[Pontas Soltas]: CMTV – Ele já entrou no jogo

Talvez foi uma das revelações mais surpreendentes no panorama audiovisual português. O jornal “Correio da Manhã”, líder de audiências, comandado por Octávio Ribeiro, queria entrar na plataforma televisiva. Aliás, era uma vontade antiga do presidente do Grupo Cofina, Dr. Paulo Fernandes. Por isso, há um ano atrás, teve-se a ideia de juntar uma marca sólida com 35 anos de vida com um canal de televisão que fosse forte e credível. Aliás, este canal assume-se como generalista, com base na informação.

E assim foi, depois de contratações de luxo, na informação – José Carlos Castro, Andreia Vale, Marcos Pinto – e no entretenimento – Nuno Graciano e Maya; de muito investimento, teria que se ver o resultado final. Sim, porque o investimento feito traduzia-se nos melhores equipamentos técnicos da última geração, equipamentos esses que foram (e continuam a ser!) utilizados pelas principais estações de notícias do mundo.

À partida seria um projecto fracassado, devido aos excessivos canais de informação que temos actualmente no nosso país. No entanto, apesar das dificuldades técnicas e dos erros constantes, o canal foi fazendo um crescimento sólido e conquistando dia após dias, os espectadores. E relembramos que a CMTV (ainda!) apenas poderá ser visto numa das maiores plataformas de canais por cabo.

1 ano depois, é preciso fazer um balanço positivo sobre o nascimento deste canal generalista. É certo que as audiências ultrapassaram as expectativas. No entanto, estamos apenas a falar de um ano de vida. Será necessário remexer os conteúdos para fazer uma maior sinergia entre a marca do jornal e as restantes marcas do grupo.

Em termos técnicos, podemos dizer que está a fazer os seus “serviços mínimos” com alguns dos melhores profissionais da área. Quanto aos repórteres, acreditamos que estejam a fazer as coisas com o coração. Mas, o que passa cá para fora, é que o coração ultrapassa a razão. E em certa forma, a ética jornalística é posta muita das vezes em causa, quando querer mostrar a notícia em primeira-mão.

Sabemos que o mercado publicitário não está fácil (embora que tenha havido uma ligeira subida nestes últimos meses), mas de uma coisa é certa: esta aposta, veio a mostrar que ainda é possível fazer nova televisão. Agora fazer

nova televisão com qualidade e falando mais concretamente neste exemplo, isso já é uma situação à parte. Mas, factos são factos e a CMTV já entrou em jogo, pronta para derrubar todos os seus adversários. Pelo menos, continuamos a ter uma concorrência saudável.

José Rodrigues