Episódio 1 (19 a 25 de setembro)
Acidente de viação leva a que as gémeas Benedita e Carolina se conheçam, Teresa reencontre Olavo e reconheça Vanda.
Estamos em 1992. Vanda, (25 anos), entra no hospital e prossegue no corredor, sem que a equipa de jornalistas da SIC que inicia a emissão do canal repare nela. Em flashback, vemos Teresa, (18 anos), acometida de mais uma contração. Alberto, (30 anos) tenta perceber o que se passa. Vanda regressa da sala contígua. Com esforço, Alberto vira a criança ainda dentro do útero, causando dores a Teresa. Vanda entrega-lhe os fórceps. Teresa tem mais uma contração e Alberto puxa a criança, que nasce a chorar a plenos pulmões. Alberto entrega a bebé Benedita a Vanda, que a leva para a sala contígua. Vemo-la, através da porta entreaberta, a aconchegar a bebé numa manta e a dar-lhe uma chucha cor-de-rosa com um desenho distintivo, antes de a deitar num berço hospitalar. Teresa, olha em redor, atarantada, tentando descortinar onde está. Teresa tem mais uma contração. Alberto abismado, diz que ela ainda está em trabalho de parto.
Olavo (26 anos) encontra-se com um homem misterioso. Olavo pergunta se ele tem alguma pista, mas o homem diz que não. Olavo, desesperado, diz que uma pessoa não se evapora assim.
Alberto ajuda Teresa a dar à luz a bebé Carolina, que chora a plenos pulmões. Alberto nega saber que existia mais uma bebé e levanta-se com a criança, mas nesse momento Teresa soergue-se e num ato de súbita lucidez, Teresa tira-lhe a bebé e abraça-a contra o peito. Teresa pergunta pela outra filha e Vanda responde que está morta. Teresa fica em choque.
Vanda tenta arrancar a bebé Carolina do regaço de Teresa, mas esta empurra-a e sai, levando a bebé consigo consigo. Vanda deixa-se cair ao chão, atordoada por ter batido com a testa.
Teresa surge no corredor, com as roupas sujas do parto e com a bebé nos braços, causando estranheza nas pessoas que a veem. Vanda vem atrás delas. As duas encaram-se por instantes, com Teresa a recuar e a acabar por fugir quando uma enfermeira pergunta a Vanda se a paciente é dela. Vanda fica-se, não pode ir atrás de Teresa perante tantas testemunhas.
Sentada numa espreguiçadeira, Vanda dá um gole grande num gin, encostando depois o copo fresco à testa. Olavo vem da garagem, a limpar as mãos sujas de óleo mecânico a um bocado de desperdício. Vanda diz que teve uma urgência no hospital. Vanda vai deitar-se, dá-lhe um beijo como quem ignora o desagrado dele em ter ficado à sua espera para jantar.
Tadeu (42 anos) entra em casa e estaca ao ver Teresa, de costas, a soluçar. Teresa vira-se e Tadeu vê que ela tem a bebé Carolina nos braços. Noémia (41 anos) vem de dentro e põe a
mão sobre os ombros da filha, protetora, diz que á bebé é a neta deles. Tadeu está em choque. Teresa pede ajuda ao pai, diz que tem de ir embora antes que lhe tirem a bebé.
Vanda e Olavo observam os vários berços alinhados. Alguns bebés choram, outros dormem, pacíficos. Vanda aponta a bebé Benedita num dos berços. Vanda diz que a batizou de Benedita depois de a mãe a ter abandonado. Vanda diz a Olavo que está cansada dos tratamentos para engravidar e pode pedir aos serviços sociais para ficarem com ela como filha. Olavo olha-a perplexo.
Noémia e Tadeu despedem-se de Teresa, que tem uma mala de viagem ao pé e a Carolina ao colo, embrulhada numa manta. Noémia chora, desconsolada. Teresa agradece aos pais, desfaz o abraço, chorosa. Olha uma última vez para eles, aconchega a filha nos braços, pega na mala e afasta-se para a entrada.
Vemos o tempo passar e Teresa a trabalhar num restaurante e numa mesa Carolina, sentada e agora com 6 anos, faz os trabalhos de casa. Passamos para Teresa, já com 31 anos, ainda a trabalhar no restaurante e Carolina com 14 anos até vermos que Carolina é agora enfermeira num hospital em Londres.
Noémia está numa consulta médica. Teve apenas um pico de tensão e o médico receita-lhe medicação. Noémia pede que não diga ao marido que ela está bem. Tadeu entra nesse momento e Noémia finge que está mal. O médico fica estupefacto. Noémia e Tadeu saem. Nas costas do marido, Noémia pisca o olho ao Dr. César, que está boquiaberto.
No jardim, em Londres, Carolina observa Anna que brinca. Teresa aproxima-se de Carolina, com o telemóvel na mão. Conta que o Tadeu acabou de ligar e Noémia teve uma AVC. Quer partir já para Portugal. Carolina fica perdida, tem de pedir dias no hospital e organizar a diálise de Anna.
As três acabam de aterrar em Portugal. Nas chegadas do aeroporto, percebem que a mala de Carolina não veio no voo e diz à mãe para levar a filha que ela vai mais tarde depois de tratar da mala. Passam por Vanda e Vasyl. Ele diz que foi difícil sair da Ucrânia desta vez, agradece a Vanda que se irrita por ele lhe chamar madrinha. Olavo acaba de chegar a Portugal abraça Vasyl e chama-lhe filho, mas Vanda sublinha que ele não é filho dele. Olavo dá-lhe um beijo nos lábios e ela suaviza. Vasyl quer saber como estava a Ucrânia. Olavo diz que conta tudo em casa.
Na Caparica, Tiago, deitado ao lado de Benedita que dorme, dá-lhe um beijo no ombro e levanta-se. Passa apelo bar, vai ver o mar, pensativo e faz algumas manobras no seu jetski.
Carolina sai do uber frente ao bar, na Caparica. Passa por umas raparigas que jogam vólei na praia e a bola vai de encontro a ela e ela devolve-a com um serviço perfeito, surpreendendo as outras jogadoras que a convidam para jogar. Carolina descalça-se e corre para o jogo, sorridente. Tiago vem da zona do mar. O olhar dele foca-se em Carolina, de costas, apreciando-lhe a figura e as jogadas, até que Carolina vê dois miúdos a arrastarem a sua bagagem e esmurra a bola de qualquer maneira, acertando com força no rosto de Tiago. Carolina corre na direção dos miúdos, perseguindo-os, sem se aperceber que atingiu Tiago.
Carolina chega ao largo das tendas do parque de campismo e vê Anna e Teresa sentadas em duas cadeiras. Remédios quer saber quem elas são, mas Carolina ignora-a. Tadeu abraça a filha com força e Noémia finge dificuldade. É um abraço emocionado. Carolina diz a Anna para cumprimentar o bisavô, mas Anna foge por entre as tendas. Noémia quer mostrar a Teresa o
ganha-pão deles, encaminhando-se para o minimercado do parque. Diz que ela vai ficar à frente do minimercado. Sílvia aproxima-se a tempo de ouvir a conversa. Traz ao peito um crachá com o seu nome e posto: Sílvia Apolinário, Gerente. Diz que foi ela que disse para Teresa tomar conta do negócio já que Noémia está doente. Remédios faz um sorriso amarelo. Teresa e Carolina entreolham-se, ainda a digerir a notícia.
No bar, Almeno serve uma tosta mista a Nelson, quando Tiago entra com os sapatos de Carolina na mão. Tiago diz que são de uma miúda que os deixou na praia, a mesma que lhe deu uma bolada na cara. Tiago vai para o estúdio. Almeno e Nelson seguem-no. Almeno diz que também sofre como Tiago, por ter perdido a mulher e a filha. Tiago olha na direção de uma moldura, com uma fotografia dele com 13 anos junto da mãe grávida de fim de tempo.
Teresa está a arrumar as roupas da neta numa das gavetas da cómoda, olha em volta, nostálgica. Abre mais uma gaveta, de onde tira uma caixinha. Abre-a, revelando um anel com um solitário. Noémia diz que ela devia deitar fora o anel que o traste lhe deu. Teresa recorda que ele lhe ofereceu quando disse que largava tudo por ela.
Anna está amuada a um canto, a trocar mensagens no telemóvel. Tadeu analisa um saco da farmácia e uma caixa com divisórias para os comprimidos e pede ajuda a Noémia para fazer a divisão, mas ela diz que tem visão dupla. Carolina chama a atenção de Anna e fica com o telemóvel dela, vai sair para marcar a diálise de Anna.
Na pista de motocross, várias motos correm na pista, com duas a liderar a corrida, ultrapassando-se à vez. Ao fim de algumas manobras, as motos cruzam a meta. O piloto da primeira moto tira o capacete. É Olavo. O segundo piloto é Vasyl, sorridente. Olavo diz que este desporto o faz sentir vivo. Diz que Vanda nunca gostou que ele corresse ao contrário de outra pessoa. Vasyl pergunta se é outra mulher, mas Olavo corta a conversa e diz que têm de ir porque Vanda preparou um almoço de boas-vindas com Benedita.
Carolina e Teresa esperam pelo autocarro, sentadas no banco da paragem. Teresa quer saber se Carolina e Anna ficam com ela em Portugal se ela ficar à frente do supermercado. Dão prioridade a Elsa, grávida de oito meses. Teresa diz que Anna pode passar para a lista de espera para transplante de um rim em Portugal.
Maria sai do carro para fazer compras. Patrícia começa a introduzir uma morada no GPS, enquanto faz sinal para reentrar na estrada, sem reparar que um autocarro se aproxima a alguma velocidade. O motorista vê o carro de Patrícia entrar subitamente na estrada e lança o pé ao travão (destacar). Os passageiros são atirados para a frente, tentando segurar-se como podem. Elsa assusta-se e segura-se bem. Teresa segura a filha. Ainda a programar o GPS, Patrícia não se apercebe do que está prestes a acontecer e acelera, entrando mais na estrada. Vemos o carro com Olavo e Vasyl passar ao lado dela e imobilizar-se mais à frente na faixa de rodagem, devido ao trânsito. O motorista vê o carro de Patrícia avançar mais e bloquear-lhe o caminho. Grita aos passageiros para se segurarem, guina o volante, e o autocarro vira subitamente para um só lado. Elsa grita, protegendo o ventre com uma das mãos. Carolina, Teresa e outros passageiros são atirados para o chão. Patrícia vê o autocarro tentar desviar-se dela e encolhe-se. O autocarro ainda bate no farol do carro de Patrícia e continua a guinar. Nelson – que segue atrás num carro descaracterizado da PJ – trava abruptamente ao ver o autocarro ziguezaguear para se desviar dos obstáculos. O autocarro bate no carro de Olavo, que faz uma pirueta, e imobiliza-se abruptamente em cima do passeio, com transeuntes a fugirem em pânico. Patrícia abre lentamente os olhos, sem perceber bem o que aconteceu à sua volta. Sobressalta-se ao ver o autocarro despistado e a confusão dos carros que travaram
de qualquer maneira para evitar novo choque. Vê vários transeuntes correrem na direção do autocarro acidentado em cima do passeio. Em pânico, Patrícia pega na mala e no telemóvel com mãos trémulas e abre a porta para sair, fugindo irrefletidamente do local do acidente. Os passageiros gemem, feridos; alguns pedem por ajuda. Carolina levanta-se e equilibra-se como pode. Vê Teresa a encaminhar alguns feridos para a porta. Nelson entra no autocarro, já com o distintivo da Judiciária pendurado ao pescoço. Carolina entrega uma idosa e o motorista como prioritários a Nelson, que fica pasmo ao vê-la. Nelson obedece, ainda chocado com a presença dela. Teresa e Carolina ajudam mais dois ou três feridos a saírem. Carolina olha em redor e não vê mais ninguém. Pega na sua mala e sai com a mãe, ainda atarantada.
Carolina sai do autocarro e tem de se apoiar para não tropeçar. A confusão em torno do acidente é grande, com os transeuntes a tentarem ajudar os passageiros feridos, sentados no asfalto. Teresa repara em Vasyl, que tenta abrir a porta do carro e retirar Olavo, que está inconsciente. Pega num ferro que está ali caído e vai ter com eles. Vasyl pega no ferro e começa a forçar a fechadura, enquanto Teresa observa atentamente Olavo à procura de feridas. Detém-se por instantes no rosto, ele parece-lhe familiar. Olavo começa a gemer. Teresa “acorda”, despeja água para a mão e põe-na na testa de Olavo, ainda inconsciente. Carolina atarefa-se com os feridos. Nelson vai ter com Carolina e vai para chamar-lhe Benedita, mas é interrompido pelo som de sirenes das ambulâncias e da polícia. Corre para eles, mostrando o distintivo. Pedro sai de uma ambulância INEM com o saco de paramédico. Carolina já identificou os feridos prioritários. Pedro faz sinal aos bombeiros, que recolhem os feridos. Entretanto, Vasyl consegue abrir a porta do carro e libertar Olavo, que cai nos braços de Teresa. A mão inerte de Olavo cai sobre o fio com um crucifixo que Teresa traz ao pescoço, arrancando-o.
No bar, Gerson atende às mesas. Almeno põe dois pratos de peixe grelhado sobre o balcão, que Tiago recolhe e leva para uma das mesas ocupadas. A televisão, que está ligada na SIC Notícias, passa imagens aleatórias do acidente de autocarro. Tiago sorri para os clientes e retorna ao balcão, enquanto espreita a notícia do acidente. Ao fazê-lo, gela e sai a correr.
Tiago, muito nervoso, no meio do trânsito para Almada, apita. Vê o condutor do carro ao lado fazer-lhe sinal para parar com aquilo. Tiago agarra no telemóvel, tira a chave do jipe e sai. Afasta-se a correr, por entre os carros, marcando um número no telemóvel. Ninguém atende. Tiago vê um adolescente de skate e vai ter com ele, pede o skate emprestado, diz que é uma emergência. Tiago põe o skate no chão e começa a rolar de imediato, ziguezagueando pelo meio dos carros e executando manobras impensáveis para se desviar dos obstáculos.
Pedro sai do autocarro com Elsa ao colo. Carolina vem com ele a segurar o saco do soro a que ela está ligada. Elsa chora enquanto é levada para uma ambulância. Entretanto, a maca com Olavo é posta dentro de outra ambulância. Vasyl sobe para ir com ele. Teresa acompanha o processo, preocupada. Num impulso inexplicável, Teresa acaba por subir também para a ambulância. Senta-se, pondo o telemóvel no ouvido (para falar com a filha). As portas são fechadas e arrancam, com as sirenes ligadas.
Tiago chega de skate, fazendo uma travagem espalhafatosa. Nelson pede-lhe para ter calma. Tiago procura nas ambulâncias, até que tem um vislumbre de Carolina, sentada na parte detrás de ambulância com Elsa, a recusar a manta térmica. Tiago começa a correr para lá, mas as portas da ambulância são fechadas e esta arranca antes que Tiago consiga alcançá-la. No grito de Tiago, frustrado, entretanto Benedita vê que tem várias chamadas de Tiago.
No hospital a confusão e azafama é grande. Carolina procura a mãe junto de um médico que tenta responder. Carlina afasta-se e continua a procurar Teresa. Vanda chega e o médico tem uma reação de alívio. Diz que a filha dela acabou de procurar por ela. surpreende-se, sem perceber o que está a acontecer. Vanda surpreende-se, sem perceber o que está a acontecer.
Carolina avança no corredor do hospital, enquanto tira o seu telemóvel do bolso, sem perceber que está a ser seguida por Vanda. Quando Carolina passa por uma porta, o rosto dela reflete-se no vidro/janela. Vanda vê este reflexo breve e estuga mais o passo para alcançar Carolina. Estica a mão para a segurar pelo braço, quando é puxada para trás por Alberto que lhe diz que Olavo está nas urgências. Em pânico e sem pensar em mais nada, Vanda apressa-se para as urgências.
Carolina estranha que uma enfermeira a chame de doutora. Tiago entra nesse instante, olhando em redor. Vê Carolina ao balcão, respira fundo, aliviado, e dirige-se para ela. Tiago põe a mão no ombro de Carolina e vira-a para si. Carolina surpreende-se, mas não tem tempo de reagir. Tiago enlaça-a e beija-a na boca num misto de alívio e paixão. Tiago solta os lábios de Carolina e fica a olhar para ela. Carolina recua, chocada, enquanto ele se mostra admirado com alguns aspetos diferentes como a roupa e o cabelo. Carolina pega num spray desinfetante que está em cima de um carrinho e esguicha-lho para o rosto, furiosa. Sai dali, deixando Tiago a esfregar os olhos.
Vasyl e Teresa estão junto a Olavo, que continua inconsciente, tem um colar cervical e está a soro. Teresa continua a fixar o rosto de Olavo com estranheza. Vanda entra, apressada e culpa Vasyl do que possa ter acontecido. Teresa diz que a culpa não é dele e que houve um acidente. Vanda vira-se para a encarar com curiosidade. Vanda estende a mão a Teresa. Esta olha-a, gelada, ao reconhecer o nome. Teresa começa a recuar, mortificada. Vasyl estranha. Teresa sai, desabrida, deixando Vanda e Vasyl estupefatos. Olavo acorda.
Carolina entra no corredor quase a correr. Tem o telemóvel na orelha e vai olhando para trás, esperando ver o seu perseguidor atrás de si. Tiago surge pouco tempo depois, a esfregar os olhos, aflito, não percebe porque ela fez aquilo. Carolina tenta ligar à mãe, vê o elevador a fechar portas e corre para lá. Tiago, de olhos vermelhos, começa a correr para a apanhar, mas as portas do elevador fecham-se e ele fica do lado de fora.
Carolina sai do elevador e entra no primeiro gabinete, fecha rapidamente a porta, ficando de costas para o gabinete. Vai falando para a porta que espera que Tiago não entre ali, enquanto recua. Sobressalta-se e vira-se, dando inesperadamente de caras com Benedita, uma versão igual, mas sofisticada de si própria, a vestir a bata de médica com o crachá de identificação pregado ao bolso. As duas olham-se, boquiabertas.