pouco preocupado com assuntos sérios e em ser fiel à namorada, embora com o avançar da série ele acabe por se tornar mais responsável e se esforçar para manter o namoro com Mariana; Bruno (Edmundo Rosa), é o mais novo do grupo, ainda no 11.º ano; Rita (Sara Gonçalves) a rebelde da escola, mas alguém de grande coração, maturidade e lealdade para com os amigos; André (Frederico Ferreira) partilha a faceta conquistadora de Diogo, mas é mais sério e responsável; Maria João (Paula Neves) é tímida mas acaba por desabrochar graças à amizade improvável com Rita e um curto mas significativo namoro com André.
“Riscos” foi criticada pela inverosimilhança das histórias, pela montagem cheia de mudanças aceleradas de plano, pela realização por vezes desnorteada, pelo alegado amadorismo das interpretações e sobretudo, pelo excesso de sexo.
3
“O Tal Canal” é o melhor programa de sempre da televisão portuguesa, segundo uma votação do “Diário de Notícias, do “Tim Out” e das Produções Fictícias em 2007. Escrito por Herman José, António Pinho, Tozé Brito e António Tavares Teles e realizado por Nuno Teixeira, o programa foi a grande novidade na rentrée televisiva de 1983. Foram exibidos doze episódios entre Outubro de 1983 e Janeiro de 1984. Além do Herman, o elenco incluía Helena Isabel, Lídia Franco, Manuel Cavaco, Margarida Carpinteiro, Natália de Sousa e Vítor de Sousa.
Este programa resumia-se a ser um novo canal de televisão, cujo director era o Professor Doutor Oliveira Casca que oferecia aos portugueses, nove anos antes do aparecimento das privadas, uma programação alternativa à RTP1 e à RTP 2.
Apesar do sucesso de “O Tal Canal” ter sido indiscutível, Herman José afirmou que que o projecto tinha sido rejeitado ou censurado pela direcção da “RTP”, e só com a mudança do poder político e a entrada de José Niza para director de programas é que “O Tal Canal” viu a luz do dia. Mas Herman confessaria que toda a escrita e elaboração do programa fora um processo tão extenuante que, apesar de pedidos da RTP e do público para uma segunda série, ele preferiu não dar continuidade e optou por um projecto menos elaborado, que viria a ser o “Hermanias”.
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A série “Médico de Família” ocupa um lugar de destaque na ficção nacional dos anos 90. Era uma adaptação do original espanhol de 1996, protagonizado por Emilio Aragón e Lydia Bosch, com o mesmo nome.
Ao longo de três temporadas, exibidas na SIC entre Janeiro de 1998 e Agosto de 2000, os portugueses acompanharam as aventuras e obstáculos da família Melo. Diogo (Fernando Luís) é um médico num centro de saúde que após perder a esposa num acidente de viação, vê-se a braços a conciliar a profissão e a educação dos seus três filhos: Mariana (Sara Norte), Pedro (Francisco Garcia) e Catarina (Karina Queiroz). Para tal conta com a ajuda do seu pai José (Henrique Mendes) e da empregada Lucinda (Maria João Abreu). Além disso, Diogo também acolhe na sua casa o sobrinho João (Rodrigo Saraiva), após a separação dos pais deste. Presenças habituais no dia-a-dia da família Melo são as de Júlio (Ricardo Carriço) o melhor amigo de Diogo, despreocupado e bon vivant, de Teresa (Rita Blanco), irmã da sua falecida mulher e que se torna a principal figura materna para os sobrinhos, e os sogros de Diogo, Benedita (São José Lapa) e António (Filipe Ferrer).
Sob o slogan “A vida tal como ela é” e conjugando bem o melodrama e o humor, “Médico de Família” falou de vários temas como os problemas familiares e financeiros, a transição da infância para a adolescência, o aborto, a droga e a SIDA. O desempenho de todo o elenco destacava-se pela grande competência, dando às suas personagens uma enorme empatia com o público, que de certa forma se revia nelas.
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Estreado a 1 de Outubro de 1993, o “Chuva de Estrelas” é tido como um dos programas cruciais para a ascensão da SIC. O programa misturava entretenimento, uma excelente produção, talento musical e uma apresentadora por quem Portugal se apaixonou.
O programa era uma adaptação de um formato holandês, “The Sound Mix Show”, estreado naquele país em 1985. Em cada sessão, um punhado de concorrentes tinha a oportunidade de se transformar numa estrela da música e cantar como ela.
Em Portugal, “Chuva de Estrelas” teve sete edições, exibidas entre 1993 e 2000. As duas primeiras foram apresentadas por Catarina Furtado, a terceira por José Nuno Martins e as restantes quatro por Bárbara Guimarães.
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O concurso, criado pelo francês Jocelyn Hattab, revisitava o universo do célebre “Jogo da Glória” em que os concorrentes eram os peões e conforme a sorte dos dados, teriam de enfrentar provas dos mais variados graus de dificuldades e dos mais diversos tipos desde desafios intelectuais a exigentes provas físicas. A primeira versão do programa foi em Itália, mas foi a versão espanhola (“El Gran Juego de la Oca”), que a TVI transmitiu em 1994 e que se tornou célebre.
Houve duas temporadas do programa, exibidas na TVI entre 1993 e 1995 e comentado pelos actores António Cordeiro e Maria de Lima.
A primeira temporada de “O Jogo do Ganso” ia para o ar na TVI aos sábados à noite. No mesmo horário dava o “Parabéns” na RTP e o “Nunca Digas Banzai” na SIC.
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“Ai, os Homens”, foi um programa da “SIC” que durou cinco temporadas, entre 1996 e 1999. O programa era apresentado por José Figueiras e produzido por Teresa Guilherme, adaptado de um formato exibido em vários países. Tratava-se de um concurso onde dez candidatos teriam de impressionar uma audiência composta por 150 mulheres, incluindo uma convidada famosa presente em cada sessão, ao longo de uma série de provas. No final de cada prova, elas davam os seus votos e os concorrentes eliminados eram atirados a uma piscina pelas assistentes.
Era crucial causar uma boa impressão, pois logo à partida três concorrentes eram logo eliminados.
O vencedor absoluto da primeira temporada foi nada mais nada menos que Jorge Kapinha, que também viria a integrar os D’Arrasar. Além de Kapinha, também Jimmy e outros concorrentes ficaram conhecidos do grande público, como Fernando Melão, dos Excesso, e Sérgio Vicente da segunda edição do Big Brother.
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A 6 de Novembro de 1989 que a “Rua Sésamo” chega a Portugal, pela mão da “RTP”. A versão portuguesa chegava vinte anos depois do original americano, concebido pelo pai dos marretas Jim Henson. Nos anos 70, alguns dos segmentos desse programa foram exibidos na RTP no espaço “Abre-te Sésamo”, mas foi preciso esperar até 1989 para que a Sésamo tivesse uma versão portuguesa. Ao todos foram quatro séries (as três primeiras de 130 episódios, a quarta de 90) emitidas entre 1989 e 1996, incluindo repetições.
A série dividia-se entre vários segmentos. Havia as sequências com as personagens do elenco nacional: André (Vítor Norte), o mecânico faz-tudo, o casal Zé Maria (Fernando Gomes) e Carolina (Lúcia Maria nas séries 1, 2 e 3, Ana Luís na 4.ª série) donos da papelaria do bairro, Gil (Pedro Wilson) estudante de medicina e desportista, Guiomar (Alexandra Lencastre), estudante de arquitectura e fotógrafa amadora, neta do Senhor Almiro (António Anjos), dona da frutaria e a Avó Chica (Fernanda Montemor), a simpática idosa que era como fosse avó de toda a gente na rua, cujo talento para a culinária atraía sempre todas as personagens à sua cozinha.
Mas sem dúvida que as personagens mais queridas não eram as de carne e osso mas sim os dois bonecos da rua: o Poupas (Luís Velez) e o Ferrão (António Pinto/Jorge David). O Poupas, apesar do seu tamanho, era ainda uma ave-criança, e como tal, cada episódio aprendia algo através da interacção com os outros. O seu jeito simpático e altruísta cativava todos, se bem que por vezes tivesse atitudes menos correctas típicas de uma criança. O Ferrão por sua vez era um bicho rezingão e algo egocêntrico, mas com bom fundo. Era um ávido coleccionador de tralhas que guardava no seu caixote e o inventor do agripino, um vegetal misto de agrião com pepino, que tentava em vão que os outros consumissem. Apesar da sua tendência para a birra, para aborrecimento de todos, no fundo ele gostava de toda a gente e todos gostavam dele. A partir da 2.ª série, surgiu a Tita (Paula Velez), uma gata dengosa e senhora do seu nariz.
Faziam ainda parte da série Egas, Becas, Gualter, Cocas, o Monstro das Bolachas, Telmo, João Esquecido, Crespo, o Conde de Kontarr, Rosinha e a vaca Glória. As dobragens foram dirigidas por António Feio e contavam com as vozes de José Jorge Duarte, Rui de Sá, Manuel Cavaco, Cláudia Cadima, Ana Bola, Helena Isabel, José Raposo, Miguel Guilherme e José Pedro Gomes, entre outros.
9
A TVI lançou o concurso e, desde o seu início, foi um grande sucesso, fazendo com que cidadãos anónimos ficassem conhecidos de todo o país. O “Big Brother” é um reality show produzido pela Endemol e cujos direitos para Portugal foram vendidos para a TVI, após renúncia da SIC.
No dia 2 de Setembro, 12 anónimos entraram naquela casa construída de propósito ao lado do estúdio da Venda do Pinheiro. Tudo tinha sido gravado em segredo e emitido no dia seguinte, quase como um falso directo. Nesse dia, entre as 20.50 e as 23.20, a TVI teve em média 1,3 milhões de espectadores, mais cem mil que a SIC, habitual líder.
O primeiro Big Brother realizado em Portugal teve início a 3 de Setembro de 2000 e terminou 120 dias depois, a 31 de Dezembro de 2000.  Riquita, Ricardo V., Ricardo A., Maria João, Marco, Sónia Veiga, Carla, Paulo, Marta Cardoso, Mário, Telmo, Célia, Susana, Zé Maria, foram estes os primeiros concorrentes da “casa mais vigiada do país”, como diria Teresa Guilherme, a apresentadora.
10
O conceito dos “Jogos Sem Fronteiras” partiu do General Charles De Gaulle para celebrar a amizade entre os povos dos diversos países europeus e ajudar a sarar as feridas que ainda resistiam derivadas da Segunda Guerra Mundial. A primeira emissão teve lugar em 1965 e opunha apenas equipas francesas e alemãs. Com o tempo, mais países foram-se juntando ao programa como Itália, Holanda, Grã-Bretanha, Suíça, Bélgica, Jugoslávia e, em 1979, Portugal. Tradicionalmente, as diversas sessões tinham lugar em países diferentes e a primeira emissão portuguesa foi na Praça de Touros de Cascais, com apresentação de Eládio Clímaco e Fialho Gouveia e com Herman José no papel de padrinho da corrida. Foi também uma das primeiras transmissões da RTP a cores, mas só para estrangeiro ver pois a cor só chegaria aos ecrãs portugueses em 1980. Nesse ano, os Jogos passaram por Vilamoura.
Para alegria nacional, era bastante frequente que Portugal ganhasse várias sessões e até finalíssimas, o que também apelava bastante aos telespectadores portugueses pois nós sempre ganhámos em tão poucas coisas, que qualquer vitória até nos JSF era um bálsamo para o ego nacional. Lembro-me que ao início, Itália e Bélgica eram usualmente os nossos adversários mais directos, e a partir de meados de 90, Hungria e República Checa foram também conquistando várias vitórias. No extremo oposto estavam Tunísia e Malta que raramente escapavam ao último lugar. Ao princípio, a Grécia também costumava ficar na cauda da tabela, mas com o passar do tempo também foi vencendo de vez em quando.
Eládio Clímaco era o Senhor Jogos Sem Fronteiras, sendo o apresentador mais regular ao longo das várias edições. Além dele, também exerceram funções de apresentadores ao longo do segundo ciclo dos JSF: Fialho Gouveia, Ivone Ferreira, Ana do Carmo, Cristina Lebre, Ana Zanatti, Anabela Mota Ribeiro, Luís de Matos e Maria João Silveira.

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