Anda meio mundo a espreitar outro meio. Dito assim, neste tu-cá-tu-lá, a frase pode parecer exagerada mas, na verdade, os passos que damos, sobretudo nas grandes cidades, são totalmente controlados pelas câmaras de vigilância que regulam os fluxos de trânsito, pelos sistemas de vídeo proteção instalados nas repartições públicas e nos estabelecimentos comerciais, pelos telemóveis e pelos cartões de crédito que usamos no dia-a-dia.
É a chamada pegada tecnológica, cujo rasto é cada vez mais preciso e indelével. “Sorria! Está a ser filmado” é uma Grande Reportagem SIC, para ver amanhã, no “Jornal da Noite”.
Em Portugal, a Lei da Videovigilância – rebatizada de vídeo protecção – foi recentemente alterada. Os pareceres da Comissão Nacional de Proteção de Dados deixaram de ser vinculativos, tornando mais fácil o licenciamento e a instalação de sistemas de segurança na via pública.
Os pedidos multiplicam-se. No Bairro Alto, em Lisboa, há 27 câmaras prontas para entrar em funcionamento; na Amadora, a autarquia quer instalar 112, em zonas residenciais consideradas problemáticas; os museus e as repartições públicas das Caldas da Rainha têm 90 câmaras a funcionar, mas a autarquia encomendou outras 50, para controlar o centro histórico.
A divulgação de imagens de violência urbana, atos terroristas, crimes contra a integridade física e o património, ampliam receios e adensam o alarme social, potenciando o surgimento de sistemas de vídeo proteção. Em nome da segurança, abdicamos, cada vez mais, da nossa privacidade.
Sorrir parece ser o melhor remédio. Provavelmente estamos a ser filmados. “Sorria! Está a ser filmado” é uma reportagem de Carlos Rico com imagem de José Vaio/José Caldelas e edição de António Soares.