Personagens

ANTÓNIO SOUSA – Manuel Cavaco

ANTÓNIO SOUSA (62 ANOS) personifica a dignidade, os princípios e os valores morais. Sapateiro desde os 13 anos, alugou uma oficina de arranjo de calçado no bairro da Cruz das Almas. Há quase cinquenta anos que faz o mesmo. É mestre. Infelizmente, o mundo atropelou António e já ninguém frequenta sapateiros e António verá a sua sobrevivência posta em causa.

António é um verdadeiro homem do povo, simples, honesto. Gosta de se sentir útil, detesta pensar que é um velho sem qualquer interesse para a sociedade, um peso morto, um cadáver ambulante. Vem de uma família muito humilde, onde o trabalho e o esforço sempre foram valorizados, assim como os princípios morais. Acredita na sua força e na força do seu trabalho. Enviuvou muito cedo e criou sozinho o filho, Manuel, o seu orgulho.

Tomará também conta de Rosa, ao aperceber-se que é uma rapariga sozinha e desamparada. Sente que ela é a filha que nunca teve e, num instinto de protecção, vai opor-se ao romance dela e do filho.

Mas o verdadeiro dilema vai ser quando descobrir o método que Manel usa para ter dinheiro e ajudar quem precisa. Haverá caminhos errados para fazer o que é certo?

 

MANUEL SOUSA – Tiago Aldeia

MANUEL SOUSA (21 ANOS) trabalha nos correios e é filho de António. Tem por ele uma paixão, devoção e orgulho sem limites. Órfão de mãe, teve ainda assim uma infância feliz.

Manuel pertence a uma franja da juventude que quer mudar o mundo. Por isso, a situação atual de António desespera-o, revolta-o. Sente que o mundo o traiu. Não compreende como é que António pode agora ter apenas direito a uma miséria que não lhe permite viver. A queda do pai transforma-o profundamente. Fica mais cinzento e derrotado, acaba o rapaz delicado e sensível que ele era.

Toma então uma decisão. Se o mundo está errado, então está na hora de o acertar. Começa a assaltar lojas, grandes cadeias de jóias, bancos, instituições anónimas. Não rouba pessoas, apenas estabelecimentos, achando que está a fazer justiça com as próprias mãos. Torna-se numa espécie de Robin dos Bosques, adopta a alcunha de «Pai Natal» e será o herói do Bairro das Almas, mas um dia terá de pagar por isso.

A pureza de Rosa vem ajudá-lo a voltar a ver o mundo de um prisma mais bonito e o Manuel de antes irá, aos poucos, regressar.

ALICE – Filipa Louceiro

ALICE (16 ANOS) viveu sempre num orfanato, mas odeia. Acaba por fugir para Lisboa, trazendo apenas na memória o nome de quem a abandonou. Começa a viver na rua. Safa-se bem, é uma sobrevivente. Rebelde, autodestrutiva e viciada em substância ilícitas vai fazendo pequenos trabalhos, até que é obrigada a recorrer à prostituição.

Nunca teve um colo. Nunca teve amor. Nunca teve ninguém que se preocupasse com ela. É por isso vazia, oca, desprovida de qualquer emoção humana que a ligue aos outros. Apresenta-se a várias pessoas com diferentes nomes. Ninguém sabe qual é o seu verdadeiro. A única coisa que traz consigo é a sua mochila velha, usada, mas é também dentro dela que vive o seu maior tesouro.

Acaba por se cruzar com Gonçalo que, aos poucos, despertará nela sensações novas. O seu egoísmo ganha alguma generosidade. O seu individualismo ganha alguma altruísmo.

A triste sina e a falta de amor obrigaram Alice a crescer à força. Mas o destino também bate à porta para surpreender, premiar e, sobretudo, fazer a vida valer a pena.

 

ROSA SANTOS – Inês Costa

ROSA SANTOS (16 ANOS) é a prova de que crescer à força pode correr muito bem ou muito mal. No caso de Rosa, a primeira opção é a correta. Esta jovem de 16 anos muda-se para o bairro, para uma pequena casa que aluga… sozinha. Os pais decidem emigrar, para ganharem o dinheiro que não ganham cá, e Rosa fica. Vive do que recebe mensalmente dos pais, mas sempre no pavor de ser encontrada pela Segurança Social e impedida de continuar com o esquema de vida que tem.

Rosa é uma miúda especial, de uma pureza rara. Muito inteligente, boa aluna, simpática, doce, querida, responsável, certinha, honesta, madura. Leva luz às vidas por onde passa.

Quando se muda para o Bairro ganha mais um pai. António acolhe-a e cuida dela. Ganha também um amor. O primeiro amor. Rosa e Manel apaixonam-se e vivem um conto de fadas. O problema é que Manel tem o mesmo receio que ela, ainda que por motivos diferentes: serem apanhados pela polícia.

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