[Raio Z] Pedro Saavedra: «Considero-me um criador de personagens, seja como ator, encenador ou escritor»

Raio Z

Conhecido de muitos pelo seu papel no remake da novela “Vila Faia”, Pedro Saavedra submete-se ao Raio Z para nos falar da preparação que teve para este papel e de como foi interpretar um homem tão polémico.

Ator e encenador fala-nos do teatro e como é estar afastado da televisão. Bem disposto e cheio de projetos, é Pedro Saavedra em entrevista no Raio Z.

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Zapping: Muitos dos nossos leitores conhecem-no pela sua personagem na novela “Vila Faia”, ainda hoje é abordado na rua?
Pedro Saavedra:
 A Vila Faia foi emitida em 2009, acho que alguns dos vossos leitores ainda não eram nascidos nessa altura, mas na minha rua continuam a dizer-me coisas como: aquilo é que era, não é? Agora a sério, acho que foi um projeto extraordinário na ficção nacional, mas não teve grandes audiências. Reparo apenas que senhoras acima dos 50 anos ainda se lembram de mim da televisão.

Z: O Bruno Brisar tinha um vício em prostitutas, como foi a sua preparação para lhe dar vida?
PS:
 Os vícios funcionam todos da mesma maneira, por isso pensei nos meus próprios vícios e substitui a ideia pelo vício das prostitutas. Sejamos sinceros, os atores existem para fazer personagens. O desafio é esse mesmo: fazer e sentir coisas que não conhecemos diretamente. Poderia ter frequentado prostitutas, só para ver como era, mas deu-me mais prazer imaginar como o Bruno Brisar o faria.

Z: Sente que esta é uma realidade escondida na população portuguesa?
PS:
 Não sei as estatísticas, mas na altura foram muitos os amigos e conhecidos que me contaram histórias muito pessoais sobre esse tema. Presumo que como em outros vícios, é mais fácil esconder do que assumir, nisso estive sempre de acordo com o Bruno Brisar.

Z: Depois de “Vila Faia” seguiram-se participações na maior parte das séries da RTP, de todas qual a que lhe deu mais gozo?
PS:
 O telefilme “A Noite do Fim do Mundo”, na comemoração dos 100 anos da república. Por ser ficção histórica, pela equipa, pelos colegas, e pela personagem António Jorge, que apesar de não ter vícios também tinha uma cena de sexo.

Z: Para um ator é difícil estar afastado do ecrã?
PS:
 Não. Faz parte. Os atores são profissionais liberais, que naturalmente atravessam ciclos de mais visibilidade e ciclos de menos visibilidade. A única coisa que é difícil para um ator é não poder fazer personagens, e isso faço muitas e em muitos lados.

Z: Hoje em dia é possível, ainda, alinharmos os atores por: atores de televisão, atores de teatro e atores de cinema?
PS:
 Não. Acho que o leque de atores cresceu muito, em estilos e idades. E isso é bom para a diversidade, complica o acesso ao trabalho, porque somos muitos, mas é sobretudo bom. Acho que o único alinhamento é entre os bons e os maus atores, e mesmo nessa categoria às vezes há boas e más surpresas.

Z: Considera-se um ator de teatro?
PS:
 Considero-me um criador de personagens, seja como ator, encenador ou escritor.

Z: Em que projetos está envolvido neste momento?
PS:
 Estou a escrever uma peça de teatro chamada “A Casa do Lugar de Cima”, que tenho andado a colocar em leituras com atores espetaculares (da televisão, do teatro e do cinema). Estou a preparar o lançamento de um projeto de promoção da cultura portuguesa chamado Gerador, onde trabalho mais como programador e diretor artístico. E para me divertir, escrevo entrevistas para a revista DIF, crónicas para o site pedrosaavedra.com e entro numa websérie chamada “A.Lusitanicus”.

Z: Já sabe quando regressa ao pequeno ecrã?
PS:
 Podem ouvir-me quase todos os dias nos intervalos das novelas, desde detergentes, medicamentos e até telecomunicações. E de vez em quando faço algumas participações especiais.

Z: Que personagem ainda lhe falta interpretar?
PS:
 A próxima (sorriso).

Perguntas Rápidas:
Maior Vício… Postar fotos parvas no Instagram
Livro/Filme/Música/Série Favoritos… Dicionário Khazar de Milorad Pavic, Dogville de Lars Von Trier, Andrew Bird, The Walking Dead e Vikings
Na TV não dispenso… Diretos
A pessoa que mais admiro é… A minha mulher
Não vivo sem… A minha mulher
Não saio de casa sem… Fechar a porta (porque nem sempre a minha mulher pode vir comigo)
Um dia corre bem quando… Acordo quando acordar

Z: Pergunta Final: A sua vida dava uma novela porquê?
PS:
 Porque todas as vidas, por mais banais que sejam, davam uma novela. A novela da minha vida passaria na RTP2 algures depois das 2h da manhã. Agora se me tivesses perguntado se a minha vida dava um livro…

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Entrevista: Ricardo Neto
Revisão: Margarida Costa