Luísa Cruz não teme que a agente Susana de “Belmonte” caia na caricatura

Luísa Cruz é a agente Susana de “Belmonte”

Luísa Cruz vive a agente Susana em “Belmonte” e cabe à sua personagem a resolução de alguns dos mistérios da trama.

A desempenhar um papel completamente diferente do que já fez, a atriz diz-se agradada. «Nunca tinha feito uma polícia. Agrada-me muito porque implica outro tipo de estudo para a personagem. Tive conversas com mulheres com altos cargos na GNR para perceber como é isto de ser uma mulher com autoridade. Também fiz uma sessão na carreira de tiro para perceber como funciona a Glock 19 [arma]. Foram situações pelas quais gostei de passar», conta à Correio TV.

A caraterização, como o cabelo curto, é indiferente para a atriz. O que conta é o interior da personagem: «Se tivesse o cabelo comprido era exatamente a mesma coisa. Mas reconheço que, para o telespectador, possa ter outro impacto. Ela é uma mulher muito feminina a quem não deixaram viver nessa condição».

Com um sotaque carregado e um visual atípico, Luísa Cruz não teme, no entanto, que a agente Susana se venha a tornar numa caricatura nem essa é a sua intenção. «É bom que isso não me passe pela cabeça, se não fica ridículo. Confio na direção de atores e realizadores. Tudo o que for excessivo, tenho a certeza que me vão dizer. Em televisão costumo trabalhar do menos para o mais. Já em teatro gosto de fazer muito para depois ir tirando. Na TV é mais produtivo ao contrário», conta.

Com uma peça de teatro paralela a “Belmonte”, a intérprete confessa que não é fácil ver-se na TV. O pouco que vê serve para «ir limando arestas no meu trabalho» até porque é a sua «pior inimiga», pois vê «sempre tudo com olhos clínicos».

Na rua as pessoas têm aprovado a personagem. «Normalmente dão-me uma palmada nas costas e dizem: “Oh sôr Guarda”. E perguntam-me se vou conseguir descobrir quem matou a rapariga». Envergonhada com a aproximação do público, a atriz confessa que às vezes lhe «apetece meter por um buraco abaixo… por mais anos de profissão que tenha, é uma coisa crónica».

Já em “Olhos Nos Olhos”, onde interpretava a vilã Rute Santos Oliveira, as abordagens foram diferentes. Luísa Cruz conta que certo dia «uma senhora veio ter comigo, olhou para mim muito séria e disse-me: “Você é nojentinha, é mesmo nojentinha”. Disse que era o meu trabalho, mas ela não ficou convencida. Às vezes dá medo. Quando se faz uma personagem má as pessoas no supermercado ficam a olhar e a fazer o scanner, de cima a baixo. São situações constrangedoras».

A fazer televisão porque por vezes «há trabalhos que gosto muito», a atriz fá-lo essencialmente pela vertente económica: «Há uma coisa que tem de ser dita: com o ordenado de teatro não consigo sustentar a minha casa. Com o que ganho na Plural [produtora da TVI], sim, consigo viver… mas atenção, é contadinho. Nada de grandes aventuras. Na verdade, gosto tanto da linguagem do teatro como da da televisão. Quando estou muito tempo sem fazer uma destas coisas começo a sentir falta».

Com algumas personagens bastantes parecidas no currículo, Luísa Cruz agradece a viragem que a agente Susana lhe trouxe: «Nos últimos tempos tem acontecido mais na televisão [personagens repetidas]. Mas, com “Belmonte2, as agulhas viraram-se para outro lado» com uma «fronteira é muito ténue» entre o drama e a comédia.

Na entrevista à Correio TV, a atriz adianta ainda alguns pormenores da história e revela que a agente Susana «vai limitar-se a tudo o que é investigação no caso Laura Pires [Sofia Ribeiro]». Quanto ao seu trabalho diz que o seu objetivo é «fazer com que a GNR seja bem vista». «Ser polícia é difícil para muitas mulheres. São sempre conotadas como homossexuais», afirma.

Antes de chegar a “Belmonte”, a atriz passou por várias novelas da TVI como “Doida Por Ti”, “Anjo Meu”, “Sentimentos”, “Olhos nos Olhos” ou “Espírito Indomável”.