“Questão Z” é a nova rubrica do nosso site. Todas as semanas estará disponível uma questão no nosso fórum que conta com a sua resposta.
Aos sábados são publicados os resultados finais e os comentários de algumas figuras conhecidas da nossa praça. Rui de Sá, ator, diretor de atores e diretor de dobragens será um dos nossos comentadores fixos, ao qual se juntam nesta primeira semana Maria Vieira, atriz e comediante portuguesa, André Nunes, ator que dá vida a Orlando na novela ‘A Única Mulher’ e Samuel Rocha, membro do fórum Zapping TV.
Fique agora, com os comentários desta semanas dos nossos convidados.
Rui de Sá, ator:
“Todos, sem excepção, de uma forma ou outra, têm os seus Ídolos.Talvez se possa dizer que cada um tem os ídolos que merece e no geral os Portugueses merecem os ídolos de mais uma edição do Programa da SIC.
Fará sentido esta nova aposta? Para mim, não, para a SIC fará. Com certeza, que com esta aposta, a SIC mata não dois mas “três coelhos de uma só cajadada”. Com ‘Ídolos’, fica com um programa de canções, com um programa barato de entretenimento e com um programa de humor (lucrando desta forma ao não ter de investir em verdadeiras sitcoms,com verdadeiros atores).
Através do ‘Ídolos’, milhares acreditam que poderão chegar ao “estrelato” no panorama artístico/nacional… Pura ilusão. Com um mercado tão pequeno para os já profissionais, quem vencer, andará nas capas de revistas, em programas televisivos, mas….apenas até ao ‘Ídolos’ seguinte.
À priori e na boa fé, todos os candidatos à “fama” autorizam o direito de uso de imagem, não pensando nas consequências, pois essas mesmas imagens serão usadas em emissão como belos momentos de humor, não pela graça do texto, mas pelo ridículo a que alguns concorrentes são expostos,após imagens editadas.
Com esta nova edição de ‘Ídolos’, programa de canções, fiquei a perceber que mesmo que se cante bem,o mesmo pode não servir para se ser artista/cantor, caso o concorrente não se vista bem ou melhor, que o vestuário não seja do agrado e gosto de três pessoas.
Na minha estreia Mundial como comentador televisivo,deixo duas recomendações:
Primeira:senhores jurados, julguem, critiquem mas de forma positiva e construtiva, não ridicularizando jovens que apenas cometeram o “crime” de quererem concretizar um sonho.
Segunda: caros concorrentes,se o vosso sonho é ser alguém no panorama musical,tenham humildade para aceitar as críticas…e já agora…nunca desistam dos vossos sonhos…nem dos vossos Ídolos.”
Maria Vieira, atriz:
“Confesso que não sou, nem nunca fui, apreciadora ou adepta de “Talent-Shows”. E muito menos ainda de “Game-Shows” e “Reality-Shows”. Entendo o motivo pelo qual as televisões insistem nesse tipo de formato que, evidentemente, é muito mais barato do que produzir uma série de ficção, uma peça de teatro, um filme, um concerto ou um espectáculo de variedades, cuja gama de intervenientes (autores, actores, cantores, bailarinos, músicos, directores de actores, figurinistas, encenadores, etc) têm que ser justamente remunerados pelo seu trabalho, ao contrário das pessoas que se sujeitam, gratuitamente, a ser avaliadas (e muitas vezes humilhadas) por 3 desconhecidos que, não raras vezes, não têm sequer conhecimentos para avaliarem os candidatos a Ídolos. Só o nome do programa – «Ídolos» – (ídolos do quê e de quem?) já é suficientemente ridículo e quimérico, tendo em conta a escassa demografia do nosso país e o pobre e reduzido mercado artístico que lhe é subjacente. E o mais engraçado (sem graça nenhuma) é saber que, neste caso, os cantores e os músicos profissionais, em vez de estarem a ocupar o lugar dos pretensos ídolos na TV, como seria natural, estão em casa, a assistir às actuações daqueles que, quando o “Ídolos” acabar, vão, na esmagadora maioria dos casos, engrossar a fila de desempregados relacionados com a profissão que sonham um dia vir a abraçar… Portanto, e em resposta à vossa pergunta: Não! Não faz qualquer sentido esta nova aposta em mais uma edição dos “Ídolos”, assim como esse tipo de programas não fazem quanto a mim, qualquer tipo de sentido.”
André Nunes, ator:
“Não tenho acompanhado o programa, e embora não seja o meu tipo de programa de eleição, admito que tem o seu valor e conteúdo. Pois trata de descobrir talento, e isso é sempre uma mais valia. De certa forma faz muita gente sonhar, e quem não gosta de ouvir uma voz agraciada pelo virtuosismo? Quem me dera a mim cantar assim tanto. Pontos negativos, é um júri sensacionalista que enxovalha os agraciados com a dita voz de cana rachada, mas enfim. Sempre nos dá algum prazer ver outro ser enxovalhado, está na essência do ser Humano, nada a fazer.”
Samuel Rocha, Zapping TV:
“Comecemos pela parte negativa desta aposta. As estações televisivas portuguesas estão a seguir um caminho muito pouco ambicioso. O que mais vemos na TV de hoje em dia são formatos ultrapassados, por vezes adaptações de adaptações. É certo que os portugueses têm tendência a rejeitar novos formatos, programas que primam pelo ‘diferente’ (o “Vale Tudo”, por exemplo), mas daí a apostar quase sempre na mesma coisa acaba por saturar. O “Ídolos” é um exemplo claro disso mesmo. Tivemos “Factor X”, tivemos “Rising Star”, tivemos “Got Talent”… vimos talent shows aparecerem uns atrás dos outros. O que faz a SIC? Aposta noutro talent show.
A tudo isto juntam-se as críticas negativas que têm surgido tanto em relação ao júri como ao programa em geral. Eu tenho gostado do que tenho visto, mas entendo o que se tem dito. O público está cada vez mais exigente… e vai desistindo das generalistas.
Apesar de o “Ídolos” trazer sempre aquela nostalgia a que nos habituou, há algo que simplesmente já não funciona. Acho portanto que a SIC tinha outras hipóteses que poderiam fazer frente a um “Dança Com as Estrelas” já cansado. Tarde demais para agir, como tem vindo a ser hábito.”
Para a semana a Questão Z será: “As mudanças na direção da RTP vão trazer mais serviço público?“. Pode já começar a votar em: http://forum.zapping-tv.com/t2227-questao-z-edicao-2#315860.