Guionista de “Belmonte” driblou imprensa com decisão preliminar

Aquele que poderia ser um dos maiores mistérios de “Belmonte” ficou esclarecido logo no primeiro episódio. Carlos (Marco D’Almeida) foi o responsável pela morte de Emílio (António Capelo).

O vilão da trama deslocou-se ao Brasil, ao saber que o pai tinha uma filha (e uma família) paralela e acabou com a vida do progenitor, estando mesmo presente no local onde tudo se passou e onde Emílio teve o fatídico acidente.

Para o autor, o facto do assassino do patriarca já estar divulgado não é um problema. «Não, nada, antes pelo contrário. Há dois tipos de histórias no que diz respeito a um ponto de partida com um assassinato. A primeira é o clássico: “Quem é que matou a outra?”. Se virmos logo quem matou ou continua a matar é “Porque é que matou ou mata e quando é que é apanhado?”», refere Artur Ribeiro à TV7 Dias.

O argumentista refere ainda que «No caso de “Belmonte”, a história principal nunca foi o mistério de quem matou o Emílio. Assim, achei que era muito mais rico para a história o espectador saber mais que as outras personagens e estar a apreciar, mesmo que aterrorizado, até onde poderá ir o Carlos e quando é apanhado, isto se for apanhado, claro».

Desta forma, para o autor, o espectador ganha cumplicidade com a trama: «Ao mesmo tempo o espectador passa a temer pela vida dos outros irmãos e pessoas que se aproximem demais desta personagem. Nesta abordagem o espectador é mais cúmplice da história e, por isso, frustrante seria, andarmos a esconder do espectador».

Para terminar, Artur Ribeiro confessa ainda que a decisão também serviu para driblar a imprensa, que havia de revelar a identidade do assassino mais cedo ou mais tarde, estragando a surpresa. Por esta razão optou por desvendar logo tudo e mostrar Carlos como assassino do pai. «De qualquer forma se acabaria por saber na imprensa», concluiu.