ESC2013 – A Crítica, A Grande Final!

ESC A Crítica

No sábado que passou (dia 18) realizou-se a Grande Final do Festival Eurovisão da Canção 2013, e apesar de Portugal não ter estado presente a RTP 1 transmitiu o espectáculo comentado por uma Sílvia Alberto de língua afiada, totalmente diferente dos comentários monótonos e cheios de gafes das semifinais. Uma evolução bastante positiva da apresentadora. Hoje, dia 20, analisámos tudo o que aconteceu na final do maior espectáculo de televisão da Europa.

Antes de ir às actuações e ao resultados, decidi começar por comentar o espectáculo em geral. Apresentado muito bem pela carismática e divertida Petra, os intervacl acts da responsabilidade de Loreen, da apresentadora e de Sarah Dawn Finer foram muito bons e o início do espectáculo com a entrada de cada representante atrás da bandeira do seu país (como nos Jogos Olímpicos) foi uma excelente ideia, dando um ar épico ao programa. Só não percebi o porquê de compor um novo hino para o festival (escrito por suecos). Eu entendo que a Suécia seja um dos países que mais entusiasmo tem pelo certame, mas achei bastante presunçosa a ideia de compor um novo hino para Eurovisão. A realização continuou impecável, assim como nas semifinais.

Vamos então ao que realmente interessa: as músicas e os resultados, que no geral foram algo previsíveis. Ainda assim houveram resultados surpresa.

O top 10 , na sua maioria, não foi inesperado. A vitória da Dinamarca era mais do que esperada (e merecida) e o Azerbaijão e a Ucrânia a fechar o top 3 não foi também algo surpreendente (e novamente, também merecido). Merecida foi também a quarta posição para a Noruega e a belíssima Margaret, assim como o sexto para a divertidíssima Grécia. A Itália e a Holanda (sétimo e nono lugar, respectivamente) foram outros resultados esperados, mas apesar da já boa posição, mereciam um lugar no top 5 – principalmente a Itália, já que além de uma ter levado uma das melhores composições, levou também a melhor voz do certame, Marco Mengoni -, ao contrário da Rússia, que nos trouxe uma balada com uma composição e letra bastante preguiçosas. As surpresas ficaram por conta de Malta, em oitavo, e a Hungria, em décimo. Apesar de perceber o porquê de as pessoas terem gostado tanto da música maltesa, acho que, comparando com outras canções e performances a música não merecia um lugar tão bom. Já a Hungria foi uma boa surpresa. Nunca acreditei na passagem da canção à final, quanto mais num lugar nos dez primeiros. Uma excelente surpresa para uma música que merecia não passar despercebida.

Os destaques dos lugares 11-20 ficam a cargo da Moldávia, que até merecia mais que o 11º. Ainda assim, não dá para reclamar de um lugar tão bom depois da prestação vocal nervosa de Aliona Moon. Outras canções que mereciam mais são as baladas da Islândia (17º) e da Estónia (20º). Baladas simples, com prestações vocais excelentes e apresentações bastante bonitas que mereciam ficar algumas posições acima. Já a Bélgica (12º) e a Roménia (13º) mereciam muito menos. Roberto, o intérprete belga, além de uma música sem nada de especial, tem um inglês péssimo e não possui nenhum carisma. A forma como ele olha para a câmara, com os olhos esbugalhados, é assustadora, como se tivesse a fixar o olhar na nossa alma. É impossível não nos sentirmos desconfortáveis perante o rapaz. A Roménia tem uma fraca composição sustentada por uma grande voz, mas que a partir de certo ponto começa a exagerar nos agudos. Aliado a isso temos uma actuação confusa e uma vestimenta exagerada. Tudo muito errado. Como questionou retoricamente muito bem a nossa Sílvia, “não era o Drácula que era da Roménia?”. Todas as restantes posições (Suécia em 14º, Geórgia em 15º, Bielorrússia em 16º, Arménia em 18º e Reino Unido em 19º) foram justas. Nenhuma delas foi algo de extraordinário, mas nenhuma foi também um verdadeiro desastre. Ainda assim fica aqui uma nota a elogiar a fantástica voz de Robin, da Suécia.

Os últimos lugares do espectáculo foram então para a Alemanha, Lituânia, França, Finlândia, Espanha e Irlanda, que ocupam, respectivamente, os lugares entre o 21º e o 26º. O fraco resultado da Alemanha é bastante merecido (apesar de surpreendente). Uma composição barata feita exclusivamente para ficar na cabeça das pessoas, sem esforço nenhum para que tenha um pingo de qualidade. Uma das grandes ignoradas pelo júri, provavelmente. Já os lugares de França, Espanha e Finlândia são injustos. Amandine, a francesa, foi um verdadeiro animal de palco e abriu o espectáculo de uma forma magistral. Merecia muito mais. A Espanha teve uma das actuações mais bonitas da noite e tenho muita pena de ver uma das minhas músicas favoritas falhar assim. Mas já era esperado. A enérgica e polémica Krista viu o seu país ser o pior classificado dos nórdicos, injustamente. A performance contagiante e efusiva da Finlândia merecia um lugar nos quinze primeiros. Já a Lituânia e a Irlanda tiveram posições justas. Ainda assim não percebi muito bem como a Irlanda, depois de um dance pop, e de actuar em último tenha ficado tão mal classificada. Não esperava um grande resultado, mas nunca pensei que fosse ter apenas cinco pontos.

E assim terminou o certame deste ano, com uma vencedora à muito anunciada (o que é pena) e com um trabalho fantástico da Suécia, que mostra ser perita em realizar espectáculos desta grandeza. Para o ano basta-nos atravessar a ponte de Malmö até à Dinamarca. Resta saber a cidade onde o festival se realizará e torcer para que Portugal esteja lá presente.

Por João Leite

E como tudo o que é bom acaba rapidamente, já nos estamos a despedir de mais uma edição do maior evento cultural e musical da Europa e além-fronteiras, que é o Festival Eurovisão da Canção. A cidade de Malmö, a sul da Suécia, acolheu durante uma semana um espectáculo que fez renascer a chama eurovisiva nos corações de todos os fãs por esta Europa fora. Em Malmö, todas as atenções estavam viradas para a arena homónima, onde centenas de espectadores foram presentados com uma produção de excelente qualidade, animação e divertimento, não fosse a Suécia um dos países onde se vibra mais com a Eurovisão. Não há, de facto, nenhum erro a apontar para a realização sueca, e os meus 12 pontos para a toda equipa técnica que colaborou na organização deste grande certame!

Depois de 27 concorrentes pisarem o palco da Malmö Arena, o troféu foi entregue a Emmelie de Forest, representante dinamarquesa, que encantou a plateia com “Only Teardrops”. Uma canção forte, radio-friendly, com um instrumental que inclui sons étnicos e interpretado por uma voz agradável e bonita de se ouvir. Sem dúvida alguma, este país nórdico soube utilizar a receita certa para receber o certame em casa. Gostos pessoais à parte, a verdade é às vezes falta certa perspicácia a algumas emissoras (cof cof, RTP1), e por essa razão, foi uma vitória merecida, embora espectável. ‘Only Teardrops’ cedo se revelou uma favorita ao pódio, e assim como aconteceu com ‘Euphoria’, de Loreen, esta também foi bem-afortunada. Com 287 pontos, consagrou-se a vencedora, recebendo pontuação de todos países, à excepção de San Marino. À imagem da Suécia em 2012, também a delegação dinamarquesa decidiu manter a mesma actuação que fora apresentada na final nacional. São ou não inteligentes?

De surpresas e choques, esperanças e desilusões, é a análise que se pode fazer da noite do passado sábado, dia 18 de Abril de 2013. Mas, regra geral, tivemos boas vozes e boas performances. Cada intérprete tinha valor, talento, e demonstrou-o nesta final, apesar das melhores ou piores classificações.

As melhores actuações do meu ponto de vista vieram do Azerbaijão, Itália e Noruega. A performance azeri distingue-se pelo dançarino ou acrobata, que preso dentro de uma caixa de vidro, executa os mesmos movimentos de Fari, como se de uma sombra se tratasse. Os dois encontram-se em perfeita sintonia e perfazem uma coreografia contemporânea, a combinar com a canção. Fari soltou-se mais desde da sua primeira apresentação, e encontra-se mais confiante. Azerbaijão a apostar forte mais uma vez. Embora goste muito da actuação, achei que ‘Hold Me’ foi muito overrated. Um top10 seria merecido, mas um segundo lugar foi demais. Marco Mengoni, vestido elegantemente, enche o palco com a sua voz e emoção, e isso é suficiente. A sua presença é o essenziale. É, para mim, a melhor voz masculina a concurso, e merecia uma posição mais cimeira na tabela, apesar de um 7º lugar ser também aceitável. Por fim, Margaret Berger entrou a matar com uma das melhores composições desta edição. A intérprete norueguesa transmitiu sensualidade e irreverência, e conquistou por isso um muito merecido 4º lugar. Desde a vitória de Rybak, em 2009, que a Noruega não recebia uma classificação tão aprazível!

Abordando agora os grandes flops deste ano: Alemanha e Geórgia. Natalie Horler, dada a sua experiência de anos em grandes palcos por cidades europeias, estava confiante que levaria o troféu para Berlim. Com grande entusiasmo e garra defendeu o tema ‘Glorious’, uma música euro-dance, ao estilo da banda Cascada. Para quem conhece o seu percurso, não foi grande novidade esta música. Talvez tenha sido essa a razão do falhanço. Já em 2011, Blue, outra banda de renome ao nível europeu, não ficara tão bem classificado. Geórgia, por outro lado, tinha as costas quentes, pois levava uma música composta por G:son, um homem muito respeitado e admirado neste mundo da Eurovisão. A sua performance, à imagem do Azerbaijão 2011, não foi do agrado dos eurofãs e angariou por isso um modesto 15º lugar. Um flop não tão grande como a Alemanha, contudo um flop ainda.

E quanto aos dark horses, temos talvez a Hungria, Bélgica e Malta. Não compreendo a posição do tema húngaro, interpretado por ByeAlex. Foi, para mim, uma apresentação muito morna, esquecível, sem grandes pontos de destaque. O cantor cantou moderadamente bem, o que não é grande desafio (ele sussurra do início ao fim), e isso terá sido o suficiente para angariar apoio do júri. A Bélgica faz lembrar a situação de Tom Dice: dois cantores masculinos, com carinhas larocas, e músicas fofinhas. Não acho que Roberto Bellarosa tenha cantado tão bem assim, foi muito apoiado pelos backing vocals. Por fim, Malta, surpreendeu com um 8º lugar. Uma aposta simpática e um sorriso fácil de Gianluca parecem ter sido convincentes. Não sei, não consigo encontrar outras razões. Dark horse é sempre uma coisa inexplicável e inesperada.

Como injustiças, eu aponto a canção da Espanha e a Irlanda. Eu gostava muito de ‘Contigo hasta el final’ e a apresentação ao vivo foi muito bonita. A vocalista da banda, apesar de não ter grande projecção vocal, comportou-se bem, pelo que não entendo a classificação tão mísera, e fico triste. Já a Irlanda, apesar de não ser das minhas preferidas, considerei injusto. A música tinha potencial para uma melhor posição. Além disso, foi a última a actuar, o que se torna curioso. O público europeu já estaria cansado de tanta música?

Por fim, queria demonstrar o meu agrado relativamente à Holanda, Moldávia e Ucrânia. Três grandes canções, que integravam também as minhas favoritas, e que foram compensadas com posições relativamente boas. Principalmente a terceira, o top3 foi algo imensamente espectável. A Holanda, no top10, é quase como se fosse uma vitória para esse pequeno país, tão esquecido dentro do certame. E a Moldávia, tendo em conta a desafinação de Aliona, recebeu um agradável 11º lugar.

Foram três noites de grande espectáculo, que depressa acabaram. Vemo-nos para o ano… em Copenhaga, talvez? 14 quilómetros separam a cidade de Malmo da capital dinamarquesa, já dizia o placard.

Termino aqui a minha crítica de análise à Eurovisão 2013. Agradeço desde já ao Zapping a oportunidade que me concedeu. É um gosto enorme comentar este festival, que acompanho assiduamente todos os anos! Obrigado. See ya!

Por Tiago Vale