[Raio Z] Entrevista a Inês Faria: “Os espectadores já estavam a precisar de uma ‘lufada de ar fresco’, no que toca à ficção nacional em horário nobre.”

Nova nestas andanças, a atriz que dá vida a Inês em “Bem-Vindos a Beirais” conta-nos como chegou até aqui e como é pertencer à “família beiralense”. A aspirante a atriz, como a própria o diz, revela-se ao Raio Z e conta-nos um pouco mais do que podemos esperar da sua Inês Santiago.

A estudar Teatro, na Escola Profissional de Teatro de Cascais, Inês Faria conta-nos tudo sobre os seus projetos e sonhos em mais um Raio Z!

Zapping: “Bem-Vindos a Beirais” é o seu primeiro grande papel, como chegou à série?
Inês Faria: Surgiu a oportunidade de fazer um casting para um dos 12 telefilmes produzidos pela Plural, para a RTP, e foi-me “entregue” uma das personagens principais. Não estava nada à espera de ser seleccionada, visto que era o meu primeiro casting e nunca ter feito mais nada, além dos “teatrinhos” da escola. Claro que o bichinho da representação esteve sempre presente desde pequena, embora tenha sido uma miúda muito tímida no que tocava a “demonstrações”, só mesmo com a família e mesmo assim…
Depois desse magnifico projecto (Telefilme “Jogos Cruéis”), em que tive o prazer de trabalhar com excelentes profissionais do meio. Entre eles, destaco o ator e realizador Afonso Pimentel, que desde o início acreditou em mim e fez com que eu também acreditasse. E também o ator António Cordeiro (que interpretava o papel de meu pai, no telefilme), que me incentivou imenso e falou logo de mim à minha actual agente Sofia Espírito Santo, que pertence à agência True Sparkle, agência de jovens aspirantes a atores (sim, porque ainda não me considero, nem de perto nem de longe, uma atriz).
Entretanto entrei para a Escola Profissional de Teatro de Cascais e estou, neste momento, no 2º ano do curso. A meio do primeiro ano do curso, surgiu um convite, por parte da RTP, para integrar o elenco da série “Bem-Vindos a Beirais”, produzida pela SP Televisão. Um contrato que, inicialmente, tinha uma duração de 3 meses e já andamos a gravar há 1 ano!

Zapping: A série tem obtido vários recordes. Acha que é possível que “Bem-Vindos a Beirais” lidere a tabela de audiências?
IF: Sim, é verdade, temos conquistado resultados fantásticos. Fruto da grande união que existe entre toda a equipa da série.
Seria um privilégio e uma alegria enorme, para nós, se a liderança da tabela de audiências nos fosse atribuída (nem que fosse por um dia, ahah). Mas não é esse o nosso objectivo e temos consciência que ainda somos novatos no que toca a estas andanças.

Zapping: Na sua opinião o que cativa os portugueses a ver esta série?
IF: Penso que os espectadores já estavam a precisar de uma “lufada de ar fresco”, no que toca à ficção nacional em horário nobre. Sempre as mesmas novelas, sempre os mesmos enredos e acho que “Beirais” veio mudar um pouco isso. E, neste caso, acho que foi uma mudança boa. Cada episódio tem um título e nenhum episódio é igual ao outro. Uma coisa é certa, não há um único episódio que não suscite uma gargalhada no espectador. Na minha opinião, o segredo do sucesso da série também passa muito por existirem, constantemente, participações especiais e caras novas em cada episódio. E isso faz com que o espectador não se canse.

Zapping: Falando na sua Inês. Sente que a sua personagem tem vindo a crescer?
IF: A Inês é uma miúda com uma personalidade muito forte e, ao longo, da série tem passado por várias mudanças: primeiro a mudança de Lisboa para Beirais e, depois, a separação dos pais. É uma adolescente e isso basta, está constantemente a deparar-se com mudanças de humor, com os conflitos considerados normais durante a adolescência. Mas acho que, apesar de tudo, a Inês Santiago é feliz em Beirais.

Zapping: Vêm aí mais temporadas de “Beirais”. O que nos pode avançar sobre o futuro da sua personagem?
IF: Não sei, não sei. Têm de acompanhar a série (ahah)… Mas um passarinho contou-me que a Inês Santiago vai ter um namorado…

Zapping: Quais são as principais diferenças entre gravar a série “Bem-Vindos a Beirais” e gravar um telefilme como “Jogos Cruéis”?
IF: A série “Bem-Vindos a Beirais tem um ritmo alucinante, já cheguei a gravar 13 cenas seguidas, sem paragens, e depois seguir para exterior para gravar 3 cenas! Não há tempo para se pensar muito, é fazer e pronto.
Já no telefilme foi tudo mais espaçado, podíamos pensar e reflectir sobre cada cena, o que vai fazer com que o produto final seja mais realista, coerente e que as pessoas se identifiquem mais. Existe um processo de construção de personagem muito mais longo, porque nos é exigido que, num curto espaço de tempo, passemos para o espectador quem é a aquela personagem, o antes e o depois… Aquela personagem, para ser credível, não pode ter chegado ali de pára quedas, temos de criar objectivos para cada personagem e identificar todos os obstáculos para tais objectivos.

Zapping: Além de “Beirais”, que outros projetos tem neste momento?
IF: Estou, ao mesmo tempo, no 2º ano da Escola Profissional de Teatro de Cascais. O que faz com que não me reste muito tempo livre…
Mas tenho como ambição o teatro, a minha grande paixão… E é para isso que estou a estudar. Tenho também uma enorme curiosidade em fazer dobragens, infelizmente nunca tive oportunidade, mas fica aqui anotado (ahah)!

Zapping: Da nova geração de atores, é das poucas atrizes que não vem dos “Morangos com Açúcar”. Tentou integrar um dos elencos da série ou este não foi um projeto que a cativou?
IF: Acompanhei os “Morangos Com Açúcar” desde a primeira temporada, fizeram parte da minha infância… E desejava um dia lá estar, como qualquer um dos miúdos na altura, mas nunca passou disso… Nunca fui a nenhum casting. Como disse, tudo isto aconteceu num curto espaço de tempo, não estava nada planeado, as coisas foram acontecendo.

Zapping: Alguns colegas seus referem que “Beirais” já é uma família. É difícil despir a personagem e voltar “ao mundo real”?
IF: Não, não é difícil… Como a minha professora Beatriz Batarda diz: “temos de guardar o nosso “eu” no bolso” e, assim que saio do estúdio, tiro-o do bolso e volto a ser a Inês Faria, visto que não é uma personagem com uma grande densidade emocional.
Quanto a Beirais ser uma família, eu nem sei o que dizer. É verdade, sem dúvida que sim! Passamos tanto tempo juntos, ajudamo-nos tanto, rimos tanto, já passámos por tantas situações juntos, que já somos a família Beiralense. Quem vem de fora, e passa um dia ou outro connosco, apercebe-se disso. Já conhecemos todas as manias, defeitos, qualidades e gostos uns dos outros, mas acaba por acontecer inconscientemente, fruto do tempo que passamos juntos (que é bastante, diga-se de passagem ahah).

Zapping: Perguntas Rápidas:
Maior Vício… Café
Livro/Filme/Música/Série Favoritos… Livro: À Espera de Godot, de Samuel Beckett. Filme: Incendies e V de Vingança
Na TV não dispenso… Filmes
A pessoa que mais admiro é… A atriz Rita Blanco
Não vivo sem… Telemóvel
Não saio de casa sem… Telemóvel
Um dia corre bem quando… Não me esqueço de nada em lado nenhum, sou super despistada!

Zapping: Pergunta Final:
A sua vida dava uma novela porquê?
IF: No máximo daria uma curta-metragem, em comparação a tantas outras vidas…

Entrevista de Ricardo Neto
Revisão de Margarida Costa