Patrícia Pereira Viana (Susana Arrais)
Viveu sempre só com a mãe. A memória que guardava do pai era a de um senhor que ia lá a casa de vez em quando e ficava muito pouco tempo. Só quando era mais crescida é que Patrícia percebeu o que realmente se passava. A sua mãe era a “outra”. Esse momento marcou-a muito.
Patrícia tomou a firme decisão de se tornar independente o mais depressa possível. Falsificou o BI e foi como aprendiz para um cabeleireiro. Aos 16 já estava a trabalhar e a morar sozinha num quarto alugado. Sempre que alguém lhe pergunta pelo pai, diz que já morreu, apesar de isso não ser verdade.
A história dos pais fez com que ela tivesse sempre uma relação distante com o sexo oposto. Mas sempre foi uma mulher bonita e sensual. Quando começou a trabalhar no salão Mise, o dono Marco Viana começou a cortejá-la e ela acabou por se apaixonar, casar e ter uma filha com ele. Foi morar para o bairro e aceitou a nova vida de bom grado. Nunca lhe passou pela cabeça que o marido pudesse ser traficante de droga.
Há cerca de um ano, a mãe apareceu-lhe à porta sozinha, sem sítio para morar. Contrariada, Patrícia acabou por a acolher lá, mas a relação entre as duas não melhorou.
Sarita, a sua filha, é aquilo que ela tem de mais precioso na vida. A única pessoa que ela ama incondicionalmente e que sabe que nunca a vai desiludir.
Adelaide Pereira (Isabel Medina)
É mãe de Patrícia e mãe adotiva de DT. É uma mulher bonita, sem grandes estudos e com tendência para se envolver com os homens errados. Inconscientemente é um pouco machista.
Quando era jovem, foi contratada para servir em casa de Afonso Eloy Bettencourt, deputado, casado e pai de dois filhos. Adelaide sentia-se atraída pelo patrão. Envolveu-se com ele e acabou por engravidar. Ele não a obrigou a abortar, deu-lhe algum dinheiro e disse para ela se ir embora.
Durante vários anos, os dois mantiveram uma relação clandestina. Adelaide alimentou o sonho de que Afonso iria ficar com ela. Mas isso nunca aconteceu e Adelaide teve de criar a filha sozinha. Quando já não tinha qualquer esperança de ter mais filhos, Adelaide encontrou DT. Ele era órfão de mãe, filho de um pai alcoólico e andava a fugir da Segurança Social. O amor que projetara na relação proibida com o deputado foi transferido para aquela criança problemática. Adelaide deu-lhe um lar e cuidou dele como se fosse seu filho. Atualmente DT está fora do país para evitar problemas com a polícia. Mas vai voltar.
Adelaide gosta de ajudar os outros, mas nem sempre se consegue ajudar a ela própria. A relação com Patrícia não é harmoniosa. Patrícia conhece o segredo do passado da mãe e nunca lhe perdoou as suas escolhas. De certa forma, Adelaide sente que a desiludiu. Adora a neta Sarita e quer ter um papel ativo na sua vida, mas Patrícia não permite. Adelaide sofre com isso, mas vai à luta.
Sara Pereira Viana (Sarita) (Daniela Marques)
É uma miúda inteligente e muito expansiva. Às vezes torna-se inconveniente com as perguntas que faz. As circunstâncias da detenção do pai e o confronto com os polícias armados vão abalá-la. Mas Sarita é uma miúda forte. Apesar de ser filha única não é nada mimada. Gosta muito da mãe e as duas são muito próximas e cúmplices. Acima de tudo, são amigas. Patrícia tenta proteger Sarita dos perigos inerentes a viver ali no bairro e Sarita aprende depressa e obedece à mãe.
Não gosta do tio Diogo, que tem estado fora a maior parte da sua vida. Com a avó a relação é mais conflituosa. Nem sempre estão de acordo em relação às roupas, aos estudos, às opções de alimentação. Mas Sarita é uma rapariga com muita força de vontade e costuma levar a sua avante. Terá uma fase de pesadelos logo após a detenção do pai e manterá sempre a esperança de que ele regresse e a família possa estar unida outra vez. Por isso, não vai gostar nada de ver a proximidade entre a mãe e João e será um dos principais obstáculos a essa relação.
Marco Viana (Miguel Damião)
Sempre viveu no Bairro do Calhau. O pai foi um dos líderes da associação de moradores e Viana sempre o viu mandar e desmandar nos destinos do bairro. Tal como César, cresceu num lar onde a violência doméstica era comum e diária, mas Viana sempre tomou mais o partido do pai do que o partido da mãe. Sempre teve uma postura machista em relação às mulheres.
Isso só mudou quando conheceu Patrícia. Ela era linda, sensual e diferente de todas as mulheres do bairro. Ele cortejou-a, tratou-a bem e não descansou enquanto ela não cedeu aos seus avanços. Patrícia mudou-o muito. Tornou-o mais delicado, mais educado e mais seguro de si. Mas Marco sempre foi dado a violência.
Ganhou a liderança do tráfico no Calhau graças à eliminação sistemática da concorrência. Criou muito inimigos e deu muito nas vistas. Com os seus homens sempre foi muito severo e pouco compreensivo. Se não fosse ter César como braço direito já teria enfrentado muitas revoltas dentro do gangue graça à sua intolerância com os erros dos mais novos do grupo.
É procurado pela polícia há meses, mas graças a César e à sua capacidade de o proteger e ludibriar os agentes da ordem, tem escapado. Até que César decide tomar o seu lugar e os dias de Marco estão contados.