Pedro Górgia nasceu em Angola, a 20 de março de 1973 e iniciou-se na representação aos 18 anos no teatro amador. Já passou pelas três áreas da representação e, actualmente, podemos vê-lo na série juvenil “I Love It”, na TVI. Em entrevista ao Zapping, revelou que, ainda que tenha sempre projetos em todas as áreas, é na televisão que se sente mais à vontade.
Zapping: Sabemos que começou a sua carreira muito jovem, no teatro. Ser ator era um sonho de criança ou surgiu por acaso, por sugestão de alguém?
Pedro Górgia: Em criança nunca pensei seriamente em ser ator. Esta carreira surgiu a partir dos 18 anos, com a minha entrada no teatro amador. Mais que uma atividade, procurava um grupo de pessoas onde me sentisse incluído. Encontrei isso no Teatro de Carnide e, se não tivesse acontecido a profissionalização, ainda hoje seria actor amador, por gosto.
Z: Teve algumas influências familiares na área da representação ou foi o primeiro na família a lançar-se nesta profissão?
PG: O meu tio, em Angola, teve a oportunidade de integrar a Companhia Laura Alves numa digressão que fizeram pelo país. Fazia pequenos papéis em duas peças, para as quais não tinham trazido atores da metrópole. Contracenou com grandes atores da altura nessa digressão – Ruy de Carvalho, Canto e Castro e a própria Laura Alves -, mas, quando a companhia voltou para Lisboa, ele seguiu a sua vida e nunca mais teve contacto com esta área.
Z: Dentro da representação já fez de tudo um pouco: teatro, televisão, cinema. Qual destas três vertentes o apaixona mais?
PG: Gosto muito de fazer televisão e é, sem dúvida, o meio em que me sinto mais à vontade. No entanto, tenho sempre projetos a arrancar em outras áreas.
Z: Grande parte das suas personagens tem um cariz, de certa, forma cómico. Isso tem a ver com a sua natureza pessoal ou tem sido simplesmente coincidência?
PG: Acho que tenho bons tempos cómicos e, sem dúvida, sinto-me bem nesses registos. Acho que toda a gente já percebeu isso… 🙂
Z: De todas as personagens que já interpretou, quais foram as que mais prazer lhe deram, que mais o marcaram?
PG: Gostei muito de fazer o Gualdino Júnior, da novela “Queridas Feras”.
Z: E qual aquela que achou mais difícil de encarnar? O maior desafio?
PG: O maior desafio foi o de fazer um monólogo em teatro, há dois anos atrás. Estava mais de uma hora sozinho em palco e foi muito difícil e solitário em vários momentos.
Z: Com que o ator/atriz gostava de vir a contracenar e ainda não teve essa oportunidade?
PG: Gostava de trabalhar com o John Mowatt e a Companhia do Chapitô. Fazem um trabalho fantástico!
Z: Se não tivesse sido ator, que profissão teria escolhido?
PG: Se não tivesse sido ator, gostaria de ter trabalhado em publicidade. É um meio muito criativo também.
Z: Sabemos que é pai, possivelmente terá outras crianças na família, tais como sobrinhos, primos, gostaria que seguissem as suas pisadas no campo da representação?
PG: Os meus filhos seguirão o que quiserem, apesar de ter a noção que a profissão dos pais é duma influência muito forte.
Z: Acha que em Portugal existe incentivo e apoio à cultura por parte das entidades competentes?
PG: Quanto aos incentivos à cultura não posso falar com propriedade, mas julgo que faz falta uma lei do mecenato mais eficaz.
Z: Atualmente podemos vê-lo na série “I Love It”, e também participou em “Morangos com Açúcar”, ambas viradas para uma camada de público mais jovem, onde lidou, obviamente com jovens. Considera que a juventude portuguesa dos nossos dias dá valor a questões culturais?
PG: Acho que há jovens e jovens. E há os jovens com interesses culturais e outros com interesses em outras áreas. O mundo é assim mesmo, feito de variedade.
Z: Por falar em “I Love It”, como encara a mudança repentina de horário da série?
PG: Quem mudou o horário da serie sabe de algo que eu não sei.
Z: Esteve também como apresentador, no programa “Casting Nacional”, na TVI Ficção. O que acha que um formato como este pode acrescentar à televisão nacional?
PG: O “Casting Nacional” foi um projeto diferente. Apesar de ser um talent show, um programa de entretenimento, deram-me total liberdade para incluir alguns sketches cómicos escritos por mim. É como fazer ficção dentro de entretenimento e isso tem dado imenso gozo.
Z: Das pessoas que já viu passar pelo “Casting Nacional”, acha que vamos conhecer, brevemente, uma onda de novos bons atores? Há muito talento escondido em Portugal?
PG: A maior parte das pessoas que conseguiram castings válidos no programa são atores com formação ou trabalho na área, mas fora da televisão. Entre esses profissionais há muito talento. Tem sido mais difícil encontrar aquelas pessoas com talento nato, mas acredito que haja muitas por encontrar!
Z: Que conselhos daria a jovens que pretendam fazer carreira na área da representação?
PG: A única coisa que posso dizer a quem quer ser profissional nesta área é que sigam estudos nesta área.
Z: Qual foi a maior excentricidade que cometeu na vida?
PG: A maior excentricidade? Não sou nada excêntrico.
Z: Perguntas Rápidas:
Maior vício… café
Livro/Filme/Música/Série Favoritos… Tom Sawyer / O Grande Azul, de Luc Besson / Moon River / Breaking Bad
Na TV não dispensa… informação
A pessoa que mais admira… sei lá!
Não vive sem… não vivo sem objectivos
Não sai de casa sem… ver como está o dia lá fora.
Um dia corre bem quando… sentimos que passou depressa demais.
Z: Pergunta Final: A sua vida dava uma novela? Porquê?
PG: A minha vida dava uma novela se agarrassem nos momentos certos e juntassem os “condimentos” necessários.
Entrevista de Conceição Palma
Revisão de Margarida Costa