“Esplendores do Episcopado”, esta noite no ‘Perdidos e Achados’ da SIC

Esplendores do Episcopado

“Esplendores do Episcopado” é o tema do ‘Perdidos e Achados’ da SIC. A reportagem de Joaquim Franco vai para o ar esta noite no “Jornal da Noite”

Em 1953, há uma oposição que se apresenta a eleições, mas a União Nacional garante a hegemonia. Salazar comemora 25 anos de chegada ao poder.

Movimentos de ação católica começam a politizar-se e desenham uma ação social perante uma hierarquia maioritariamente comprometida com a situação. É uma sociedade estratificada e conservadora. Há perseguições. Os jornalistas enfrentam a censura. São tempos agitados no Alentejo, sobretudo mais a sul, com pobreza e greves que mobilizam milhares de trabalhadores a pedir aumento do salário.

Reconciliada com o Estado, a Igreja recuperar aos poucos o património confiscado na primeira república, a economia está a crescer e o país inaugura equipamentos públicos. O ensino primário é já obrigatório. Têm influência as fortunas familiares. Começa a acentuar-se a emigração e o êxodo para o litoral.

Vindo das missões, Agostinho de Moura é feito bispo e nomeado para Portalegre. Um filme realizado por profissionais que viriam a estar associados à fundação da RTP, regista a entrada do prelado na diocese, em cortejo, a 10 de maio, desde a barragem de Castelo de Bode, inaugurada dois anos antes, ainda no distrito de Santarém, até à cidade episcopal de Portalegre. 60 anos depois, recuperam-se memórias.

A SIC fez o mesmo percurso do bispo e encontrou uma diocese vítima do êxodo rural e do abandono por parte do poder central. Pelo caminho, em Martinchel, Abrantes, Tolosa, Alpalhão… muita gente reconhece-se num filme que nunca tinha visto. O envelhecimento no Alentejo há muito fez soar o alarme. Há dois idosos por cada habitante em idade ativa. Há 60 anos havia um idoso por cada três pessoas em idade ativa.

Os campos ocupavam 44% do Portugal ativo, o governo imaginava uma colonização interna, lançava um plano de fomento e ninguém podia prever em Portalegre o holocausto a que seria sujeita a agricultura e a indústria. Faltou a modernização. A Robinson, fábrica emblemática da cortiça, empregava largas centenas de pessoas. Faz hoje parte da arqueologia industrial do Alentejo, reflexo de uma terra em agonia. A diocese de Portalegre/Castelo Branco, que abrange os distritos de Portalegre, Castelo-Branco e parte de Santarém, terá perdido 1/3 da população.

D. Agostinho de Moura ganhou fama de empreendedor. Sucedeu a António Ferreira Gomes, nomeado bispo do Porto, que seria exilado em choque frontal com Salazar. Uma diocese, dois homens, duas atitudes. Perdidos e Achados faz uma ponte de 60 anos em Portugal,  a partir de um filme esquecido, e agora recuperado, nos arquivos da história audiovisual…

“Esplendores do Episcopado”, uma reportagem de Joaquim Franco, com imagem de Hugo Neves e edição de Andrés Gutierrez. Para ver esta noite no ‘Perdidos e Achados’ do “Jornal da Noite”.