Isabel de Albuquerque – Becas – Patrícia André
É a ovelha negra da família Albuquerque. De personalidade forte e determinada desde criança, escapou à educação rígida que o pai deu à irmã, Natália, tendo sido educada pela mãe, que lhe deu mais liberdade.
Escolheu ir para Artes, tendo estudado na Escola António Arroio, onde conviveu com todo o tipo de pessoas. De bom coração, nada preconceituosa, fez finca-pé e enfrentou Henrique, quando este lhe disse que Arte não punha comida na mesa de ninguém e a acusou de ser mimada.
Mas prosseguiu os estudos, até porque sempre foi a preferida de Henrique, talvez porque tinha coragem de o enfrentar. Mas a frontalidade passou a afronta quando lhe apresentou Manuel como seu namorado e com quem queria viver.
Nessa altura, os preconceitos de Henrique falaram mais alto e foi expulsa de casa, indo viver em união de facto com o homem que ama. Tem uma relação feliz com Manuel e está prestes a ser mãe, um sonho que acalentava há algum tempo. Quando tem o bebé, Manuel incentiva-a a procurar a família para tentar uma reconciliação, pois magoa-a o facto de estarem de relações cortadas. Apesar de tudo, ama os que têm o seu sangue.
Mesmo longe de casa, a viver na periferia de Lisboa e a dar aulas na Faculdade, sempre tentou manter-se próxima da mãe, a quem incita para se libertar do jogo do pai, e de Ricardo, de quem foi sempre muito cúmplice.
Madalena de Albuquerque – Lídia Franco
É uma mulher de porte altivo, elegante, culta e com uma postura distinta. À primeira vista, dir-se-ia que é uma mulher forte e determinada. Mas, na realidade, é uma mulher submissa e apática, com tendência para a depressão, que costuma beber para esquecer o que a atormenta.
Casou com Henrique porque os pais assim o quiseram e não teve coragem de se impor nessa altura. Tal como nunca foi capaz de se impor ao marido, acatando todas as suas ordens, sentindo na pele a sua frieza e saboreando o gosto amargo das infidelidades, que ela sabe de Henrique, mas finge ignorar. Tem uma relação de distanciamento com a filha mais velha, Natália, que não considera a mãe um exemplo para nada.
Com Becas tinha uma relação muito próxima e de cumplicidade, que se esvaiu quando Henrique expulsou a filha de casa e ela não foi capaz de se impor para impedir que isso acontecesse. O mais próximo dela é Ricardo, a quem diz para aproveitar e decidir a sua vida, sem permitir que os outros façam isso por ele. Mas dá estes conselhos ao filho em segredo, como se tivesse medo que as paredes a ouvissem.
É uma mulher solitária, infeliz, sem amizades, que até ao marido tem vergonha. Prefere refugiar-se no álcool, que mistura com antidepressivos. Nessas alturas, cria situações embaraçosas para a família.
Manuel Ventura – Renato Godinho
É um homem simples e apaixonado, que nunca foi muito ambicioso, mas que é capaz de dar a vida pelas pessoas que ama. Nasceu numa família de poucas posses, e viveu grande parte da vida na margem sul do Tejo.
Nunca se deu bem com o pai, que tinha um problema de alcoolismo. Sempre protegeu a mãe e a irmã, Marta, das suas fúrias e quando ele os abandonou, foi Manuel que garantiu à mãe que a ajudaria com as despesas. Abandonou cedo a escola e começou a trabalhar para ajudar a família. Adora a irmã e quando ela decidiu fazer o curso de professora do ensino básico, foi Manuel quem juntou o dinheiro para as propinas, para a residência e para os livros.
É um homem altruísta, sincero, incapaz de usar os outros para seu proveito. Conheceu Becas, numa saída à noite com uns amigos, por quem ficou de imediato apaixonado. Manuel tinha acabado de mudar de emprego e começado a trabalhar no supermercado do «Shopping Place» como segurança.
Quando no dia seguinte viu Becas num dos corredores foi falar com ela. Ela achou piada à desfaçatez de Manuel. O namoro começou devagar, mas depressa cresceu em paixão. Perceberam que eram almas gémeas, apesar de virem de mundos diferentes. Quando Becas foi expulsa de casa para viver com Manuel, ele tentou dissuadi-la.
Para Manuel a família sempre foi muito importante e ele não queria ser a causa da rutura entre Becas e o pai. A chegada de um filho é para Manuel um sonho tornado realidade.
Marco Santos – Rui Luís Brás
É um sonhador e um otimista. Cresceu numa família da periferia de Lisboa. O pai tinha um pequeno negócio, uma papelaria, e Marco sempre achou que seria um comerciante. Partilhavam o hobby do modelismo e eram ambos colecionadores ávidos.
Marco herdou do pai o lado otimista e sonhador e da mãe o lado ternurento e apaixonado. Mas as coisas não correram bem. O pai envolveu-se em alguns negócios que falharam e acabou por perder a sua loja. Nunca recuperou. Marco sempre achou que poderia fazer melhor que o pai. E sempre achou que tinha queda para os negócios inovadores. Estudou pouco e terminou a escolaridade numa escola profissional.
A sua formação permitiu-lhe entrar para um lugar médio no supermercado do «Shopping Place» e conseguir ter um ordenado estável e uma situação confortável. Mas isso não chegava. Marco queria mais. Por isso, começou a juntar-se com alguns amigos do trabalho e começaram a inventar novas maneiras de fazer dinheiro.
Os negócios eram sempre infalíveis, mas terminavam sempre com Marco a ter de assumir todas as despesas e os amigos a pularem fora. Sempre amou a mulher, sempre quis dar-lhe tudo. Mas sabe que só lhe deu desilusões. Marco percebe que Ana já não o ama como quando se conheceram, mas acredita que pode salvar o casamento.