[Raio Z] Entrevista a Frederico Amaral: “Os ‘Morangos’ tiveram tempo para consolidar o seu público. O ‘I Love It’ não.”

Numa altura em que brilha como Rena em ‘I Love It’, Frederico Amaral fala-nos da sua experiência como ator numa entrevista animada. Com ‘Uma Família Açoriana’ e ‘I Love It’ no currículo, o açoriano promete não ficar por aqui.

É Frederico Amaral em mais um Raio Z!

Zapping: Já terminaram as gravações de ‘I Love It’. Como foi fazer parte deste desafio?
Frederico Amaral: Foi mesmo um grande desafio, uma viagem inesquecível. Foram nove meses de muito de trabalho, aprendizagem, de riso, de choro e de muita, muita diversão. Uma experiência que fica para a vida e com isso muitas amizades também.

Z: Sentiu que desde o início eram conhecidos como os substitutos de ‘Morangos com Açúcar’?
FA: No início sim. São projetos distintos, com linguagens diferentes, que abordam temas idênticos e outros não. Os Morangos tiveram tempo para consolidar o seu público. O ‘I Love It’ não.

Z: Deu vida a Rodolfo, mais conhecido por Rena. Como foi interpretar esta personagem?
FA: Foi sem dúvida o melhor que me podia sair na rifa. Costumo dizer que me ofereceram um rebuçado e tive o melhor prazer em degustá-lo. Com este personagem senti que podia fazer tudo: o pino, a cambalhota, o salto encarpado, a roda ao meio. O Rodolfo era uma criança adulta, um pestinha sem travão, talvez muito parecido com o que eu era em pequeno. Aproveitei alguns dos meus atributos (sotaque micaelense, fisionomia) para criá-lo. Diverti-me à grande!!

Z: O seu personagem acabou por ser o representante dos Açores. Sentiu que tinha uma responsabilidade em cima dos seus ombros?
FA: Nenhuma. Representar alguém das ilhas é só motivo de orgulho. O mais importante era fazer o meu trabalho da melhor maneira e com isso levar o nome dos Açores mais longe.

Z: É raro vermos personagens das ilhas na televisão. Sente que há uma leve discriminação?
FA: Não é descriminação, simplesmente não acontece muito aparecerem personagens com sotaque das ilhas. Na série ‘Uma Família Açoriana’, na qual também participei, quase todos os personagens eram Açorianos mas por opção foi definido que falavam sem pronúncia. Haverá sempre personagens das ilhas, é tudo uma questão de se usar ou não o sotaque.

Z: ‘I Love It’ não está a corresponder às expetativas da TVI. Como vê esta mudança de horário (a série passou a ser exibida aos sábados de manhã)?
FA: Audiências. Ajustes de programação. Opções.

Z: Integrou também o elenco de ‘Uma Família Açoriana’. Como foi gravar esta série para a RTP?
FA: Esta série teve um sabor especial, porque foi o meu primeiro elenco fixo, porque era uma série de época e sobre um iluminista Açoriano, porque gravei em S. Miguel e porque tive a oportunidade de contracenar e aprender com grandes dos “nossos” atores: Nicolau Breyner e Maria João Luís. Que mais dizer… Foi outro projeto muito feliz e com uma equipa maravilhosa.

Z: A série passou-se no século XIX. Como se preparou para dar vida ao Artur Salgado?
FA: Comecei por ler o livro de Maria Filomena Mónica, ‘Os Cantos’, para conhecer todo o conflito original e depois o guião da série. Visualizei alguns filmes de época para encontrar referências para o meu personagem. Um dos que mais me ajudou foi o filme ‘Reviver o Passado em Brideshead’, estando mais atento ao personagem interpretado pelo Jeremy Irons. Tive de encontrar uma linguagem corporal e vocal diferente do nosso tempo, o que se torna difícil porque estamos muito formatados aos dias de hoje.
Todos os meus genes insulares e os meus antepassados correm-me nas veias, e isso tem um forte peso no meu imaginário.

Z: Quais foram as principais diferenças entre gravar ‘Uma Família Açoriana’ e a série ‘I Love It’?
FA: 8 e 80… A Família Açoriana era uma minissérie de época, onde tudo foi gravado com mais calma. Existiam dois locais “fortes” para rodar a série (Açores e Lisboa), logo é preciso mais tempo devido à condição geográfica. A ação decorria no século XIX, logo os “ruídos” também são outros.
Em telenovela, e mais especificamente falando do ‘I Love It’, a sensação foi a de entrar num comboio que arrancou a mil à hora e que só abrandou no fim. As personagens também não tinham nada a ver uma com a outra.
Foram dois projetos com muitas diferenças, mas ambos desafiantes.

Z: Agora que já se despediu do Rena, já tem um novo projeto para TV em mãos?
FA: Por enquanto, em televisão não surgiu nada.

Z: Perguntas Rápidas:
Maior Vício… Chocolate;
Livro/Filme/Música/Série Favoritos… Livro: ‘O Lado Selvagem’, Filme: Cinema Paraíso, Música: Beatles, Série: The Walking Dead;
Na TV não dispenso… o Telejornal;
A pessoa que mais admiro é… a minha mãe;
Não vivo sem… comer;
Não saio de casa sem… o telemóvel;
Um dia corre bem quando… aprendi mais qualquer coisa.

Z: Pergunta Final: A sua vida dava uma novela? Porquê?
FA: Dava uma novela porque já passei por várias temporadas. A minha saída dos Açores, os meus estudos no Porto, a minha vinda para Lisboa. A minha breve temporada em Barcelona. Espero que esta minha “novela” dure por muito tempo, com muitas temporadas, conflitos e desafios.

Entrevista de Ricardo Neto
Revisão de Inês Silva