Morreu Nicolau Breyner [1940-2016]

génio do mal

Morreu esta segunda-feira, aos 75 anos, o ator Nicolau Breyner. João Nicolau de Melo Breyner Lopes nasceu em Serpa, a 30 de julho de 1940 e um ataque cardíaco foi a causa da morte, segundo está a avançar a imprensa na generalidade.

Nico, como era conhecido no meio artístico, estreou-se no mundo audiovisual com o filme “Raça” em 1961. “Os Anjos Estão Connosco”, em 1963, foi a sua primeira incursão no mundo da televisão.

Pai artístico de Herman José, coprotagonizou, a meias com o humorista, a rábula ‘Sr. Feliz e Sr. Contente’ no programa “Nicolau no País das Maravilhas”. Estávamos em 1975 e Nicolau Breyner ascendia à primeira divisão da televisão nacional.

Em 1982 ajudou a fazer uma das maiores revoluções no panorama televisivo. “Vila Faia”, a primeira novela portuguesa, nasceu pelas suas mãos e a ele coube o protagonista masculino: O icónico João Godunha.

“Euronico”, “Eu Show Nico”, “Os Homens da Segurança” e “Gente Fina É Outra Coisa” marcaram a carreira do artista na década de 1980 e foram sucessos incontornáveis da televisão pública, único canal à data.

Em 1992 funda um império audiovisual e, depois de ter estado na origem da primeira novela portuguesa, torna-se no responsável pela criação da fábrica de ficção, algo inédito em Portugal. Assim nascia a NBP (Nicolau Breyner Produções) e com a produtora estreou “Cinzas”, novela que também protagonizou ao viver o mendigo Securas.

Entre 1993 e 1996 protagonizou a sitcom “Nico d’Obra”, um dos únicos programas da RTP1 que se intrometia na liderança da SIC, que já tomava, entretanto, conta dos Tops de audiências.

Depois de várias novelas na sua NBP, coprotagonizou “Fúria de Viver” na SIC (2002). A sua carreira passa depois só por séries na RTP1 como “João Semana” ou “Santos da Casa”.

Em 2007 regressa à SIC e às novelas para um dos papeis mais marcantes da sua carreira. Viveu o todo-poderoso Alberto Lacerda, grande vilão de “Vingança”.

No ano seguinte regressa em registo cómico como o bonacheirão João Costa, administrador do condomínio de “Aqui Não Há Quem Viva”.

Em 2008 ingressa na TVI com uma participação em “Flor do Mar”. Seguiram-se alguns “Casos da Vida”, “Equador” e “Morangos Com Açúcar”.

“Jardins Proibidos”, “O Beijo do Escorpião”, “Louco Amor” e “Meu Amor” foram as últimas participações vistas em telenovela, sempre com papeis de relevo. Entre uma e outra produção ainda fez, para a RTP, “Uma Família Açoriana” e “Os Compadres”, uma espécie de revival de “Nico D’Obra”, grande sucesso de 1993.

Atualmente Nicolau Breyner estava a gravar “A Impostora”, novela da TVI ainda não estreada, com a personagem de Edmundo Gaspar.

Numa carreira que conta com passagens inesquecíveis pelo cinema e televisão, Nicolau Breyner fez parte de mais de 150 projetos televisivos e cinematográficos.

“Pão, Amor e… Totobola” de 1964 foi o seu primeiro grande sucesso no grande ecrã, onde voltaria a viver momentos de glória várias vezes, como em “O Diabo Era Outro” (1969), “Adeus Princesa” (1992), “Jaime” (1999),  “Inferno” (1999), “Os Imortais” (2003),  “Kiss Me” (2004), O Crime do Padre Amaro (2005), “Corrupção” e “O Mistério da Estrada de Sintra” (2007).

Para além na telenovela “A Impostora”, estão ainda por estrear no cinema “”A Ilha dos Cães”, “Before Dawn” e “Expatriate”.

Com uma extensa carreira à frente das câmaras, Nicolau Breyner experimentou várias vezes a cadeira de realizador. “7 Pecados Rurais” (2013), “A Teia de Gelo” (2012) ou “Contrato” (2009) são exemplos no cinema de obras realizadas por Nico. Na televisão ficam para a história títulos como “Origens” (a segunda novela portuguesa), “Verão Quente” ou “7 Vidas”.

Para além de ator e realizador, Nicolau foi também apresentador. Exemplos da sua veia de entertainer são “Eu Show Nico” (1988), “Euronico” (1990), “Jogo de Cartas” (1989), “O Preço Certo” (1990), “Com Peso e Medida” (1994), “Malta Gira” (1995), “Falhas e Fífias” (1995), “João Nicolau Breyner” (2000) ou  Nico à Noite” (2011). Deu ainda voz, em 2004, ao concurso “Pulsações”.

A última aparição pública aconteceu no passado sábado, na inauguração de uma exposição na Galeria Sá da Costa, onde encontrou e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.