Zapping Entrevista: Inês Folque

Zapping Entrevista: Inês Folque

Inês Folque estreou-se como atriz numa pequena participação em “Inspector Max”, que ainda é repetido aos fins de semana de manhã na antena da TVI.

O grande reconhecimento popular chegou com a sétima temporada de “Morangos Com Açúcar”. Ainda como atriz, deu vida à decidida Mercedes em “Jardins Proibidos”.

Como apresentadora tem feito carreira no universo SIC. Já apresentou os especiais de festivais de verão, como o Rock In Rio Lisboa e é a cara mais antiga da SIC Km onde apresenta o “Factor K”. Recentemente juntou-se também à equipa do “E-Especial”.

O Zapping esteve à conversa com Inês Folque que divide a carreira entre a representação e a apresentação e, como é comum nesta situação, não consegue escolher qual a faceta que mais gosta.

Ines Folque

ZAPPING | Nasceste em Barcelona. A Catalunha tem sido notícia pelos passos que está a dar para ser independente de Espanha. Gostavas daqui a uns tempos, quando voltares à tua cidade, estares numa Catalunha independente de Madrid?

INÊS FOLQUE | Sim, a Catalunha tem sido notícia pelos piores motivos, na minha opinião, sou completamente contra a independência da Catalunha, sinto-me espanhola e é assim que quero continuar a ser. Teria uma enorme tristeza se fosse algum dia à minha querida cidade natal – Barcelona- e esta estivesse independente do resto de Espanha que eu tanto adoro.

Z | Gestão é a raiz da tua formação curricular. De facto tens gerido bem a carreira entre apresentação e representação, de tal forma que nunca conseguiste responder à pergunta: ‘Representação ou apresentação?’. É hoje?

IF | Acho que ainda não é hoje… vou usar um clichê, mas que é muito apropriado a esta situação – Se perguntarem a um pai qual dos filhos gosta mais, ele seria capaz de responder? De qualquer forma acho que acabamos por ter mais facilidade e um dom maior para uma das áreas. No meu caso, talvez me sinta mais à vontade na apresentação, mas também tenho uma grande paixão pela representação.

Z | Quando há 10 anos te estreaste como atriz na série da TVI “Inspector Max” percebeste logo que era por aí o teu caminho?

IF | Quando me estreei no “Inspector Max”, neste caso há 12 anos (txiii, uma vida) já sabia que era por aqui que queria seguir a minha vida… Desde muito pequenina que falo com a minha mãe sobre os meus devaneios artísticos e quando me estreei aos 16 anos, já havia toda uma vida de castings. Não foi a minha melhor experiência em representação… era uma miúda, estava verdíssima, e não recebi muita compreensão nem apoio por parte de um realizador.. Aliás, saí de lá com a clara convicção que não queria voltar a pisar um estúdio! Mas a vida troca-nos as voltas.

Z | Curiosamente, o “Inspector Max” ainda continua em exibição na TVI e repetição após repetição continua a ter boas audiências. A que se deve este fenómeno?

IF | É verdade… ainda tenho muita gente que me comenta esses 2 episódios que eu fiz. Ainda no outro dia uma das pessoas com quem me cruzo todas as manhãs na SIC me disse «Acabei de a ver hoje de manhã no Inspector Max». É um facto que foi uma receita de sucesso que perdura, acho que a principal razão é o facto de ser uma série familiar onde as pessoas se identificam com a vida das suas personagens… já apanhei em zapping algumas vezes os meus episódios e são uns bons tesourinhos.

Inês Folque_Ent

Z | Foi na série “Morangos com Açúcar” que te tornaste uma figura conhecida do grande público, como conseguiste ganhar a personagem Rita?

IF | Não me posso queixar das oportunidades que a vida me tem dado, e sobretudo dos timings para essas oportunidades… Fiz tudo o que queria, passei as várias fases que considerei indispensáveis para o meu crescimento e formação de carácter, tirei o curso na altura certa e mesmo quando acabo este curso, surge a oportunidade de fazer casting para os Morangos.

Acabei por ficar, vieram 3 meses de workshop intensivo, foram escolhidos os atores para a série de verão e escolheram algumas pessoas para transitar para o workshop seguinte, que tinha como objetivo apurar as caras da série de Inverno. Depois desse workshop vieram uma série de castings, muitos nervos à mistura, muito sofrimento, mas o resultado foi positivo.. e esse foi o início de um sonho…

Z | Na 7ª temporada dos “Morangos Com Açúcar”, a TVI decidiu tornar a série mais musical, fazendo lembrar o “High School Musical”. Como foi ter que cantar e dançar?

IF | No meu caso proibiram-me! A minha personagem supostamente fazia tudo mal, por isso não tive grandes momentos de canto e dança… mas de qualquer maneira os poucos momentos que me deixaram cantar, foram espetaculares e souberam lindamente! Adoro cantar, já tive aulas de canto, gosto de dançar, mas admito que tenho dois pés esquerdos, de qualquer forma sem dúvidas que adorava ter tido a possibilidade de frequentar uma escola de artes ao estilo Fame.

Z | Grande parte dos jovens atores desta temporada desapareceram da televisão. Juntamente com Sara Matos ou Lourenço Ortigão, és uma das poucas exceções. A perseverança e a chave de tudo?

IF | Eu acho que o trabalho, o sentido de responsabilidade, um bom acompanhamento familiar, os pés muito assentes na terra – sobretudo na questão de que nada é garantido – são provavelmente os fatores chave para nos mantermos à tona. Os Morangos com Açúcar foram uma primeira grande escola para nós, mas Portugal é um país pequeno, e tantos anos, com tantas séries de Morangos, claro que nunca haveria espaço para todos continuarmos a trabalhar em televisão, eu sempre tive essa noção muito presente na minha vida e sobretudo fiz questão de me mentalizar que tudo o que eu queria para mim em termos profissionais a qualquer minuto podia desaparecer, isso ajuda, mas há um fator gigante chamado sorte e outro chamado circunstância que definem o teu futuro os quais não controlam. De qualquer forma não acho que sejamos assim tão poucos.. acho que há muita gente que vingou, e extraordinários atores que saíram da minha série.. Os meus colegas eram realmente incríveis.

Z | O que recordas do tempo dos ‘Morangos’?

IF | Tanta coisa… Foi uma experiência única… Um ano espetacular em todos os sentidos, cresci imenso profissionalmente e pessoalmente, aprendi imenso e fiz excelentes amizades… Adorei o meu núcleo – Diogo Lopes, Julie Sargeant, cresci muito com o Diogo profissionalmente, e com a Julie, bem nem é preciso dizer… é uma atriz com A gigante. Ainda hoje sou muito amiga da Ana Varela e do Miguel Santiago, e foi um projeto muito especial, com o qual aprendi muito.

Z | Ao contrário de outros jovens, não ficaste com um rótulo de ‘Moranguita’ tão vincado. Achas que a diversidade do que fizeste desde 2010 ajudou a não te verem como a ‘menina disto ou daquilo’?

IF | Sim, esse rótulo não minto, existiu, e eu senti-o na pele quando fiz a série, em eventos, com marcas, com outros colegas, e sobretudo ao fim de 7 séries havia ainda mais essa forma de nos definirem, confesso que nunca gostei do rótulo…

Z | Hoje em dia, a aposta das televisões generalistas no público mais jovem é quase inexistente. Achas que devia haver mais ficção do género “Morangos com Açúcar”?

IF | Acho que séries como os Morangos são sempre uma mais-valia, porque não só trazem enormes talentos ao mercado televisivo como são uma grande escola para quem quer seguir esta profissão. Além disso há claramente um nicho de mercado – o dos jovens – que está a ser ignorado e que é uma aposta ganha, quer a nível de audiências, quer a nível de interesse. No entanto é controverso se esse tipo de séries devem seguir sem qualquer tipo de interrupção, pois a velocidade com que estas lançam caras novas e prometem trabalho a futuros atores não acompanha as necessidades de mercado, e depois daí nascem alguns problemas sociais, ligados a uma certa frustração de expectativas não concretizadas.

Z | Quais foram os programas de televisão que mais te marcaram ao longo da tua infância? Qual a memória mais antiga que tens da TV?

IF | Acho que há muitos programas que marcaram a minha infância, de várias áreas diferentes… Lembro-me com um carinho especial do “Bravo Bravíssimo”, com a Ana Marques. Adorava esse programa, desde cedo que demonstrei grande interesse e fascínio por programas de talentos. E o “Bravo Bravíssimo” era exímio nisso. Adorava o “Ponto de Encontro”! O Henrique Mendes sempre foi uma pessoa que adorei ver em televisão e pela qual sentia uma grande empatia… E ficava fascinada com o que eles conseguiam fazer no programa… Lembro-me de adorar ver a Catarina Furtado no “Caça ao Tesouro” e dizer que era aquilo que queria fazer quando fosse grande e é engraçado ter crescido com tanta distância de tudo o que envolvia o meio da televisão e agora fazer parte dele.

Z | Depois dos “Morangos com Açúcar” foste para a SIC para substituir a Raquel Strada no “Factor K”. Como se deu este salto de atriz para apresentadora?

IF | Este salto surgiu de forma natural. A apresentação era algo que estava na minha cabeça há muito tempo e acabei por ter o factor sorte a jogar do meu lado, Catarina Gil, ex-diretora do canal estava à procura de uma cara nova para o programa âncora da SIC K e achou que eu reunia o que ela procurava. Trabalhámos juntas [NR: Catarina Gil deixou a SIC K há dias] e foi com certeza um feliz acaso pois tornou-se uma das pessoas que mais confio a nível profissional e com quem mais gosto de trabalhar.

Z | Neste momento sentes-te a cara de estação da SIC K?

IF | Acho que isso da cara da estação é muito relativo… Se eu sou a cara o Manzarra é a voz… Ele é que faz a locução do canal. Eu apresento o programa principal, e o único de produção nacional que se manteve na grelha da SIC K desde o seu inicio, é normal que as pessoas me associem à SIC K, mas a Raquel Strada também esteve muito ligada ao canal, e de resto foi ela que deu inicio à grande aventura que é a SIC K!

Z | Em 2012, ganhaste o casting para seres a cara do “Rock in Rio 2012” ao lado do Nuno Casanova. Sentiste o peso de responsabilidade por substituíres Sílvia Alberto, Ana Rita Clara ou Carolina Patrocínio?

IF | Ter ganho esse casting foi das melhores coisas que me aconteceram na vida, é sempre bom pormo-nos à prova, e sobretudo perceber que há pessoas que gostam e confiam no nosso trabalho. Encarei esse trabalho com a mesma responsabilidade que encaro todos, em tudo o que faço tento dar o meu melhor e ser o mais profissional possível, e essa situação não foi exceção… Foi um trabalho espetacular que voltava a repetir uma e outra vez e com uma equipa da qual adorei fazer parte.

Z | Os Festivais, do ponto de vista televisivo, têm feito parte da tua carreira. Gostas de conduzir os festivais de verão da SIC. O direto não te assusta?

Mentiria se dissesse que os diretos não me assustam… Tenho pouca escola de diretos e por isso é talvez a área que me sinto menos confortável na apresentação, mas a experiência que obtive com as transmissões de festivais e um pézinho no “Curto Circuito” como apresentadora convidada já deu para ter uma ideia e aprender algumas coisas. E, sem dúvida, que me dá um gozo enorme! Os festivais são dos trabalhos mais giros enquanto apresentador. São descontraídos, a equipa é jovem e o ambiente é sempre mais relaxado, além do mais como sou mega festivaleira, adoro música e o ambiente de festival. Junta-se o útil ao agradável!

Z | Apesar de seres uma cara SIC desde 2009, tens participado na ficção da TVI. Em Carnaxide nunca houve mal-estar por estares nos dois canais ao mesmo tempo?

IF | São coisas diferentes… Eu não sou exclusiva de nenhum canal, logo tenho liberdade para trabalhar em qualquer um… Na SIC, trabalhava num canal de cabo exclusivo MEO – SIC K e isso não era incompatível com fazer ficção na TVI, ambos canais sempre o entenderam e respeitaram, pois uma situação em nada interferia com a outra.

Z | Participaste em “Jardins Proibidos”, onde voltaste a ser uma espécie de vilã. O que guardas da Mercedes?

IF | A Mercedes foi uma vilã boazinha, guardo coisas boas. A Mercedes era doce e no fundo veio atrás de um grande amor. As ações dela eram justificadas, foi uma personagem querida e que me deu especial gozo por trazer as minhas raízes espanholas ao de cima.

Z | Porque achas que nunca participaste numa telenovela da SIC?

IF | O meu percurso na SIC foi sempre na linha da apresentação e sempre tive espaço de antena nesse sentido, não surgiu essa oportunidade, o que não quer dizer que um dia não venha a surgir!

Z | Este ano, estreaste-te como repórter do “E-Especial”. Como chegou esse convite?

Chegou de forma muito feliz, o E-Especial é um programa que acompanho desde o seu início, que sempre adorei e poder fazer parte da sua equipa foi uma grande honra! Sempre me interessou o mundo dos bastidores, lembro-me de ficar fascinada com a forma como as novelas, os filmes e os programas de entretenimento eram feitos e conhecer o outro lado dos seus intervenientes! Foi um privilégio para mim ter abraçado este projeto este ano.

Z | Mostrar os bastidores da SIC é a missão do magazine, que é um género que te é querido. Como é agora o teu dia-a-dia de trabalho?

IF | O meu dia-a-dia de trabalho é isso mesmo, cuscar a vida de todos os intervenientes nas produções SIC. Ora estamos nos estúdios da SP a acompanhar novela, ora estamos nos bastidores do “Peso Pesado Teen”, ora acompanhamos o dia de uma figura pública, entre outras muitas rubricas e eventos relacionados com as pessoas que trabalham na SIC.

Z | Pretendes continuar a acumular a apresentação do “Factor K” e do “E-Especial” caso haja vontade da estação?

Inês Folque_Ent2

IF | Pretendo, assim como é o que tenho feito. Só abandono a apresentação do “Factor K”, um programa que me é muito especial, quando o canal quiser, pela minha parte será sempre uma prioridade poder acumular funções.

Z | A SIC é vista como uma casa de talentos? Os canais de cabo costumam abrir portas para a generalista? Rita Andrade, João Manzarra ou Raquel Strada são só alguns exemplos. Vês-te a crescer na generalista.

IF | Os canais de cabo são ótimas janelas de oportunidade, não só para quem começa, como para quem está já no mercado! Na minha opinião são muito desvalorizados em Portugal! Nos Estados Unidos os canais de cabo são considerados tão importantes quanto os generalistas, e o investimento se não for ao mesmo nível, anda lá perto! Eu quero é trabalhar e ser cada vez melhor no que faço e provar a quem apostou em mim que foi uma boa aposta, se é na generalista ou no cabo não me interessa, desde que trabalhe e evolua sempre um bocadinho mais.

Z | Em termos de execução de trabalho, há diferenças entre trabalhar para a televisão generalista e para um canal de cabo?

IF | Não, trabalhar para televisão é muito exigente e por vezes a noção de quem está de fora é muito pouco realista. Claro que há o lado bom, o lado divertido e animado, mas televisão exige um trabalho de muita precisão e espírito de equipa. Seja no cabo ou na generalista, o profissionalismo e cuidado deve ser o mesmo! A diferença entre um e outro é que na generalista os budgets para os projetos são sempre muito mais altos!

Z | Qual gostarias que fosse o próximo passo?

IF | Eu sou apologista de que devemos dar um passo de cada vez, ainda mal cheguei a este degrau, vou concentrar-me em evoluir e ser o melhor possível neste desafio e depois o que vier há de chegar de forma natural. De resto tenho tido sorte, pois as coisas têm surgido nos momentos certos!

Z | Estás dividida entre os mundos da apresentação e representação. Quais são as tuas referências nacionais nas duas áreas?

IF | Para mim não faz sentido referir nomes, há muita gente com muito talento quer numa área quer na outra, em Portugal. E sinceramente o meu objetivo é individualizar-me, procurar o meu estilo e ser fiel a mim própria na forma como trabalho.

Z | O que é que a Inês Folque apresentadora perguntaria à Inês Folque atriz?

IF | Isso é uma conversa privada..!

Z | E já agora, que resposta daria a Inês Folque atriz?

IF | Não falo sobre a minha vida privada!