A Gfk deixou de medir as audiências na Ucrânia e vai ser substituída pela Nielsen, que será a empresa que medirá as audiências no país. Esta saída da Gfk está relacionada com a acusação por parte de um operador de televisão local de manipular os resultados das audiências, refere a imprensa ucraniana, citada por meios especializados.
A Gfk tinha um contrato até 2014 com a TIC, entidade que regula a medição de audiências na Ucrânia, que havia sido renovado em 2011. Agora, com a mudança, termina uma relação de mais de dez anos que a Gfk, empresa que mede actualmente as audiências em Portugal, tinha com o mercado de televisão e de anunciantes da Ucrânia. «Não há razão para suspeita, porque os resultados estão correctos. Utilizamos todos os procedimentos que estão estipulados. Só que criou-se uma atmosfera no mercado em que não havia consenso acerca dos dados», afirmou Dominique Vancraeynest, director da unidade de desenvolvimento de negócio global da Gfk, citado pelo Jornal de Negócios.
Ainda segundo o jornal especializado em economia, a queixa partiu da Ru.Music TV, cujo director Rudolf Kirnos, garantiu, em Maio de 2012, ter provas de que os resultados produzidos pela empresa alemã estavam a ser manipulados. Apesar de tudo, depois de uma investigação encomendada pela Gfk à Kroll, não ficou provado que a empresa de medição de audiência deturpou os resultados. «As investigações não provaram que os resultados foram manipulados. Aconteceram situações nas audiências que não são típicas e que são difíceis de explicar», garante Vancraeynest.
O responsável da Ru.Music TV afirmou ainda que algumas famílias do painel da Gfk foram subornadas para alterarem os seus hábitos de consumo de televisão. «Em dez anos, é importante dizer, o painel funcionou bem na Ucrânia, não tendo havido qualquer suspeita. Isto parte de uma pequena televisão, que tem 0,5% de share, que diz ter audiência mais altas do que realmente tem», observa o responsável, ainda citado pelo Jornal Económico.
A Gfk iniciou, em Portugal, a medição há cerca de um ano, num processo que envolveu polémica desde o concurso lançado pela Comissão de Análise de Estudos de Mercado. Assim que o sistema da Gfk entrou em vigor, a RTP queixou-se das suas audiências estarem abaixo da realidade, devido, segundo alegou, ao facto de as populações mais velhas estarem subrepresentadas na amostra. Esta queixa conduziu, inclusive, à realização de uma auditoria encomendada pela RTP. Sobre esta matéria, Dominique Vancraeynest diz: «Faço um apelo aos players do mercado, televisões, anunciantes e agências de meios. Só é possível estabilizar o sistema criando unidade e confiança».